Ronaldo Gogoni 5 anos e meio atrás
Reconhecimento facial é uma realidade, cada vez mais encontramos soluções para identificação de pessoas nos lugares e situações mais simples possíveis, como por exemplo para autenticar o uso de bilhetes especiais nos ônibus em várias cidades do Brasil. Ainda assim um processo de identificação massivo, para reconhecer e autenticar grandes quantidades de pessoas simultaneamente não é algo que qualquer empresa é capaz de fazer; isso é coisa do nível de grandes companhias e governos (China inclusa).
Ainda assim o comitê organizador das Olimpíadas e Paraolimpíadas de Tóquio em 2020 se preparam para utilizar o reconhecimento facial em larga escala durante os jogos, de modo a escanear e rastrear as faces de milhares de pessoas entre atletas, organizadores (apenas oficiais e seguranças, a novidade não deve ser estendida a voluntários) e jornalistas. O público não fará parte da brincadeira por limitações da tecnologia, mas nada impede que no futuro grandes eventos possam contar com credenciais do tipo para todos.
A intenção do comitê, segundo fontes é agilizar o reconhecimento de pessoas autorizadas a entrarem em locais restritos de acordo com o nível de suas credenciais, o que até a Rio-2016 foi feito manualmente. Já na Tóquio-2020 o sistema chamado NeoFace, fornecido pela NEC se encarregará de checar os rostos e compara-los com as fotos armazenadas no banco de dados; este contará com cadastros de 300 mil a 400 mil pessoas entre atletas, oficiais, seguranças e jornalistas. Um sistema similar foi testado pelos japoneses durante os jogos do ano passado, mas em pequena escala para autenticar a entrada no centro de visitantes reservado ao Japão, situado durante o evento na Cidade das Artes.
Pode parecer complicado, mas ninguém duvida que a NEC é mais do que capaz de dar conta do recado; o NeoFace é fornecido para diversos empreendimentos desde a rede de fast-food CaliBurger ao Departamento de Segurança Interna dos EUA, ao implantar o sistema nos aeroportos JFK e no de Atlanta, bem como também fornece seus serviços ao departamento de polícia de Chicago.
A notícia entretanto levantou preocupações. Especialistas em segurança questionam há tempos o destino dos dados coletados pela NEC, que pode muito bem estar criando um grande banco de dados relacional com informações de todos os seus clientes e implanta-lo durante a Tóquio-2020 só colocou mais lenha na fogueira, mas esse é um caminho sem volta. Se a tecnologia facilitará o credenciamento dos presentes nos Jogos Olímpicos e for minimamente seguro (o comitê organizador precisa garantir isso), mesmo que o pessoal reclame ele será colocado em funcionamento. E não é como se o Google já não tivesse nossos dados faz tempo, certo?
Fonte: Japan Times.