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Resenha — Galaxy Note8: agora sim!

Descubra o que achamos do Galaxy Note8, o smartphone que tinha como missão apagar da memória o fiasco da Samsung com o seu antecessor explosivo.

6 anos atrás

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A Samsung tinha um enorme abacaxi para descascar: o Galaxy Note8 tinha a inglória missão de redimir a linha após o fiasco do Note7, o smartphone explosivo de 2016 que quase jogou seu nome na lama e deu um enorme prejuízo à companhia. A nova versão chegou ao mercado com um design semelhante ao do Galaxy S8 e S8+, com melhorias pontuais e a adição de um conjunto de câmeras duplo, pela primeira vez na história da companhia.

A pergunta é: ele atendeu às expectativas? Eu testei o aparelho por um mês e estas são as minhas impressões.


Especificações e Design

Antes de mais nada, a listinha fria:

  • SoC Samsung Exynos 8895, octa-core com quatro núcleos de 2,3 GHz, quatro de 1,7 GHz e GPU Mali-G71 MP20;
  • 6 GB de memória RAM;
  • 64 ou 128 GB de armazenamento interno, expansível via micro-SD de até 256 GB;
  • display Super AMOLED de 6,3 polegadas com resolução de 2960 × 1440 pixels (521 ppi);
  • conjunto principal de câmeras duplo  de 12 megapixels sendo uma com abertura ƒ/1,7, lente com campo de visão de 77º e autofoco dual-pixel e outra com abertura ƒ/2,4 e zoom óptico de 2×, tudo com HDR, estabilização óptica de imagens e capacidade de filmar em 4K a 30 fps;
  • câmera selfie com 8 MP, abertura ƒ/1,7, autofoco e que filma em 2K a 30 fps, além do sensor de íris para reconhecimento facial;
  • leitor de impressões digitais na parte traseira do aparelho;
  • certificação IP68, conferindo resistência a poeira e mergulhinhos acidentais;
  • 4G/LTE Gigabit com dual-SIM (bandeja híbrida), Bluetooth 5.0, BLE, NFC, MST para pagamentos online seguros (Samsung Pay), A-GPS, GLONASS, BDS, GALILEO;
  • bateria de 3.300 mAh compatível com recarga rápida;
  • conector USB Type-C 1.0;
  • Android 7.1.1 Nougat com upgrade garantido para o 8.0 Oreo;
  • dimensões: 162,5 × 74,8 × 8,6 mm;
  • peso: 195 g.

A primeira impressão que se tem ao tirar o Galaxy Note8 da caixa é de que você tem um Galaxy S8+ maior e mais quadrado em mãos. Eu gosto da solução de design da linha premium 2017 até certo ponto, o espaço aproveitado pela tela infinita em um estilo sem bordas permite que o aparelho goze de um display enorme sem ter que ficar grande demais, mas não se engane: o Note8 é enorme. com 16 cm de altura por 7,5 de comprimento, ele é um smartphone que mesmo para mim, que possuo mãos grandes com dedos longos é complicado de manusear com uma só mão.

Ele é ainda maior que o avantajado Moto Z2 Force com seus 15,5 cm, mas como ele possui largas bordas nas partes superior e inferior ele conta com uma tela bem menor, de 5,5″.

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O design é caprichado, a traseira glossy brilhante é muito bonita (ainda que seja um convite a marcas de dedos) e o botão Home acondicionado sob a tela está sempre lá para quando você precisar, mas você pode se quiser esconder os comandos quando eles não estiverem sendo utilizados em apps. Aliás, como outrora comentado é muito bom a Samsung contar com botões virtuais, principalmente por permitir finalmente a configuração da posição dos mesmos: sendo eu canhoto é muito melhor para mim utilizar a disposição padrão do Android, com o Voltar à esquerda e não à direita como em todos os aparelhos da Samsung desde sempre, o que ainda é mantido nos modelos com botões físicos.

Só que o erro maior de design ainda é a infame posição do leitor de impressões digitais. Mais uma vez a Samsung preferiu fixá-lo ao lado das câmeras e tal como aconteceu com o testes do S8+, acertar a posição do dedo para desbloquear o dispositivo e/ou autenticar alguma coisa foi um parto. Na maioria das vezes eu acertava a câmera e não raras foram as ocasiões em que eu tive que virar o Note8 para ver onde estava colocando o dedo.

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No mais temos o conector USB Type-C, que já se tornou padrão em modelos de ponta, a entrada P2 para fone de ouvido (diferente de certas empresas, que tiram o sarro de outras para depois retirar o componente a Samsung não pretende abandona-lo) e a porta dual-SIM híbrida, para que o usuário decida entre dois chips de operadora ou apenas um e mais memória de armazenamento, via cartão micro-SD.

