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Resenha — Galaxy J7 Pro: um "Mais do Mesmo" bem decente

O Galaxy J7 Pro é mais um dispositivo intermediário da Samsung, que oferece uma performance satisfatória para sua categoria; descubra o que achamos dele em nossa resenha.

6 anos atrás

A Samsung pode chamar a atenção com seus smartphones de ponta, mas ela faz dinheiro mesmo é com a grande quantidade de dispositivos intermediários e de entrada que coloca no mercado, que vendem bastante em mercados emergentes como o Brasil. Ainda que eles sejam muito parecidos esteticamente e possuam características muito próximas, essa é uma estratégia bem antiga da companhia que até hoje funciona muito bem.

O Galaxy J7 Pro, lançado em 2017 é um bom exemplo: ele conta com um hardware muito similar ao de outro modelo da própria Samsung, mas com características superiores o suficiente para ser uma boa opção para quem deseja boa performance por um preço acessível.

Estas são as minhas impressões após passar um bom tempo com o dispositivo.

Especificações e Design

Comecemos pela listinha fria:

  • SoC Samsung Exynos 7870, octa-core Cortex-A53 com clock de 1,6 GHz e GPU Mali-T830 MP1;
  • 3 GB de memória RAM;
  • 64 GB de armazenamento interno, expansível via microSD de até 256 GB em slot dedicado;
  • display Super AMOLED de 5,5 polegadas com resolução Full HD (401 ppi);
  • câmera principal de 13 megapixels abertura ƒ/1,7, autofoco, Flash LED, HDR e capacidade de filmar em 1080p a 30 fps;
  • câmera selfie com 13 MP, abertura ƒ/1,9, Flash LED e que filma em 1080p;
  • leitor de impressões digitais no botão Home físico;
  • Dual-SIM, Bluetooth 4.1, AD2P, BLE, NFC, A-GPS, GLONASS, BDS;
  • bateria de 3.600 mAh;
  • conector micro USB;
  • Android 7.0 Nougat com upgrade prometido para o 8.0 Oreo;
  • dimensões: 152,5 × 74,8 × 8 mm;
  • peso: 181 g.

A Samsung não pretende por enquanto oferecer a seus aparelhos mais modestos algumas das características das linhas S e Note, como a tela infinita e os botões virtuais. Com exceção da recém-lançada linha Galaxy A8 (2018), com modelos quase premium os demais continuarão por mais um tempo trazendo botões físicos, o que não chega a ser um problema mas faz os gadgets mais em conta destoarem dos mais caros.

O que nos leva à característica mais marcante (hehe) desses smartphones, a cara de "Mais do Mesmo" deles.

A Samsung não se preocupa muito em conferir identidade própria aos modelos da linha Galaxy J, em que todos têm a mesma aparência e form factor; a forma com que a fabricante os distingue, visto que até seus nomes são parecidos e os componentes de um podem ser encontrados em outro é no preço, assim o consumidor decide por levar aquele que cabe melhor em seu bolso. Nos dois sentidos.

Por outro lado, a decisão de utilizar um corpo metálico desta vez chama bastante a atenção. O conjunto em si possui construção forte e sólida e atrai bastante os olhos do usuário, porém a pegada não é tão firme quanto deveria ser: mesmo com o acabamento fosco o Galaxy J7 Pro tende a escorregar, ainda que não seja nenhum sabonete quanto o Galaxy S8; ainda assim é bom ter cuidado.

Na parte dos pontos positivos é importante destacar a decisão da Samsung em oferecer Dual-SIM com uma bandeja dedicada para o cartão microSD, que com suporte para até 256 GB é um bom adicional para os 64 GB de armazenamento interno; em outros tempos costumávamos dizer que tal oferta era bastante generosa, mas com os apps ficando cada vez maiores e a otimização do Android nem sempre ser levada a sério (neste caso, o sistema compromete 10,8 GB assim que você o tira da caixa), é bom não ter que escolher entre utilizar dois chips SIM ou só um e o cartão de memória.

Assim, fica a seu gosto escolher como utilizar o aparelho.

Como nos outros modelos intermediários, o leitor de impressões digitais se encontra na parte frontal do Galaxy J7 Pro, acondicionado na tecla Home; os demais botões físicos, Voltar e Menu seguem a configuração clássica invertida em relação a todos os demais dispositivos Android, que a Samsung defende como uma característica própria de design mas para mim que sou canhoto, sempre foi algo bastante irritante.

