Carlos Cardoso 11 anos atrás
A Maior unanimidade produzida por Redmond desde o WindowsME (por motivos diferentes, óbvio) o Windows Phone já garantiu seu lugar na trindade dos sistemas operacionais mobile. O New York Times fez uma das resenhas mais entusiasmadas já vistas no jornal. Um dos motivos desse resultado é a decisão da Microsoft de determinar graus de exigência bem altos dos fabricantes de hardware.
A idéia era esquecer o tempo onde qualquer fabricante xing-ling produzia celular com Windows Mobile, desvalorizando a marca.
Excelente, até sair a notícia de que a Microsoft relaxou as exigências e permite agora que sejam fabricados smartphones Windows Phone sem câmeras.
Sim, o telefone multimídia, compartilhador, social, completamente cego.
A grande inconsistência do Android vem de sua linuxificação, o Google homologa até pendrive rodando Android se estiver em um dia bom. Não existe a consistência da experiência de uso do iOS ou do Windows Phone. Agora essa vantagem da Microsoft deixa de existir.
Quais os motivos dessa mudança?
A Nokia lançou o Lumia 800, um smartphone sem câmera frontal. Com a justificativa risível de que não teve tempo para projetar o aparelho com a câmera. Claro, um conceito novo desses… Em tempos de Skype a ausência da cãmera torna o celular inferior e até age como fator de decisão de (não) compra. Ao homologar o Lumia a Microsoft teria aceito o inevitável (a incapacidade da Nokia em produzir um aparelho dentro da especificação em tempo hábil) e alterar as exigências do Windows Phone seria apenas salvar as aparências.
A outra possibilidade é que câmera é algo tão essencial que nenhum fabricante seria louco de lançar um smartphone sem uma. Faria tanto sentido quanto exigir tela colorida. A Microsoft estaria apenas desburocratizando os documentos. Problema: A China é capaz de tudo, Não há nenhuma dúvida de que se a Microsoft não exigir BATERIA algum fabricante xing-ling tentará homologar um Windows Phone de tomada.
Cogitam que a Microsoft esteja de olho no mercado de alta segurança. Há vários locais onde é proibido entrar portando celulares com câmera. OK, é válido, mas será que existem tantos locais assim que justifiquem a criação de um smartphone específico? Quem usa um smartphone em geral QUER o recurso da câmera, abrir mão dele o resto do dia por causa de algumas horas em ambiente top secret, onde mais provavelmente NENHUM celular pode entrar me parece forçado.
A última possibilidade é que a Microsoft esteja visando o mercado de pobrefones, a Nokia tem um domínio total nesse segmento e não quer perder. Sabendo que a smartificação será inevitável, pressionou por liberdade para criar celulares WP baratos. Outros fabricantes que atendem ao segmento também estariam interessados.
Fico com algo entre as hipóteses 1 e 4, mas acho temeroso. A fragmentação das especificações e variação na experiência de uso têm vantagens e desvantagens. A vantagem é o crescimento absurdo no marketshare. O Android ultrapassou iPhone faz tempo nos EUA e no resto do mundo nem se fala.
Faz até sentido, afinal a Apple tem UM aparelho principal e em sua história, 5 modelos. Android já ultrapassou os 300 (sim, é um chute). Um monte de gente fora da faixa de consumidores do iPhone corre para os Androids, é uma questão de opção.
Agora, o outro lado: Ao se fechar em um ambiente altamente controlado a Apple dita suas regras, controla todos os passos envolvidos na criação do aparelho E os acordos com as operadoras. O resultado?
A Apple tem 4% do mercado mobile mas acumula 52% dos lucros dessa indústria.
As duas posições são interessantes, sendo realista 48% não é nada ruim e dá para fazer um bom dinheiro vendendo água com açúcar. O único mistério é se a Microsoft conseguirá uma penetração (epa!) mobile como conseguiu no desktop, quando a experiência de uso do Windows Phone exige aparelhos bem mais sofisticados que o Android.
Você não vira a Microsoft sendo a Apple, nem no bom nem no mau sentido.