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OpenAI: Elon Musk tentou assumir o controle

OpenAI rebate processo de Elon Musk, ao revelar que executivo investiu só US$ 45 milhões na startup, mas tentou controlá-la mesmo assim

06/03/2024 às 12:06

Recentemente, Elon Musk abriu um processo contra a OpenAI, alegando que a startup da qual foi co-fundador "se distanciou do objetivo original", que segundo o executivo, seria prover soluções de Inteligência Artificial (IA) em caráter aberto, ao invés de buscar o lucro, na forma do aporte financeiro e parceria bilionária com a Microsoft.

Agora veio a réplica: em uma postagem assinada pelos demais fundadores da OpenAI, a companhia rebate todas as declarações do ex-parceiro, dizendo que Musk investiu pouco em comparação às ambições em IA projetadas para a companhia, e que em um determinado momento, ele tentou assumir o controle total ao fundi-la à Tesla Motors, sua montadora de carros elétricos.

Segundo executivos da OpenAI, Elon Musk queria transformar startup na "vaca-leiteira" da Tesla, sem gastar muito (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Segundo executivos da OpenAI, Elon Musk queria transformar startup na "vaca-leiteira" da Tesla, sem gastar muito (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

No dia 29 de fevereiro de 2024, Elon Musk entrou com uma ação contra a OpenAI, acusando seu CEO Sam Altman e seu presidente Greg Brockman, também co-fundadores, de "trair a missão" da empresa, que seria promover o progresso das IAs em benefício da humanidade, até chegar à mítica IA Geral, também conhecida como IA Forte, a que faz tudo o que um ser humano faz; Roger Penrose, em seu livro A Mente Nova do Imperador, defendeu que isso é impossível, e agora há indícios de que ele está certo.

Segundo Musk, Altman e Brockman o convenceram a financiar a OpenAI no início, quando ela foi fundada em 2015, como um contraponto aberto ao que o Google estava fazendo com a DeepMind, que também era uma startup aberta, antes de ser absorvida. O dono da Tesla, SpaceX e X diz que a companhia que ajudou a criar se tornou uma subsidiária de código fechado da gigante de Redmond, ao invés de se manter uma fundação sem fins lucrativos, com acesso aberto a suas ferramentas de IA e códigos-fonte.

O que Musk não menciona no processo, é a existência de duas OpenAI. A original, OpenAI Inc., é de fato uma empresa sem fins lucrativos, através da qual as porções abertas de suas soluções, como a versão pública do GPT e ChatGPT são distribuídas; esta é a acionista majoritária (51%) da OpenAI Global, LLC., uma empresa de capital fechado, esta a que fechou a parceria com a Microsoft, que detém 49% de suas ações.

A OpenAI Global foi fundada para levantar o capital necessário para o desenvolvimento da IA Geral e soluções abertas da OpenAI Inc., e assim sendo, as soluções da primeira em sua maioria de código fechado, como as integradas aos produtos da companhia de Satya Nadella, como o Copilot, presente em versão prévia em todas as instalações do Windows 11. Quer a versão completa, integrada ao Office Microsoft 365? São R$ 110/mês.

No processo, Musk exige que Altman e Brockman voltem a focar no desenvolvimento de soluções em IA abertas, e que o GPT-4 seja reconhecido como uma IA Geral, assim, o acordo de distribuição com a Microsoft seria invalidado. No entanto, restava a companhia de Altman e Brockman se manfestar a respeito, o que aconteceu agora.

Em uma postagem no blog da OpenAI, os dois e os demais co-fundadores, a saber Ilya Sutskever, John Schulman e Wojciech Zaremba, rebateram as acusações de Musk e dizem que ele, para variar, não é o bonzinho da história.

Sam Altman e demais co-fundadores da OpenAI refutaram declarações de Elon Musk (Crédito: Eric Lee/Bloomberg)

Sam Altman e demais co-fundadores da OpenAI refutaram declarações de Elon Musk (Crédito: Eric Lee/Bloomberg)

OpenAI: "agora, o outro lado"

Na postagem publicada nesta terça-feira (5), os executivos da OpenAI dizem que a quantia inicial que precisariam para fomentar o avanço da IA era muito maior do que o projetado. Os números iniciais, sugeridos por Altman e Brockman, eram de US$ 100 milhões, mas Musk, através de um e-mail, os convenceu de que eles precisavam de um capital inicial de US$ 1 bilhão.

O executivo injetou apenas US$ 45 milhões do próprio bolso, com a OpenAI levantando adicionais US$ 90 milhões. Em 2017, a companhia começou a analisar a quantidade de poder computacional necessário para o desenvolvimento de uma IA Geral, e a conclusão que chegaram é que isso seria impossível como uma empresa sem fins lucrativos, visto que a empreitada consumiria bilhões de dólares por ano. Logo, a necessidade de fundar a OpenAI Global.

Segundo a OpenAI, Musk não foi contra a mudança de direção, e entendia a necessidade de ir para o capital fechado, e inclusive de não compartilhar abertamente todos os produtos da empresa, apenas os menos críticos, porém, o executivo propôs, como forma de estabelecer a face privada da companhia, que a OpenAI fosse absorvida pela Tesla, o que faria dela a "vaca-leiteira" da montadora, palavras do próprio.

Não obstante, Musk exigiu o cargo de CEO da startup, participação majoritária, e controle do corpo de diretores, o que, em resumo, é o modo como ele gere todas as suas demais companhias. Quando Altman e Brockman recusaram a proposta, alegando que "conceder o controle total a uma 'única pessoa" feria os princípios da OpenAI, o bilionário pediu o boné, dizendo que investiria em IA "por conta própria".

A postagem anexa vários e-mails trocados entre Musk e os executivos da OpenAI, de modo a validar suas alegações. Musk, até o momento, não disse nada sobre a réplica.

Na opinião de Musk, absorver a OpenAI, e controlá-la ele mesmo, seria a única forma de fazer frente ao Google, em disputar o mercado de algoritmos avançados desenvolvidos pela DeepMind, que na época, já havia demonstrado usos interessantes, tendo chegado inclusive a fazer um sistema especialista entender heurística, através do jogo de Go.

A essa altura, é difícil adivinhar o que pode sair desse processo contra a OpenAI, mas uma coisa é certa, Elon Musk não entrou com a ação exclusivamente por estar preocupado com o futuro da humanidade.

Fonte: The Verge

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