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CEO da Sony diz que companhia vai "se afastar dos gadgets". O que isso significa?

Kenichiro Yoshida reafirma proposta de Kazuo Hirai, de uma possível saída da Sony do mercado de gadgets para se focar em conteúdo e sensores para terceiros; decisão pode vitimar até mesmo a linha PlayStation.

6 anos atrás

A Sony está em vias de adotar decisões drásticas e polêmicas para permanecer como uma empresa saudável e lucrativa: o atual CEO Kenichiro Yoshida, que sucedeu Kazuo Hirai em abril pretende colocar em prática um novo plano de transição que levará a companhia a se afastar gradativamente do mercado de hardware (smartphones, TVs, câmeras digitais e PlayStation), de modo a concentrar seus esforços em produção de conteúdo, música e fabricação de sensores de imagens.

O plano de pular fora do mercado de gadgets não é exatamente novo: em 2015 o então CEO Kazuo Hirai apontou para a mesma direção, na época especificamente se referindo à divisão mobile como a mais problemática. Convém lembrar que um ano antes a Sony vendeu a divisão de computadores VAIO e desmembrou a de TVs, transformando-a numa subsidiária. À época, embora não tenha ficado claro a divisão de hardware PlayStation havia sido colocada em segundo plano, com Hirai dando mais destaque à plataforma no que tange a conteúdos por streaming (PS Now/PS Vue) do que aos consoles em si.

Yoshida por outro lado é bem mais radical: sendo um profissional de carreira da Sony, com mais de 30 anos de casa e vindo do setor financeiro, ele nutre muito menos amor pelo hardware legado da companhia japonesa. Como CFO, ele criticou duramente decisões de antecessores que se recusaram a seguir o bonde do mercado e não mudaram de acordo, perdendo espaço e relevância. Em última análise, ele faz parte da geração que nunca foi com a cara da divisão PlayStation (que teve dura resistência no início) e mesmo com ela sendo uma das poucas lucrativas por anos, prefere não ver a Sony dependendo de hardware para continuar viva.

O que nos leva aos números mais recentes: embora a plataforma PlayStation Plus conte hoje com 34,2 milhões de assinantes, o que agrada a Sony a venda de consoles da linha PS4 caiu 20% de 2017 para 2018, o que é normal considerando que a empresa já vê o mesmo se aproximando do fim de seu ciclo de vida. As vendas de câmeras digitais e smartphones (que continua sangrando loucamente) caem ano após ano e embora a saída de TVs se mantenha estável, a divisão é mais um estorvo do que uma fonte de receita.

Fontes: Sony e Bloomberg

Segundo o plano de Yoshida, a Sony deverá focar nos próximos três anos em desenvolvimento de mais conteúdos para seus serviços, aumentar o alcance em música adquirindo parte da EMI que ainda não lhe pertencia (US$ 2,3 bilhões serão reservados para tal empreitada) e a produção de sensores de imagens para smartphones, com foco principalmente na Apple serão intensificados. A Sony também pretende ampliar a PlayStation Network, maximizando o número de assinantes mas de acordo com o documento oficial, isso não quer dizer necessariamente um maior investimento na linha de consoles.

Isso significa num primeiro momento que a próxima geração de consoles contará com um menor investimento e dedicação no que tange a desenvolvimento interno, confiando mais em soluções de terceiros como a AMD (cogita-se que o PS5 conte com um chip da linha Ryzen), até porque não faz sentido abrir mão de um produto líder de mercado; por outro lado, com a Sony preferindo se concentrar em cinema, música, sensores e seguros (a Sony Life é uma das maiores seguradoras do mundo) a possibilidade da divisão ser encerrada não é tão improvável assim.

De qualquer forma, matar sua galinha dos ovos de ouro seria a decisão mais imbecil de todas.

O que deve acontecer até 2021: a Sony pode abrir mão das câmeras digitais, TVs e smartphones e venda as três divisões para terceiros de modo a colocar mais grana no caixa, enquanto aumenta seus esforços na manufatura de sensores e produção de conteúdo, enquanto a divisão PlayStation seria mantida por razões óbvias: o PS4 é líder de mercado e mesmo que não venda mais como antes, estamos nos aproximando do fim da oitava geração e é possível que entre 2020 e 2021 o PS5 (e o inevitável sucessor do Xbox One, da Microsoft) chegue ao mercado; vai depender da resposta do mercado se ele será o último da família ou não.

Basicamente Yoshida está seguindo a filosofia do antigo CEO Nobuyuki Idei (1999-2005): a Sony cansou de trabalhar por amendoins, no caso o mercado de hardware.

Fonte: Bloomberg.

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