Sobre os dois chips, um adendo: por anos os fabricantes acreditaram que Dual-SIM era uma característica inerente de smartphones baratos (a própria Samsung outrora chegou a lançar um pé-de-boi triple-SIM) e resistiram bravamente a oferecer a entrada dupla em seus aparelhos de ponta, mas convenhamos: há pessoas que precisam manter dois números de celular, o privado e o comercial ou que viajam muito, assim as OEMs com o tempo perceberam que é melhor oferecer a facilidade do que não ter a possibilidade, porque dificilmente quem precisa se dará ao trabalho de ter dois smartphones. Das grandes empresas apenas a Apple resiste, e é improvável que ceda ao dual-SIM um dia.

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Também temos a S-Pen, a caneta do Galaxy Note8. Ela chegou com um design mais refinado e ainda mais precisa do que a presente na geração anterior (o Note 5), muito mais confortável e precisa. O aparelho já muda para o modo de escrita assim que ela é retirada do compartimento e mesmo para alguém como eu, que não sou dado a escrever em telas gostei bastante do acessório.

Por fim, a tela. O display Super AMOLED de bordas curvas e 6,3 polegadas, proporção 18,5:9 e resolução estonteante é excelente, consegue reproduzir cores e tons de branco com muita fidelidade e com um nível de brilho muito bom, embora seja compreensível que tal componente seja extremamente consumidor de recursos. Pensando nisso a Samsung oferece configurações para reduzir a resolução da tela, assim você pode utilizar uma bem menor quando a bateria estiver perto de acabar e poupar energia.

Performance e autonomia

O uso do Galaxy Note8 é bem agradável. A Samsung vem podando o número de apps inúteis nos últimos anos e o que temos hoje é uma quantidade mínima de soluções proprietárias, e mesmo esses são bem úteis. O pacote Office (Word, Excel, PowerPoint e OneDrive) também acompanha o bichinho, mas evidentemente que o uso deles depende de uma assinatura dos softwares da Microsoft.

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A função Edge está mais uma vez presente, basta puxar a pequena aba da direita para a esquerda que ela oferece funções de acesso rápido a seus apps mais utilizados, herança dos antigos modelos Edge de ponta. Mas é a S-Pen que merece um grande destaque: ela oferece funções de escrita facilitada para a criação de notas, tradução de textos, conversão de moedas e uma série de outras aplicações. No uso diário ela se destaca principalmente por contar com tecnologia da Wacom, a companhia mais confiável quando o assunto são canetas para escrita e desenho.

A nova S-Pen é capaz de reconhecer 4.096 pontos de pressão, o que é mais do que suficiente para quem gosta de desenhar em tablets com ferramentas especializadas. Já todos os demais ficarão bem contentes com uma caneta poderosa o bastante para oferecer uma boa pegada e escrita estável.

Claro, se a letra do usuário não ajuda a S-Pen não faz milagres.

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O Bixby, acionado mais uma vez pelo botão adicional abaixo dos controles de volume ainda não é perfeito, mas está aprendendo. Embora a assistente virtual só funcione em inglês ela é mais integrada profundamente ao sistema e a softwares de terceiros, é capaz de atender solicitações simples e algumas mais complexas facilmente. Já o Bixby Vision, integrado à câmera é exatamente igual ao que era no S8 e S8+: ele utiliza visão computacional para traduzir de textos via OCR, ler QR Codes, buscar informações nutricionais de alimentos e etc. e é possível utilizá-lo em tempo real ou com a fotos armazenadas na galeria.

Agora a performance geral: o Galaxy Note8 é poderoso, aguenta qualquer tarefa pesada facilmente graças ao poderoso Exynos 8895 e aos 6 GB de RAM disponíveis; mesmo jogos exigentes ele tira de letra, mas há um porém: a bateria não é lá essas coisas. Na verdade, com 3.300 mAh (200 mAh a menos que o Galaxy S8+, provavelmente por causa da S-Pen) ela seria suficiente para qualquer outras configuração mid-high mas o hardware em questão é bastante exigente, ainda mais se você mantiver o modo de resolução no máximo.

Em situações normais de temperatura e pressão, tirando-o da tomada às 8 da manhã e fazendo um uso moderado de streaming de áudio e vídeo, navegação em 4G e games ocasionais com fones Bluetooth (o conjunto normal que acompanha o aparelho é bem decente) consegui chegar em casa à meia-noite com 5% de carga. Ou seja, ele dura um dia de uso normal e nada além disso.

Ao menos a bateria é compatível com carga rápida, bastando apenas 100 minutos para ir de 0 a 100% no cabo.

Câmeras

Demorou, mas a Samsung finalmente abraçou as câmeras duplas. O Galaxy Note8 conta com dois sensores de 12 megapixels na parte traseira, sendo um deles uma “grande angular” de 77 graus (na prática, não é GA coisa nenhuma) e outra teleobjetiva com zoom óptico de 2×, respectivamente com aberturas ƒ/1,7 e ƒ/2,4.

