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Leatherface is coming! 45 anos de O Massacre da Serra Elétrica

O filme de terror cult O Massacre da Serra Elétrica completou 45 anos, e Leatherface está mais vivo do que nunca, com mais um reboot sendo produzido

4 anos atrás

O clássico filme cult O Massacre da Serra Elétrica de Tobe Hooper completou 45 anos em outubro de 2019, dando origem a uma vasta franquia com várias sequências e reboots com Leatherface e sua família, e não foi por acaso, já que ele é um dos maiores, melhores e mais influentes filmes de terror de todos os tempos.

Leatherface em cena de O Massacre da Serra Elétrica

A trama de O Massacre da Serra Elétrica é bem clássica e conhecida, um carro cheio de jovens fica sem gasolina em uma estrada no Texas, e eles têm a brilhante ideia de pedir ajuda em um matadouro que fica bem na frente. Mal sabem eles que o lugar é moradia de uma família de maníacos canibais, com destaque para Leatherface e sua especialidade, a serra elétrica que dá título ao filme.

Mas o que seria essa tal de serra elétrica? Como o Cardoso conta neste post, o termo correto é motosserra, mas por causa do tradutor do filme original o filme será sempre conhecido no Brasil de O Massacre da Serra Elétrica mesmo.

Apesar da fama de violento e sangrento, o filme tem poucas cenas realmente grotescas, ao contrário dos que vieram depois na franquia. Para criar a história do filme, o diretor e roteirista Tobe Hooper disse ter se inspirado na cobertura pela imprensa da violência na cidade de San Antonio, Texas, já que ele trabalhava desde o começo da década na Universidade do Texas como operador de câmera em documentários.

Cena de O Massacre da Serra Elétrica

Hooper escreveu o roteiro em parceria com Kim Henkel, que é o autor da história original. Durante as filmagens, o título provisório do filme era Headcheese e, por um tempo, ele também foi chamado simplesmente de Leatherface, um personagem com problemas mentais criado por uma mãe controladora e uma família realmente perturbadora.

Ed Gein, a inspiração macabra

O personagem Leatherface teve como inspiração o assassino serial Ed Gein, (1906-1984), que deu origem a outros vilões em outros livros e filmes, mas o caso real do assassino é bem mais monstruoso do que qualquer ficção. Sua primeira vítima foi seu irmão Henry, morto em 1944, embora nada tenha sido provado na época. No ano seguinte, a mãe dele morreu, e então Gein perdeu a razão e, eventualmente, começou a criar roupas e acessórios dos corpos de suas vítimas, das quais guardava os órgãos na sua casa.

Leatherface em cena de O Massacre da Serra Elétrica

Assim como Leatherface, Ed Gein foi criado por sua mãe dominadora pela qual foi totalmente reprimido ao longo da infância. O assassino também foi a principal inspiração para Norman Bates de Psicose, o livro que Robert Block escreveu em 1959, e que depois foi brilhantemente transformado em um clássico do cinema por Alfred Hitchcock, e que certamente inspirou Tobe Hooper.

Embora os dois personagens sejam inspirados em Gein, eles também são bem diferentes e Leatherface não tem nome e mal consegue falar. Bem ao contrário do articulado Bates, o que mostra como o personagem de O Massacre da Serra Elétrica é original.

Ed Gein também deu origem a outro terrível vilão, o Buffalo Bill dos livros de Thomas Harris, visto em Dragão Vermelho e também na sua sequência mais famosa, O Silêncio dos Inocentes (é para tentar parar o assassino que Clarice pede ajuda a Hannibal Lecter).

Para o uso de uma motosserra, Tobe Hooper diz ter tido uma inspiração ao visitar uma loja de ferramentas completamente lotada em um período de Natal, e visto uma estante com várias delas, e depois olhou para as pessoas que estavam no seu caminho e teve uma ideia que felizmente ele resolveu escrever e filmar, em vez de colocá-la em prática.

Para criar a realização e produção do filme em si, Hooper diz ter se inspirado em filmes que mostraram o que podia ser produzido com pouco dinheiro e muita criatividade, que foi basicamente a estratégia que ele colocou em prática. Os atores eram desconhecidos, que Hooper tinha trabalhado em seus comerciais e documentários no Texas.

Uma produção realmente caótica

Por trás da máscara de Leatherface, o ator Gunnar Hansen, que se preparou muito bem para o papel, mas certamente não tinha imaginado que iria ter que usar sua máscara (sempre suja, pois a produção não tinha outra e não queria que ela se perdesse ou mudasse de cor) por 12 a 16 horas por dia, todos os dias durante um mês inteiro em uma casa com um calor insuportável, repleta de sangue e restos de animais em decomposição, cuidadosamente recolhidos pelo diretor de arte Robert A. Burns.

