Ronaldo Gogoni 4 anos e meio atrás
Após ser multado em € 4,34 bilhões pela Comissão Europeia para a Concorrência, por conta de práticas competitivas em relação ao Android, o Google relevou nesta terça-feira (16) uma série de mudanças em relação a como o sistema móvel passará a ser distribuído no velho continente.
E conforme previsto, os fabricantes que quiserem fazer uso dos Google Apps na região terão que pagar licenças de uso para tal.
A briga com a Comissão Europeia, liderada pela inflexível Margrethe Vestager não é nova e possui várias frentes, e em todas o Google (e outras companhias, como a Apple) está apanhando feio. no que diz respeito ao Android, a empresa foi condenada por forçar contratos com valores abaixo do custo com fabricantes de dispositivos móveis, além de exigir que o Google Search, a Play Store e seus apps próprios sejam instalados em detrimento de concorrentes.
De certa forma, o Google usa o Android como um “cavalo de troia” de modo a enfiar o Google Search nos aparelhos de todo mundo, lembrando que mais de 90% de sua renda bruta vem de buscas. Isso foi entendido como uma prática desleal, e além da multa fenomenal a empresa foi obrigada a:
Tais exigências foram um golpe duro contra o Google, que depende de seu motor de busca para fazer dinheiro; o CEO Sundar Pichai chegou a se valer de uma bravata, dizendo que se caso tais decisões não fossem revistas, a companhia seria obrigada a passar a cobrar uma taxa de licença de uso ou dos apps, ou do próprio Android. Como esperado, a Comissão não deu ouvidos à ameaça e lembrou que a gigante tinha menos de 90 dias para se adequar, ou ser multada em até 5% do volume médio de negócios da Alphabet Inc., holding do Google.
Agora veio a conta. Através de uma nota oficial, o vice-presidente sênior de Plataformas e Ecossistemas do Google Hiroshi Lockheimer explicou como o Android será oferecido na Europa de agora em diante. O sistema em si, o AOSP continuará sendo gratuito e de código aberto, mas os Google Apps, o Google Search e o Google Chrome exigirão o pagamento de uma licença de uso para serem pré-instalados em novos dispositivos. Serão oferecidos dois pacotes, um com a loja e apps como Docs, YouTube, Play Música e outros e um segundo, com o Search e o Chrome.
Aos fabricantes que vendem smartphones e tablets na Europa, portanto, serão dadas as seguintes opções:
Lockheimer foi categórico ao dizer que a inclusão obrigatória dos Google Apps, em especial do motor de busca "ajuda o Google a financiar o desenvolvimento e distribuição gratuita do Android", logo a cobrança de taxas é uma consequência na redução esperada na arrecadação no Velho Mundo a partir do dia 29 de outubro, data limite para a implementação das mudanças. Ao mesmo tempo, o Google deixa claro que não possui controle sobre o preço final dos dispositivos Android, e caso os fabricantes optem por manter os Google Apps é esperado que os preços subam.
Por outro lado, o medo maior do Google é de permitir que as OEMs simplesmente ignorem os pacotes e implementem soluções próprias no lugar de seus apps, o que já é uma realidade entre fabricantes que adotam forks do Android (algo que a empresa também não pode mais inibir). Logo, é bom a gigante aceitar o fato de que fatalmente passará a fazer muito menos dinheiro na Europa.
As mudanças dizem respeito apenas ao continente europeu; para o resto do mundo nada muda e os Google Apps, o Search e o Chrome continuam gratuitos.
Com informações: Google.