Os resultados foram… desconcertantes.

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Primeiro, não há dúvidas de que em situações normais a câmera padrão irá tirar fotos excelentes. A definição de cores, o campo de visão, o alcânce dinâmico são muito apurados e até o pós-processamento trabalha de maneira eficiente, de uma forma que você sequer precisa se incomodar de ligar ou desligar o HDR. É só deixar no automático e aproveitar.

Em fotos com muita luz o Galaxy Note8 brilha, em fotos noturnas e internas a perda de detalhes não é mais do que o esperado para aparelhos de sua categoria. Em suma, o conjunto faz juz aos elogios que anda recebendo.

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O problema é a teleobjetiva. Com um sensor bem menor as fotos com zoom perdem nitidez, principalmente em cenas noturnas ou internas. O Galaxy Note8 tende inclusive a aplicar um zoom digital, acabando por "esticar" a captura e os defeitos ficam ainda mais perceptíveis. No entanto, tirar fotos com zoom em dias claros de elementos razoavelmente próximos ela tira de letra.

Portanto, não jogue sua DSLR fora ainda.

A adição de duas câmeras, no entanto permitiu à Samsung inserir o efeito bokeh no Note8, o de focar em um elemento em destaque e desfocar todo o resto. A Apple chama isso de “Modo Retrato”, enquanto a Samsung preferiu nomea-lo como “Foco Dinâmico” mas na essência, é tudo a mesma coisa. Ainda assim o nome faz sentido porque você pode ajustar o efeito após a captura, para um desfoque mais ou menos intenso.

O que dá para fazer: brincar um pouco com efeitos de câmeras profissionais em um smartphone que custa quase a mesma coisa que câmeras profissionais. Interessante ressaltar, no entanto que o sistema não é perfeito, ele pode desfocar elementos que não deveria (como o pescoço de uma garrafa, por exemplo) e destacar coisas que deveriam estar no fundo, mas isso é algo que com o tempo ficará melhor.

Já a câmera selfie é bem decente: com 8 MP, abertura ƒ/1,7 e autofoco, ela oferece uma qualidade bem avançada para sua categoria de componente mas ainda é uma câmera secundária. Usa-la para selfies sozinhas e em grupo ainda é sua principal característica.

Digo isso porque mais uma vez o sensor de íris não funcionou como devia. Uma vez cadastrado o meu rosto (e eu o fiz com e sem óculos), raríssimas foram as vezes em que o Galaxy Note8 reconheceu adequadamente minha face e desbloqueou a tela. Uma semana depois de iniciados os testes eu simplesmente esqueci que o recurso existia.

Para essas e outras fotos na resolução original, acesse o álbum no Flickr.

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Conclusão

O Galaxy Note8 conseguiu com maestria superar a vergonha do Galaxy Note7, que explodiu a imagem da companhia em 2016 e que levou muita gente a acreditar que a marca seria abandonada. Temos aqui um smartphone bonito, robusto, potente e que principalmente, não explode. O consumidor que optar por ele levará para casa o Android mais poderoso do mercado atualmente.

E quem é o consumidor-alvo? O já experimentado da linha, que faz uso constante da S-Pen e aproveitam proveitosamente o que ela tem a adicionar. Como um smartphone per se, excluindo o acessório é hoje muito mais interessante adquirir um Galaxy S8 ou S8+, cujos preços já estão mais amistosos.

Agora, se você gosta da linha Note e parou no Note 5 de 2015 because reasons, o Note8 é muito mais do que uma simples revolução: design, proteção contra água e poeira, melhores câmeras, S-Pen muito mais precisa e versátil… enfim, ele está anos-luz da última encarnação comercial da linha da Samsung já que o Note7 foi para a vala.

A companhia sul-coreana oferece um aparelho estado da arte para quem gosta de telas grandes e canetas, só que isso tem um preço: R$ 4.399,00 no modelo de 64 GB e R$ 4.799,00 na versão com 128 GB, que são valores bem altos mas hoje em dia mais comuns entre dispositivos de ponta, vide os preços dos concorrentes diretos vendidos aqui.

Se você tem toda essa grana sobrando e é fã da linha Note, o Galaxy Note8 é uma ótima aquisição. Os demais ficarão felizes com o S8+, que só não tem a S-Pen e a câmera dupla.

Samsung Brasil — Lançamento do Galaxy Note8 com Pedro Andrade

Pontos fortes:

  • Dual-SIM, algo que está virando padrão em aparelhos premium;
  • Super AMOLED enorme com cores vivas;
  • S-Pen confortável e muito versátil.

Pontos fracos:

  • o posicionamento do leitor de impressões digitais continua sendo uma má ideia;
  • bateria um tanto fraca para o hardware;
  • câmera teleobjetiva podia ser melhor

Agradecimentos à Samsung por gentilmente nos ceder o produto para testes.

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