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O atraso do PS3

18 anos atrás

Corre pela web que o tão aguardado Sony PS3 irá atrasar. Dizem as más linguas que nem chegará às lojas em 2006. A despeito de tudo que esse atraso possa provocar no marcado de consoles o motivo por trás desse atraso merece ser discutido. O PS3 pode atrasar porque seu processador, codinome Cell, desenvolvido por um consórcio formado pela Sony, IBM e Toshiba; é uma revolução no conceito de processadores que temos hoje.Já comentei sobre a arquitetura e demais detalhes do Cell em artigos no meu blog pessoal. O detalhe mais impressionante do processador é que enquanto a plataforma x86 chega agora aos processadores de 2 núcleos, o Cell trará 8 núcleos dentro de um mesmo encapsulamento. Um núcleo de PowerPC 64bit e outros 7 núcleos menores funcionais que tem a função de fazer sub-processamento. Mais um núcleo adicional está previsto, mas ele fica inativo e só entra em operação se um dos núcleos funcionais apresentar alguma anomalia. Isso dá uma dica de quanto a operação multi-cores é importante para a plataforma, fundalmentalmente baseada na constante interoperatividade entre os núcleos. Cada um dos núcleos auxiliares ficaria responsável por desemepenhar uma tarefa bem específica. Um deles pode processar exclusivamente vídeo, enquanto outro dedica-se ao áudio de um DVD, enquanto o núcleo principal foca-se em outras aplicações. Essa arquitetura permitira que você pudesse compilar um programa, editar um vídeo, e assistir à um DVD, tudo ao mesmo tempo e sem que houvesse prejuízo de desempenho para nenhuma das tarefas. Fácil perceber porque a Sony escolheu essa plataforma para equipar seu console, que pretende ser um centro de entretenimento completo para o lar.

A soma do poder de fogo de todos os 8 núcleos faz com que o Cell seja extremamente poderoso. Alguns técnicos da IBM já afirmaram que ele pode ser até 10 vezes mais potente que um processador top de linha da Intel ou da AMD. Mas ao mesmo tempo que a grande força do Cell é todo o hardware que ele traz dentro de um chip esta também é sua maior fraqueza. Sem um software apropriado e otimizado para usar os 8 núcleos o Cell transforma-se em um processador comum. E aí parece morar a razão do possível atraso no lançamento do PS3.

Para compilar software para rodar no Cell e aproveitar toda sua estrutura o consórcio STI precisa desenvolver uma geração de super-compiladores, cujos conceitos básicos só existem em estudos de doutorados em centros de pesquisa. A IBM já deu detalhes do projeto Octopiler, um compilador desenhado para criar software para a plataforma Cell. O Octopiler pegaria código escrito para a plataforma Cell (e otimizado por seus programadores para o multi-paralelismo permitido pela plataforma) e criaria código binário adequado para ser executado usando da melhor forma possível os recursos extremos da plataforma. Mas como o compilador ainda está em estágio alpha ele ainda não apresenta a qualidade técnica necessária para produzir código comercial.

Sem haver um compilador adequado para produzir software para a plataforma, os produtores de jogos para PS3 ainda não podem finalizar os jogos do futuro console. Sem jogos prontos para lançamento não há motivo para que a Sony coloque o PS3 no mercado, mesmo que o hardware já esteja pronto. A revolução que o PS3 promete provocar no mercado de console depende de revoluções em tecnologias de muitos outros campos da TI. E os componentes da tecnologia que irão desencadear essas outras revoluções ainda estão em gestação.

Assim que o primeiro representante desta nova geração de super-compiladores ficar maduro estarão criadas as condições para que o ecossistema da plataforma possa se desenvolver. Quando isso ocorrer software comercial de qualidade poderá ser criado, e aí poderemos esperar que máquinas baseadas na arquitetura Cell cheguem ao mercado, e isso inclui o PS3. Esperamos que não demore.

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