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Avaliação / Review - Soul Calibur III (Playstation 2)

18 anos atrás

Link: Comunidade de Soul Calibur no orkut.

Para os novatos: Soul Calibur é uma série de jogos 3D de luta da Namco, mesma firma que faz o igualmente (talvez mais) famoso jogo Tekken. A diferença é que os personagens lutam com armas, e o jogo é uma mistureba de cavaleiros, samurais, piratas, ninjas, e alguns lutadores inexplicáveis, como o Voldo, um lutador cego, surdo e mudo que usa garras que lembram o Wolverine e tem os golpes mais bizarros que já vi em um jogo de luta. E, nesta geração, Soul Calibur II foi o jogo de luta que mais joguei (só perde para meus velhos tempos de Street Fighter II).

A série Soul Calibur sempre se destacou por três motivos principais:

1) O clima épico das batalhas e as historinhas decentes dos personagens (para um jogo de luta);

2) O fato de ser um jogo exatamente no ponto entre um jogo de luta extremamente técnico e hardcore (série Virtua Fighter) e um jogo button-masher, ou seja, aqueles em que você tem chance de ganhar de um adversário experiente detonando os botões do controle (série Tekken);

3) O jogo é extremamente balanceado. Em qualquer fórum sobre, digamos, Soul Calibur 2, você não vê unamimidade dos jogadores sobre quem é o melhor lutador - não é como Street Fighter 2, que 90% vai dizer Ryu ou Ken, ou Tekken 4, que 90% vai dizer Eddie - o da capoeira - ou o cara do vale-tudo que não lembro o nome, eu só consigo ganhar deles contra um jogador experiente, de vez em quando, usando o Hwoarang, mas isso porque eu jogo com o Hwoarang há anos. Felizmente isso melhorou muito com o Tekken 5, mas este ainda continua na categoria de button-masher (mas é um excelente jogo de luta, de qualquer forma, e obrigatório na coleção de qualquer fã do gênero).


'Yes, nós temos peitos!'
Já o terceiro game da série causou reações contraditórias: alguns gostaram, outros não. A principal razão foi que não o jogo foi mais para o lado do Virtua Fighter que do Tekken, não está mais no 'equilíbrio quase exato' entre os dois. É mais difícil dar Guard Impact (uma defesa que deixa o inimigo vulnerável se você pressionar o botão de defender bem no momento em que o ataque dele vai te atingir), assim como não é mais tão fácil jogar o inimigo para fora do ringue. Ou seja, o jogo já não está tão acessível quanto o segundo, o que pode ser bom se seus amigos já sabem jogar Soul Calibur II, mas pode ser ruim se você é razoavelmente bom no jogo e joga contra um novato. Não ocorrem as divertidas surpresas do SCII de novato ganhar às vezes (digo divertidas porque o jogo sempre foi tão balanceado que isso não era tão frequente, eu achava até bacana quando acontecia). Ou seja, por bem ou por mal, Soul Calibur ficou mais hardcore.

Todos os personagens de SCII estão de volta, e, com o desenrolar da história do segundo, Raphael agora é um vampiro (ele foi possuído pela Soul Edge), Siegfried se livrou da maldição e agora não é mais o Nightmare, que é um novo personagem. Os três personagens realmente novos são Zasalamel, Tira e Setsuka. Zasalamel é o famoso 'apelão', com golpes devastadores com sua foice e fácil de jogar, Setsuka é rápida e tem alcance médio, ficando entre Mitsurugi e Taki, e Tira é uma personagem simplesmente fantástica, que usa uma lâmica em forma de disco e tem um belíssimo estilo de luta - ela parece estar dançando quando luta. Ela não é muito popular entre os jogadores por ser extremamente complicada de jogar.


Setsuka detona Mitsurugi com seu letal... Guarda-chuva.

Os modos de jogabilidade básicos são os de sempre: Survival, Campeonato, Versus, tudo o que um jogo de luta moderno exige, você tem neste jogo. Então, vou falar sobre os novos modos.