Nesse post do Bloody Disgusting, podemos ver como foi a recepção da crítica na época do lançamento, e se me permitem o trocadilho infame, foi um verdadeiro massacre. O filme foi detonado por Johnny Carson, no The Tonight Show, e também banido por vários países. O diretor Tobe Hooper foi finalmente compreendido pelo crítico Rex Reed, que disse que ele era o filme mais assustador que já tinha visto na vida.

O filme enfrentou vários problemas de produção e é realmente impressionante ver que ele conseguiu ser finalizado apesar de todos eles. Para começar, o elenco não se dava nada bem, e não por acaso. Marilyn Burns, a atriz que viveu a personagem principal Sally, se machucou em uma cena clássica com o avô da família mais degenerada do cinema (John Dugan), e depois descobriu que foi por causa de Hansen, que tinha tirado a proteção da faca, não para machucar a atriz, mas sim para acelerar seu trabalho quando o tubo de sangue usado na filmagem não funcionava direito.

Franklin e Sally em cena de O Massacre da Serra Elétrica

O ator Paul A. Partain que viveu Franklin, o irmão de Sally, resolveu que iria ficar na cadeira de rodas durante toda a gravação para entrar melhor no personagem, e o ator Gunnar Hansen também era mal visto pelo resto da equipe (muito provavelmente pelo cheiro da máscara e o resto das "vestimentas" do seu personagem, sem falar no caso da faca).

É bem engraçada a história de quando Hansen resolveu levar uma namorada em seu primeiro encontro para assistir ao seu filme, mas ela não ficou nada satisfeita ao descobrir qual era o seu sangrento papel, um relato que ele contou pessoalmente aqui. Por causa do ator John Dugan, que não queria passar pelo processo de maquiagem novamente, a cena do jantar precisou ser gravada de uma vez, com um total de 27 horas de gravação, o que certamente deixou todos exaustos e de péssimo humor.

Outro detalhe curioso da produção é que vários atores aceitaram parte dos lucros para participar do filme, que tinha um orçamento de US$ 140 mil. Eles ganharam ações da empresa Vortex, criada para gerir o filme Massacre da Serra Elétrica (o presidente era o co-roteirista Kim Henkel e o vice-presidente era o próprio Tobe Hooper).

O que os atores e atrizes não sabiam é que a Vortex só tinha direito a metade dos direitos da produção, o que é claro acabou gerando muita briga depois. De qualquer forma, todo o trabalho, dedicação e até a raiva deles pelo processo de produção foi recompensado pelo imenso sucesso cult do filme, que se não fez muito dinheiro nas bilheterias, acabou tendo um grande impacto na indústria de filmes de terror.

As sequências e os reboots

Mas e o resto da franquia, você me pergunta, afinal até agora eu só escrevi sobre o primeiro filme? Ela vai muito bem, podem ficar tranquilos, inclusive temos um novo reboot a caminho, dessa vez com produção de Fede Alvarez, responsável pelo também reboot de Evil Dead.

Depois que ficou claro que Leatherface era um vilão de filmes de terror que merecia seu espaço na cultura pop ao lado de Michael Myers e Jason, o filme precisava de uma continuação, ou várias, como foi o caso.

Tudo (re)começou com O Massacre da Serra Elétrica 2, dirigido por Tobe Hooper em 1987, que rendeu US$ 8 milhões nas bilheterias, quase que dobrando seu orçamento de US$ 4,7 milhões, bem mais generoso do que o primeiro filme, diga-se de passagem. O filme conta a história do Tenente Lefty Enright, vivido pelo ótimo Dennis Hopper, que é tio de Sally e Franklin do primeiro filme, e resolve investigar novos crimes da família.

O próximo filme foi Leatherface - O Massacre da Serra Elétrica 3, lançado em 1990, desta vez com direção de Jeff Burr. A franquia seguiu adiante com O Massacre da Serra Elétrica - O Retorno, este dirigido por Kim Henkel, co-autor do roteiro do filme original. O filme tinha no elenco Renée Zellweger e Matthew McConaughey, e uma pegada de humor que definitivamente não estava presente no original de 1974.

Depois disso, um reboot do original foi dirigido por Marcus Nispel e produzido por Michael Bay em 2003, que rendeu US$ 107 milhões de bilheteria, e manteve a franquia viva. O próximo filme foi O Massacre da Serra Elétrica: O Início dirigido por Jonathan Liebesman em 2006, que como o nome diz, mostra o passado de Leatherface e origem da sua marca registrada, a máscara com o rosto de sua vítima Eric.

Esse prequel do reboot também foi bem na bilheteria, rendendo US$ 51 milhões.

O próximo filme da franquia foi Texas Chainsaw 3D, no Brasil chamado de O Massacre da Serra Elétrica 3D - A Lenda Continua dirigido por John Luessenhop, em 2013. O último lançado (até agora) foi Leatherface - A Origem do Mal, dirigido por Alexandre Bustillo e Julien Maury em 2017, desta vez uma prequel do reboot do original de 1974, mas esse último sequer foi lançado nos Estados Unidos. O próximo reboot ainda não tem uma data confirmada para chegar aos cinemas.

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