Os modelos premium, por terem botões virtuais ainda permitem a mudança na orientação mas aqui, não há tal luxo. Da mesma forma os botões de volume ficam do lado esquerdo e o Power permanece solitário do lado direito, logo abaixo da saída de som que pode ser facilmente bloqueada com os dedos se você não prestar atenção.

Por fim temos a porta P2 para fone de ouvido e o conector micro USB, já que a Samsung reserva a conexão USB-C apenas para seus gadgets mais caros.

Tela

Aqui a Samsung caprichou. O Galaxy J7 Pro conta com um display Super AMOLED de 5,5 polegadas e resolução Full HD (401 ppi), com uma boa definição e um nível de brilho bem alto, além de uma saturação nas cores que as deixam bem vivas. O sensor de luminosidade é competente e você não terá problemas em ajustar o nível dependendo de onde você estiver.

A tela tem um bom ângulo de visão e os ajustes permitem que você veja o que ela exibe mesmo sob Sol forte, o que é algo muito bom. No fim das contas, é um componente bem atraente para um modelo de smartphone mais modesto.

O display do aparelho conta com o recurso Always On, que exibe o relógio, informações da bateria e notificações na tela de bloqueio consumindo o mínimo possível de energia ligando apenas os pixels necessários; dependendo das configurações é possível conferir o conteúdo das mensagens ou não, vai das preferências por privacidade do usuário.

No fim é bom ver recursos úteis dos modelos de ponta migrar para os mais modestos da Samsung; tanto o sensor de luminosidade quanto o Always On Display não eram destinados à linha Galaxy J, e ver a fabricante entender que funcionalidades para melhorar a autonomia são boas para todos é algo muito bom.

Performance e Autonomia

Por ter sido lançado em junho de 2017 no exterior o Galaxy J7 Pro vem com o Android 7.0 Nougat, e embora prometido ainda não há sinal da atualização para o 8.0 Oreo no horizonte. Ainda assim, o software do aparelho é bem enxuto e a interface, já bem conhecida é agradável. O hardware, com o octa-core Exynos 7870 e 3 GB é bem competente e os engasgos foram raros, embora ele tenha encerrado o VLC do nada uma vez.

No geral, aplicativos mais simples como redes sociais e navegadores ele tira de letra, mas dá inclusive para rodar alguns games mais bem elaborados: ele se saiu muito bem com Horizon Chase e Dissidia Final Fantasy: Opera Omnia, mas em Real Racing 3 o gadget pediu água e os frames caíram um pouco em alguns momentos.

A interface em si é bastante enxuta, sem firulas mas o software da Samsung oferece algumas coisas interessantes: o Dual Messenger permite que você utilize duas contas do WhatsApp no dispositivo, uma para cada chip SIM e o Pasta Segura oferece proteção extra para aplicativos e arquivos, que ficam ocultos.

Você pode também utilizar dois apps em tela dividida ao mesmo tempo, basta acionar o recurso de mostrar todos os apps e selecionar quais você deseja utilizar, clicando um um ícone na janela na parte superior direita.

 

Como na imagem acima, é possível utilizar o navegador ao mesmo tempo em que assiste um vídeo do YouTube, ou acessar um documento em PDF enquanto escreve no Docs ou no Word, por exemplo.

Por fim, a autonomia. A bateria de 3.600 mAh é excelente, nos testes ela resistiu a um dia inteiro de uso moderado a intenso, com execução de música, vídeos e games pesados e uso inclusive do VLC, com aceleração via software. Tendo tirado o aparelho da tomada às 8:00, ao fim do dia às 23:30 ele chegou a uma marca de 35%. Realmente, nada mau.

Como nada é perfeito, o Galaxy J7 Pro não é compatível com carregamento rápido e foram necessárias quase três horas para carrega-lo do zero. Sendo assim, ele é um aparelho que dificilmente vai te deixar na mão sem energia mas se isso acontecer, esteja ciente de que vai demorar para usa-lo de novo.

Câmeras

A principal de 13 megapixels conta com uma abertura ƒ/1,7 e Flash LED, e dada a grande abertura você pensaria que esta situação é rara. Não é o caso: talvez pela qualidade do sensor em si e/ou dos ajustes dos algoritmos da câmera, o pós-processamento pode atuar de forma intensa em ambientes com menos iluminação que o ideal.