1) Tales of Souls (o jogo básico de 1 jogador, em que você escolhe seus caminhos até chegar no último chefe). A grande diferença deste modo para o do SC2 é que através dele você pode desbloquear personagens secretos se pegar o caminho correto (secretos *mesmo*, como as vendedoras das lojinhas, que você nunca iria imaginar que seriam lutadoras no jogo) e, para cada personagem, há um caminho correto para chegar ao 'verdadeiro' chefe, ou seja, sem um guia para o jogo, 95% das vezes você vai chegar no chefe 'meia-boca'. E o grande barato é que desta vez os finais são animados (alguns muito legais, inclusive), e, se você apertar a combinação de botões que aparece durante o final de cada personagem, você vê o final 'bom' dele - ou seja, cada personagem tem ao menos dois finais, ambos animados.

2) Chronicles of the Sword: uma tentativa de misturar um pouco de estratégia com um jogo de luta que poderia ter sido muito legal se não fossem os loading times ENORMES e o jogo se desenrolar no ritmo de uma lesma. Achei totalmente dispensável, um pé no saco mesmo, e o pior de tudo é que você tem que jogar ele todo se quiser destravar todos os acessórios, rostos, estilos de cabelo, etc, no modo de criar seu personagem. Bem mais chato que o fantástico modo história do SC2.


Pegue um bom livro antes de começar a jogar este modo para não jogar seu controle na parede.

Mas essa abominação no meio de um jogo tão bom é compensada pelo excelente modo de criar o seu personagem. Você escolhe entre diferentes roupas, rostos, há um bom número de opções (não absurdo, mas o suficiente para criar personagens bem interessantes.


'A gente é genérico mas sabe dar porrada!'


'Isso é Soul Calibur ou Street Fighter?'

A jogabilidade continua maravilhosa, apesar de exigir mais reflexos e estar mais técnicas, os personagens antigos estão bem renovados em alguns casos (Mitsurugi é o que me parece o mais modificado em jogabilidade) e todos têm golpes novos (minha favorita, Cassandra, continua fantástica).


O Zasalamel é quem a moçada novata vai escolher para dar pau em quem já sabe jogar.

A Namco usou outro engine gráfico, fazendo-os ainda melhores, do nível do Tekken 5. Simplesmente não há o que reclamar deles. A música? Bem, não senti diferença de qualidade para o segundo, que já era boa, assim como os efeitos sonoros. Mas os gráficos e animações... Os modelos dos personagens são fantásticos e extremamente detalhados (o Zasalamel impressiona neste aspecto), a animação mais fluida e rápida que nunca e os cenários, mais amplos e de tirar o fôlego do que o segundo, se é que isso é possível.


A Ivy continua muito boa,se é que você me entende.

Resumindo, você tem um jogo de luta extremamente refinado, com os melhores gráficos, junto com Tekken 5, do gênero no PS2, som e animações topo de linha, e ainda por cima um modo de criar seu personagem que pode te divertir demais. Ou seja, um jogo que você precisa ter. Mas você também precisa ter saco para jogar o modo Chronicles of the Sword para ter todas as possibilidades de criação de personagem. E paciência, porque a I.A. (Inteligência Artificial) está muitas vezes melhor, ou seja, o computador é um oponente muito, muito difícil nas últimas batalhas. Não estou exagerando, é MUITO mais difícil que no segundo jogo.

E vamos às notas:

Apresentação: 8.5 - História boa para um jogo de luta e finais bem feitos, muito melhores que no segundo.

Gráficos: 10 - Os melhores gráficos que já vi em jogos de luta junto com Tekken 5. Provavelmente só superados por Dead or alive 4 do Xbox 360.

Som: 9 - Efeitos sonoros, música e vozes excelentes. Se você conhece SCII, sabe bem como é.

Jogabilidade: 9.5 - Não vai agradar a todos, mas está mais técnica, mais rápida e precisa, fazendo o jogo ficar menos amigável para os novatos. Parao jogador mais hardcore, é um manjar dos deuses.

Valor: 10 - Apesar de colocar o terrível modo de estratégia no lugar do modo de história do SCII, o fato de poder criar seus próprios personagens já garante diversão por muito tempo.

Minha Nota
(não é uma média dos valores acima):

9.3

Comentário final: Um jogo que, assim como Metal Gear Solid 3, God of War, Sly 3, Ratchet 3 e 4, Shadow of the Colossus, entre outros, mostra que o Playstation 2 está longe de 'morrer' como muitos dizem. Um dos melhores jogos de PS2 e merecedor de estar na coleção de qualquer jogador que se preze.

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