Ronaldo Gogoni 5 anos e meio atrás
Não há uma maneira gentil de dizer isso: a linha de dispositivos móveis da Microsoft é um zumbi. O investimento é mínimo, a companhia cortou quase que totalmente os investimentos e postos de trabalho e mesmo boas ideias como o Continuum viraram gimmicks para inglês ver.
A maior parte da culpa recai sobre a própria Microsoft. Além de ter entrado tarde na festa, quando iOS e Android já estavam estabelecidos e dominavam o mercado a gigante de Redmond meteu os pés pelas mãos mais de uma vez, principalmente no que dizia respeito a suporte e atualizações. Quando o Windows Phone 8 foi lançado foi decidido que os donos de WP7 não receberiam a atualização e teriam que virar com o remendo 7.8; não contente ela repetiu a dose com o Windows 10 Mobile, e os donos de aparelhos até que recentes ficaram mais uma vez a ver navios.
Como o CEO da Microsoft Satya Nadella saiu cortando tudo o que fazia volume desnecessário, a linha mobile da empresa foi totalmente colocada de escanteio de modo a focar em soluções mais rentáveis como nuvem e mercado corporativo (a divisão Xbox é um caso… curioso); dessa forma compromisso com pós-venda deixou de ser prioridade e quem comprou um Windows Phone, qualquer que se seja ficou com cara de tacho, sem lenço sem documento e sem suporte/updates. Ainda que tal estratégia venha dar retorno, o impacto na imagem da Microsoft não foi dos melhores.
Quem sentiu isso na pele e não está nada contente com a empresa é o departamento de polícia da cidade de Nova Iorque. Entre abril de 2015 e o início de 2016 ela investiu US$ 160 milhões na compra de 36 mil aparelhos Windows Phone 8.1, a saber Lumias 830 e 640 XL para equipar seus policiais e mantê-los conectados. O prefeito Bill de Blasio chegou na época a elogiar a proposta, chamando-a de “um passo importante rumo ao século 21”. Sim, também estou rindo.
Agora veio a conta: o NYPD será obrigado a trocar todos os aparelhos de modo que não é bom manter os policiais com dispositivos sem atualizações constantes e obsoletos (o suporte foi encerrado no dia 11 de julho último), e já anunciou que irá substituí-los por iPhones. Em termos de pós-venda a Apple é campeã, mantendo suporte a dispositivos de até cinco anos de idade em alguns casos. Nenhum Android recebe atualizações por tanto tempo e embora o gasto inicial seja alto, com o tempo ele será amortizado.
A culpa por essa presepada está caindo toda nas costas na vice-comissária de Tecnologia da Informação Jessica Tisch, que teria feito pressão para a adoção dos dispositivos Microsoftcom a desculpa de compatibilidade comos sistemas de vigilância da polícia já em uso, quando ela deveria ter abraçado uma das duas plataformas líderes de mercado desde o início (e sendo bem sincero, já na época o Windows Phone já não andava bem de saúde).
Fonte: New York Post.