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Espião Iraniano da 3ª idade preso nos EUA com dados do F-35

Sabe a enorme infraestrutura de comunicação mundial que permite que a gente troque informações com qualquer lugar do planeta, instantaneamente? Mozaffar Khazaee não conhece. Ele é um espião iraniano preso depois de tentar enviar para o Irã 44 caixas de documentos secretos sobre o caça F-35. Sim, em 2013 o JÊNEO tentou mandar documentos físicos, ao invés de usar a internet. Ou um pendrive.

10 anos atrás

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O F-35 é um caça multiuso de nova geração que deverá entrar em serviço em dezembro de 2015. Projetado pelos EUA e um consórcio de países aliados, vai baratear os custos, unificar a tecnologia e exercer os papéis antes tradicionalmente divididos em diversos tipos e categorias de aeronaves. Isso tudo, em teoria.

Na prática o projeto está anos atrasado, tem um custo total previsto de US$ 1,45 trilhão (amortizados em 50 anos) e até agora já gastaram só em pesquisa e desenvolvimento US$ 400 bilhões. Apenas o dobro do estimado inicialmente. O custo TOTAL do Programa Apollo, incluindo todos os foguetes, naves, estúdios, efeitos especiais e o cachê do Stanley Kubrick em dólares de 2010 soma US$ 109 bilhões.

O F35 só saiu do papel depois que o Pentágono aceitou diminuir capacidade de carga, raio de ação e outras características do projeto. A idéia de uma célula única criando 3 variações, para uso em porta-aviões, decolagem vertical pra os fuzileiros e convencional para a Força Aérea era boa mas os 3 modelos se tornaram tão específicos que o custo está equivalendo a projetar um avião novo para cada categoria.

Mesmo assim é tecnologia avançada, e interessa a países que mal dominam tecnologia de bombas V1. Por isso o Irã usou aquela técnica inventada por Barack Obama ano passado, a espionagem, para botar as mãos em dados sobre o F-35.

Para isso usaram um agente dorminhoco (pra usar a terrível tradução da Marvel anos 60 para sleeper), um sujeito chamado Mozaffar Khazaee, nascido no Irã, naturalizado americano em 1991 e empregado da Pratt & Whitney. Ele coletou milhares de páginas de especificações técnicas, documentos, plantas, esquemas. Quase um HOW-TO montar um F-35.

O problema é que Mozaffar ou acreditou em tudo que o nerd fofoqueiro Snowden falou sobre a NSA, ou mais provavelmente não é versado em espionagem eletrônica. É compreensível, com 59 anos teve que esperar até o fim da adolescência para inventarem a eletricidade. Então, qual a saída de Mozaffar para fazer com que os suculentos dados secretos chegassem até Teerã?

O GÊNIO, o Maxwell Smart Persa tentou mandar 44 — QUARENTA E QUATRO — caixas de Connecticut para Teerã, por NAVIO.

Esse James Bond da vida real achou que ninguém na aduana iria conferir 44 caixas com destino ao Irã. Pois bem, conferiram, acharam os documentos, confiscaram a encomenda. Tipo a DX, quando nossas muambas ficam presas na Receita.

Isso foi em novembro. Metade do FBI ficou vigiando Mozaffar, para identificar outros membros de sua rede, seu modus operandi, etc. Quando ele tentou deixar os EUA, dia 9 de janeiro, foi preso. Para sua IMENSA sorte Irã e EUA estão numa fase de chamegos, então as acusações envolvem roubo e transporte de propriedade roubada por fronteiras estaduais, o que dá dez anos de cana. Como ele é prova viva de que esforços de contra-espionagem são válidos, provavelmente não passará o resto da vida vendo o Sol nascer quadrado.

O culpado disso? Mozaffar, essa ANTA que nunca ouviu falar de criptografia, câmeras digitais, internet ou mesmo… fax. Enviar documentos FÍSICOS é o fim da picada. Ele poderia ter fotografado TUDO, enfiado um micro-SD numa Barbie e enviado. Poderia ter criptografado com alguma cifra inquebrável (sim, existem) e postado num Dropbox. Poderia até ser bem old school e usado um… microponto.

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Obra do Q? Não, vende na Amazon.

Criados durante  a 1ª Guerra Mundial, os micropontos são uma técnica fotográfica que reduz uma imagem até o tamanho de um ponto tipográfico, como um ponto final ou um pingo no i. Para qualquer um é uma letra normal, mas ao microscópio você vê uma foto normal, em geral de uma página de um documento. Curiosamente é uma técnica que funciona muito bem analogicamente mas não se aplica ao mundo digital, onde um ponto é só um ponto.

Então, meninos e meninas, ficadika: se forem espionar os EUA (ok, no caso até o Brasil) não usem técnicas dos tempos de Roma. Tentem pelo menos as de 100 anos atrás. E se você absolutamente positivamente completamente precisar mandar documentos para a matriz, use e-mail.

Fonte: BBC.

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