O problema é que com o Galaxy J7 Pro, qualquer coisa diferente de luz externa natural já não é o ideal.

Se você for capturar imagens externas a câmera faz bonito, os ajustes automáticos não danificam a imagem e embora a saturação da tela engane, as cores são bastante nítidas e há uma grande quantidade de detalhes capturados ainda que com perda de definição nas bordas. Por outro lado o modo HDR, mesmo quando ativado é difícil de ser notado. É quase como se ele não fizesse diferença.

Ainda assim, os resultados com fotos externas são muito bons.

Os problemas começam com fotos internas ou à noite: a abertura do diafragma não faz a menor diferença e com pouca luz há perda massiva de informação, e o pós-processamento e o HDR pesam a mão na hora de tentar corrigir as coisas. Com isso o resultado final fica bem aquém do esperado para um conjunto que supostamente é muito bom.

A meu ver, a Samsung ou escolhe os piores sensores possíveis para as câmeras dos modelos de entrada ou intermediários ou faz um trabalho muito ruim na hora de ajustar os componentes de propósito, de modo a incentivar o consumidor a sempre procurar adquirir os modelos mais caros se deseja tirar fotos de primeira qualidade. Dada a qualidade do conjunto presente no Galaxy S8/S8+ e no Galaxy Note8, é bem possível que façam uso de tal estratégia.

E a tendência é isso continuar, com a introdução da linha Galaxy S9/S9+ e sua câmera com abertura de diafragma variável que conforme explicamos no Sala da Justiça #57, não é bem o que parece.

A câmera selfie, com igualmente 13 MP mas com abertura ƒ/1,9 é bem competente, mas segue a regra: excelente em lugares com bastante iluminação, mas sofre um pouco em espaços fechados ou à noite. Em geral, para todas as situações que não envolvem tirar fotos ao ar livre é melhor fazer uso do Flash LED, se não quiser uma grande quantidade de ruído em suas selfies.

Você pode conferir as fotos originais no Flickr.

Conclusão

A Samsung possui uma estratégia para o mercado de entrada e intermediário bem definida: lançar uma grande quantidade de dispositivos muito próximos entre si e oferecer opções de escolha aos usuários. Embora isso não funcione muito bem para sua concorrente direta Motorola, que sofre com aparelhos comendo o espaço uns dos outros tal jogada rende para os sul-coreanos, que são a companhia líder do mercado mobile em volume de vendas.

O Galaxy J7 Pro é um aparelho que curiosamente concorrente diretamente com seu irmão J5 Pro, contando inclusive com o mesmo SoC, câmeras e memória RAM mas oferece o dobro de espaço de armazenamento, além de um display levemente maior (5,5" contra 5,2") e Full HD, ao invés de apenas HD. Ainda assim ele é um smartphone mediano, com a mesma cara de outros lançamentos da fabricante.

Interessante notar, entretanto que a Samsung prefere muito mais oferecer uma grande quantidade de opções para atender todos os públicos e tamanhos de bolsos quantos forem possíveis, assim dificilmente quem procura um aparelho para só checar redes sociais e fazer ligações ou deseja jogar algo não muito pesado sempre encontrará um dispositivo sob medida para suas necessidade e que caiba no seu orçamento.

Dito isso, o preço sugerido pela Samsung de R$ 1.699,00 não fazia o menor sentido. Porém, hoje já é possível adquirir o Galaxy J7 Pro por muito mais civilizados R$ 1.169,10 no boleto e é capaz que os preços caiam ainda mais, o que faz deste smartphone uma opção interessante para quem quer apenas um aparelho decente e em conta para realizar funções cotidianas, mas que precise de espaço de manobra para forçar a barra um pouquinho nas horas de lazer.

Samsung India — Samsung Galaxy J7 Pro – TVC (45 sec)

Pontos Fortes:

  • tela de boa qualidade e definição;
  • Dual-SIM com bandeja dedicada para o microSD, o que é sempre bom;
  • performance decente, com quase nenhum engasgo;
  • a bateria possui ótima autonomia.

Pontos Fracos:

  • o design externo com corpo metálico é bonito, mas a aderência não é das melhores;
  • nada de Android 8.0 Oreo, ao menos por enquanto;
  • nada de carregamento rápido também;
  • a câmera principal podia ser um pouco melhor.

Agradecimentos à Samsung por gentilmente nos ceder o Galaxy J7 Pro para testes.

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