Carlos Cardoso 6 anos atrás
Normalmente as transmissões de lançamento terminam quando o satélite é liberado ou a cápsula chega a sua órbita de estacionamento. No caso dos satélites militares secretos, cortam um pouco antes, para atrasar em uns 5 minutos o trabalho dos espiões e entusiastas que estão monitorando tudo.
Depois que as câmeras são desligadas muita coisa ainda acontece, e nem falo do reabastecimento das bases orbitais secretas reptilianas. Há uma série de tarefas de manutenção, todas tentando prevenir o acúmulo de lixo orbital.
Caso seja um foguete em uma órbita elíptica como as usadas para lançar satélites geoestacionários, a tarefa principal é esvaziar os tanques de combustível e oxidante, ejetando para o espaço a mistura. A idéia é despressurizar os tanques evitando uma explosão, que gera destroços. Isso é ruim.
Se for um foguete em órbita baixa, como o segundo estágio do Falcon 9, ele decairá naturalmente em algumas semanas, mas onde exatamente ele atingirá a Terra, é imprevisível e ninguém quer ser o responsável pela primeira morte causada por um destroço orbital (sorry camponeses chineses, vocês não contam).
A solução é simples: depois de o satélite/capsula liberados e a missão cumprida, usam parte do combustível restante para programar um acionamento de motor que colocará o foguete em uma trajetória parabólica em direção a um ponto remoto do oceano. Feito isso, ejetam o combustível para eliminar risco de explosão.
A SpaceX costuma escolher como repouso final de seus foguetes o Oceano Índico, para isso a manobra de acionamento dos motores em posição retrógrada ocorre na região do Oriente Médio. Junte a isso a ejeção de combustível, e temos um belo show.
O último lançamento foi especialmente bom para ser avistado, ocorrendo no finalzinho do dia:
Conseguiram inclusive filmar o momento exato em que o combustível é ejetado. E sim, eles levam em conta a direção, pois isso altera a velocidade do foguete:
No YouTube há um monte de vídeos da região, de várias épocas, mostrando como é rotineira essa manobra. Isso não impede os ufeiros de saírem criando fanfics, e quase todos os vídeos já chegam chamando de UFO, claro.
Não é UFO, é a boa e velha tecnologia humana, proporcionando um show grátis no finzinho da tarde.
Fonte: Spaceflight 101.