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Segundo Sundar Pichai, decisão da UE força o Google a cobrar por licença do Android

CEO do Google diz que se as regras impostas pela Comissão Europeia contra o Android não forem revistas, a companhia seria forçada a cobrar dos fabricantes pela licença hoje gratuita; no entanto, declaração de Sundar Pichai seria mais um blefe do que uma ameaça.

6 anos atrás

A sentença que a Comissão Europeia impôs ao Google, por utilizar práticas desleais para consolidar o domínio do Android no bloco irritou bastante o CEO Sundar Pichai. Em uma carta publicada pouco depois da condenação, o executivo soltou o verbo e chegou a dizer que se as restrições não forem revistas, a empresa pode ser ver obrigada a cobrar pela licença hoje gratuita do sistema operacional, afetando todas as parceiras fabricantes e os consumidores.

O Google foi condenado a pagar uma multa de € 4,34 bilhões (R$ 19,27 bilhões em valores de hoje, 20/07/2018) por forçar os fabricantes europeu a instalarem o Google Search e o Chrome em seus aparelhos Android, por impedir o desenvolvimento de versões de código aberto (os chamados forks) atrelando o acesso à Play Store e suas aplicações à plataforma oficial, desestimular a adoção de navegadores e motores de busca concorrentes e pagar para que os parceiros priorizem o Google Search, desprezando os demais.

A bem da verdade o valor da multa, embora recorde não faz nem cócegas no Google, que é plenamente capaz de recolher o montante em apenas alguns dias. Por outro lado, as condições impostas pela Comissão Europeia para que o Android possa operar dentro das leis o grande problema; a companhia tem 90 dias contados para:

  • parar de ditar qual navegador ou motor de busca pode ou não ser pré-instalado em dispositivos Android pelos fabricantes;
  • encerrar todos os contratos que estipulam o uso exclusivo do Google Search;
  • deixar de ameaçar fabricantes com o bloqueio da Play Store, se estes optarem por implementar forks em seus produtos.

Tais medidas representam um duro golpe contra o modelo de negócios do Google, que depende de suas soluções proprietárias para fazer dinheiro (mais de 90% de sua receita bruta vêm de anúncios). É se baseando nessa estratégia que a licença do Android sempre foi gratuita, ao usar o Chrome ou o Google Search os usuários geram receita para Mountain View, que é reinvestida na plataforma.

Sundar Pichai, CEO do Google

Por isso mesmo, as exigências da Comissão Europeia (representada pela implacável Margrethe Vestager) tiraram Sundar Pichai do sério. Através do Twitter e da carta aberta, o CEO reafirmou que o Google "criou mais opções de escolha, e não menos" e que o Android levou a uma competição robusta no mercado de dispositivos móveis. Ele afirma que a decisão é uma ameaça ao sistema como ele é hoje, que viria a ser mudado de modo a continuar vivo (ou melhor dizendo, lucrativo).

Pichai afirma que caso as exigências da Comissão não sejam revistas, o Google seria forçado a encerrar a oferta gratuita de licença do Android, passando a cobrar dos fabricantes e em última análise, tais custos acabariam sendo inevitavelmente repassados para o consumidor. Alguns analistas acreditam que a empresa teria dificuldades em implementar a medida de acabar com as restrições a forks localmente, e que no fim todas as mais de 1.300 parceiras que vendem produtos Android em todo o mundo passariam a ter que pagar para usar o sistema, levando a uma escala global de preços de smartphones, tablets e outros produtos.

A ameaça de Pichai, no entanto soa mais como um blefe. A carta seria um movimento calculado para chamar a atenção dos fabricantes parceiros e da opinião pública principalmente na Europa, de modo a jogar todo mundo contra a Comissão Europeia. Ao mesmo tempo, as chances de tais alterações serem aplicadas globalmente são baixas, a menos que os Estados Unidos tomassem uma decisão semelhante. No momento em que ambos governos batem cabeça com disputas comerciais (o presidente dos EUA Donald Trump já tomou as dores do Google), as chances disso acontecer são mínimas.

O próprio Pichai reconhece que hoje é muito simples para o usuário desinstalar apps do Google e utilizar outros navegadores, motores de busca e até outra loja de apps por conta própria (só que nem todo mundo sabe fazer isso), logo ele não estaria tão propenso a de fato cobrar pelo Android; ao invés disso, o CEO quer mais é jogar no ventilador.

De qualquer forma, Sundar Pichai reafirmou que o Google vai recorrer da decisão e dessa forma, nos resta aguardar pelos próximos capítulos.

Com informações: GoogleWired (paywall), DigitalTrends.

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