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Ops… destroyer americano bate em cargueiro no Japão e quase afunda

Algo que não acontecia faz tempo: um navio japonês quase afundou um navio de guerra americano, mas dessa vez foi sem-querer. Um cargueiro de 40 mil toneladas chegou às vias de fato com um destróier, e até o capitão do navio americano acabou bastante ferido.

7 anos atrás

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Como a Sandra Bullock bem sabe, situações envolvendo navios grandes podem rapidamente acabar em tragédias. Achamos que por sua pouca velocidade navios não causam grandes danos em colisões, mas Newton como sempre fala mais alto. F = m × a, a Força é a mesma se for uma massa de 1 kg a 10 m/s² ou uma massa de 10 kg a 1 m/s². E um navio pode ter massa de centenas de milhares de toneladas.

O efeito colateral disso é a inércia monstruosa, navios realmente grandes precisam de mais de 1 km para parar completamente, isso com os motores ao máximo, em passo revertido. Quando você desloca mais peso que um porta-aviões da Segunda Guerra, nem com propulsores consegue evitar a desgraça, se só se tocar na última hora.

Por isso marinheiros odeiam navegar em portos e em regiões apertadas e vias muito frequentadas, como o Golfo Pérsico. O Estreito de Ormuz, por onde passa boa parte de todo o petróleo do mundo tem menos de 40 km de largura. Gibraltar, 15 km. usando um desses sites de rastreio de embarcações, dá pra ver que o Golfo Pérsico é um engarrafamento só.

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A costa do Japão também é um lugar muito movimentado, principalmente nas proximidades de Tóquio, e foi lá que aconteceu o acidente com o USS Fitzgerald. Mais precisamente na região da Península de Izu.

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Às 02:20 da madrugada do dia 17 de junho ocorreu um embate desigual. De um lado o USS Fitzgerald:

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É um destróier classe Arleigh Burke, com 6.900 toneladas de deslocamento, 154 m de comprimento, velocidade acima de 60 km/h e comissionado em 1995.

Do outro lado, o ACX Crystal:

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É um cargueiro de containers, japonês de bandeira filipina, lançado ao mar em 2008, velocidade máxima de 50 km/h, 222,6 metros de comprimento e capacidade de carregar 2.858 containers, deslocando 40 mil toneladas.

Os dois se beijaram no meio da noite, o que é incomum mas não é raro. Excesso de alvos no radar torna a navegação confusa, mudanças de rota nem sempre são percebidas e no final das contas a última linha de defesa são os vigias. Só na ponte há seis pessoas 24/7 observando o mar, fora os em outros postos, mas neblina, noites sem Lua e cansaço geram erros.

Claro, dependendo do domingueiro ao leme esses hagadas acontecem em plena luz do dia:


9,999,998 views — Cargo Ship Collision

No caso em questão os danos foram feios. Não tanto no ACX Crystal:

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Já o Fitzgerald apanhou feio.

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A paulada atingiu o Fitzgerald a estibordo da superestrutura, destroçando o radar SPY, sala de rádio, alojamentos da tripulação e os aposentos do comandante Bryce Benson, que foi ferido com a colisão, a ponto de ser evacuado por helicóptero para o Japão.

Os danos são consistentes com uma manobra de emergência, aparentemente algum vigia percebeu tarde demais, e nem os 100 mil hp das quatro turbinas do Fitzgerald conseguiam evitar a colisão.

Os compartimentos começaram a fazer água, as portas estanques foram fechadas e no final sete marinheiros estavam desaparecidos. Buscas foram feitas no mar mas mergulhadores acharam os corpos nos compartimentos inundados.

iBankCoin.com — Aerial Footage Of USS Fitzgerald After Collision With Philippine Container Ship

Por um tempo achou-se que o USS Fitzgerald afundaria, mas a mania quase neurótica da marinha americana em treinar controle de danos mostrou-se justificada, e enquanto um oficial monitorava os alertas de alagamento e controlava os tanques de lastro para manter o navio equilibrado, os grupos de emergência corriam para isolar ligações elétricas, fechar válvulas e redirecionar sistemas.

Após algumas horas o Fitzgerald estava salvo… mas além da irreparável perda de 7 tripulantes, passará pelo menos um ano no estaleiro. Um navio a menos para o Grande Líder se preocupar.

Quanto ao ACX Crystal, nada que uma visita ao Martelinho de Ouro e  uma demão de tinta não resolva.

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O que acabou mesmo é a carreira do comandante Benson. Esse só vai comandar uma mesa, se der sorte. Esse tipo de acidente não pode acontecer. Não há justificativa. Explicação sim, justificativa não.

Fonte: War is Boring.

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