Carlos Cardoso 6 anos atrás
Olhe para sua mão. Você está vendo o resultado de 4 bilhões de anos de evolução. De uma nadadeira com uma única função ela virou uma pata para locomoção e um pouco de defesa. Com o passar dos anos, migramos para as árvores e descobrimos que mãos preênseis eram melhores do que cauda pois permitiam que primatas mais pesados balançassem nos galhos
Perdemos nossas caudas mas ganhamos mãos fortes E habilidosas. Descobrimos as ferramentas e aqueles que eram melhores em manipular pedras e galhos como armas, eram recompensados com a sobrevivência.
Hoje nada chega aos pés de nossas mãos. Olhe para a sua. Agora olhe para a caneca de café na sua mesa. Ok, volte para o texto. Estenda sua mão e pegue a caneca, sem olhar. Derrubou, né, seu atolado? Ok, seque tudo, tente de novo.
Quando você olhou para a caneca seu cérebro criou um modelo tridimensional, associado ao conceito de “caneca” e memórias que você já tinha do objeto. As partes ocultas foram preenchidas mentalmente, seu cérebro completou as lacunas modelando o que não conseguiu ver.
Uma sinfonia de impulsos nervosos e biofeedback comandaram seu braço para a posição aproximada da caneca. Seus dedos entram em modo-sensor, e no milissegundo em que tocam a caneca, o movimento do braço cessa. Cada um dos 5 dedos (ou quatro, se este blog for lido por ex-presidentes) pressiona apenas o suficiente para manter a caneca firme. Nunca a ponto de quebrar.
Quando você puxa a caneca para cima, não sabe ainda a força necessária. Seu cérebro faz uma estimativa, que é corrigida imediatamente quando os sinais indicam o peso real do objeto são passados pelos nervos. A aderência e centro de gravidade fazem com que alguns dedos demandem mais pressão do que outros. Isso é compensado dinamicamente, ao mesmo tempo em que a velocidade é controlada dependendo da quantidade de líquido.
As mesmas mãos que carregam sacos de cimento, o mesmo software interno que as capacita a subir em uma árvore, são capazes de produzir obras de arte em miniatura, ou fazer microcirurgias reconectando vasos sanguíneos de 1 mm de diâmetro.
Como é de se imaginar, fazer mãos robóticas com essa capacidade não é fácil.
A solução encontrada pela indústria foi criar manipuladores especializados. Robôs industriais são programados e construídos para fins específicos, o robô tem uma cabeça de solda, se for preciso que ele rebite algo, você troca a cabeça (tecnicamente a mão). Ele não manipula um arco de solta OU uma rebitadeira, é tudo integrado.
Em processamento de alimentos, a mesma coisa. Um robô que separa melancias não funciona com cerejas, e já pensou na complexidade envolvida em manipular cachos de uva sem espremer ou deixar cair?
Uma das empresas tentando tornar robôs mais versáteis é a Ocado, uma rede britânica de… supermercados. Eles querem automatizar a manipulação de alimentos, e para isso se aliaram à Disney Research, em Zurique, à Universidade Técnica de Berlim, e estão desenvolvendo u'a mão robótica bem mais versátil.
A mão não é nada de outro mundo, mas consegue sem modificações pegar um saco de limões…
Ou uma única maçã:
Claro, ainda é muito lenta e sem precisão, mas é um belo avanço. No estado atual a mão consegue manipular inclusive bananas sem amassar, e ovos sem quebrar. O truque é um conjunto de sensores nos dedos pneumáticos, e um sistema de feedback e visão computacional.
Por enquanto, os empacotadores dos mercados ingleses não precisam se preocupar: o sistema ainda é lento demais, mas é só uma questão de tempo…
Fonte: Tech Crunch.