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Apple guarda o registro de suas chamadas na nuvem, mesmo que você não queira

Falha de segurança no iPhone: a Apple coleta o registro de suas chamadas e os armazena na nuvem mesmo que você desligue o backup automático do iCloud.

7 anos atrás

icloud

Outro dia, outra polêmica envolvendo coleta de dados de usuários. Depois de o Facebook se enrolar na Europa foi a vez da Apple cair na malha fina: a empresa de segurança russa Elcomsoft revelou que a maçã armazena o registro de chamadas dos iPhones na nuvem, mesmo quando a função de backup do iCloud está desativada.

E mais, a própria admitiu a prática em prol da “comodidade e segurança” dos clientes.

A atitude da Apple em si não é novidade. Uma vez que o iCloud esteja configurado o iPhone envia praticamente em tempo real para os servidores de Cupertino todo o seu histórico de chamadas, bem como ligações do FaceTime e no caso dos aparelhos com o iOS 10 instalado, ligações perdidas de outros aplicativos como WhatsApp e Skype. O problema é que mesmo que o usuário opte por não utilizar o recurso, preferindo deixar o iCloud desativado a coleta é realizada igualmente. Segundo a pesquisa da Elcomsoft as chamadas ficam ainda armazenadas por até quatro meses nos servidores, contrariando alegações anteriores da Apple de que o backup era mantido por apenas 30 dias.

O analista forense especializado no iOS Jonathan Zdziarski verificou a descoberta da empresa de segurança e confirma que o fato é grave, mas acredita que se trate de uma falha mais por imprudência do que uma ação má-intencionada de coletar dados dos usuários. Segundo ele, com a possibilidade de se fazer ligações utilizando qualquer dispositivo Apple conectado à mesma conta o iPhone precisa sincronizar uma grande quantidade de dados entre os gadgets e para isso, fazer uso do iCloud mesmo contrariando a vontade do usuário seria a melhor opção para não faltar com o mantra da experiência de uso acima de todas as coisas.

Em nota, a Apple não só admitiu a coleta e armazenamento de dados no iCloud como confirmou o que Zdziarski disse:

Nós oferecemos a sincronização do histórico de chamadas como uma conveniência para nossos usuários, de modo que eles possam retornar suas chamadas de qualquer um de seus aparelhos. A Apple está profundamente comprometida em armazenar com segurança os dados dos nossos clientes. É por isso que nós damos a eles a possibilidade de manter seus dados privativos. Eles são criptografados com a senha do usuário e o acesso aos dados do iCloud, incluindo os backups requer o uso da Apple ID e senha.
 
A Apple recomenda que todos os usuários escolham senhas seguras e usem a autenticação em duas etapas.

Vamos por partes: coleta de dados é lugar comum hoje em dia, todo mundo faz isso. Metadados são uma mina de ouro e por isso mesmo o Facebook ter feito o que fez com o WhatsApp não surpreende. O Google é a mesma coisa, ele sabe mais sobre nossas vidas do que nós mesmos, é o preço que pagamos para usufruir de todos os serviços que ele nos fornece. De qualquer forma, em ambos os casos somos o produto, não o cliente.

Ainda assim o Google oferece a opção ao usuário de não fornecer dado algum caso não queira. O WhatsApp, quando introduziu a coleta de dados também apresentou uma escolha única para o usuário decidir se queria compartilhar seus metadados ou não. Já a Apple ignora completamente a escolha de seus clientes em prol da experiência, a única forma de evitar que seus histórico seja armazenado é desligando o iCloud completamente de seu iPhone, o que pode e irá comprometer o funcionamento de outros recursos.

A Apple não deixou claro se irá sequer consertar o bug, mas desde já é preocupante saber que suas chamadas são enviadas para os servidores da empresa sem que você possa sequer opinar a respeito.

Fonte: Forbes.

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