Rodrigo Ghedin 12 anos atrás
Mexer com padrões é sempre delicado, pois deles depende todo o ecossistema. Imagine se, de alguma forma, a Microsoft anunciasse que o Windows não suportaria mais MP3. Seria algo bastante caótico, não? O hipotético exemplo é muito mais catastrófico do que o recente anúncio da Google, mas dá uma vaga ideia do impacto dele nos bastidores da Web.
Ontem a Google anunciou que o formato de vídeo H.264 será removido do Chromium, projeto open source que serve de base para o Chrome. Personagem de uma briga ferrenha com o OGG Theora para ser proclamado o formato padrão da tag
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do HTML5, o H.264, embora não seja unânime, hoje responde por mais de 60% dos vídeos existentes na Web. Com a baixa, agora apenas Apple e Microsoft continuam juntinhas apoiando o formato.
A Google tem seus motivos para tal decisão, ou melhor, tem o motivo: WebM/VP8. O grande problema nessa questão foi a justificativa para tal decisão. Segundo o anúncio oficial, a empresa está comprometida com tecnologias abertas no navegador.
Tudo bem, mas... e o Flash?
Símbolo de tudo o que não é open source, protagonista de diversas brechas de segurança e culpado por engasgos no sistema e consumo excessivo de recursos, o plugin da Adobe foi, recentemente, integrado ao Chrome. Com isso, a Google distribui seu navegador já com suporte ao Flash, nativamente, e consegue atualizá-lo automaticamente, como faz com extensões e o próprio Chrome. O Chrome é, aliás, o único navegador a vir com Flash instalado.
Esse cenário inflamou ânimos, a Google é acusada de hipocrisia pura e rasteira. A Adobe, dona do Flash, é parceira da Google na iniciativa WebM, bem como a Mozilla, desde o começo apoiadora de padrões abertos. Ambas, sem surpresa, aprovaram a decisão da rival/parceira.
Ainda que o WebM/VP8 "pegue", levará um bom tempo para que filmadoras, demais equipamentos e programas passem a suportar o formato. E isso não significa, necessariamente, o que o H.264, formato proprietário, mas eternamente gratuito para uso pessoal, sumirá de uma hora para outra...
Fonte: TechCrunch (2).