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Virginia — Review

Com um um enredo intrigante e uma edição que mais parece a de um filme, Virginia não apresenta nenhum desafio, mas poderá influenciar muitos jogos futuramente. Leia nossa análise.

7 anos atrás

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A primeira vez que ouvi falar no jogo Virginia, fiquei fascinado com sua proposta. Os seus criadores diziam que a obra teria forte influência do Arquivo X e de Twin Peaks, funcionando como uma homenagem a séries de mistério que vimos na década de 90. Pois para o bem ou para o mal, o objetivo da Variable State foi alcançado.

Funcionando como o que muitos gostam de classificar como um “walking simulator”, talvez o termo nunca tenha feito tanto sentido quanto com o Virginia, já que em momento algum nos será apresentado algum desafio e nossa única opção será caminhar pelos cenários e clicar em determinados objetos. Tudo da forma mais simples possível e sem qualquer liberdade para o jogador.

virginia-2No jogo (ou se preferir, história interativa) assumiremos o papel de Anne Tarver, uma novata do FBI que deve acompanhar a agente especial Maria Halperin. A missão da dupla será investigar o sumiço de um adolescente na pequena cidade de Kingdom, localizada no estado norte-americano que dá nome ao jogo, mas logo descobriremos que há muito mais por trás da história.

Na verdade, essa premissa é apenas um gatilho para o jogo abordar a relação entre as duas policiais, já que a protagonista também foi incumbida de investigar a parceira e a todo momento somos apresentados a questões éticas, com o título falando sobre corrupção, traições e até a presença de OVNIs, mas tudo ficando subentendido.

Culpa disso é justamente um dos pontos altos do jogo, a sua edição. Assim como nos acostumamos a ver em filmes e séries, o título apresenta constantes cortes abruptos em sua narrativa, fazendo com que se num momento estamos andando pelo corredor de um prédio, rapidamente somos transportados para o interior de um carro e logo depois apareçamos deitados em nossa cama. Essa linguagem indubitavelmente faz com que o título seja bastante dinâmico, mas também torna a história propositadamente confusa e exige que o jogador interprete muitos acontecimentos.

Fazer com que tenhamos que preencher as lacunas é uma ideia interessante, mas fará com que muitos não entendam exatamente o que está sendo mostrado — principalmente na parte final — e um detalhe que contribui muito para isso é a total ausência de diálogos durante toda a história. No entanto, é fascinante ver como o estúdio conseguiu entregar um enredo tão complexo sem utilizar palavras.

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Há de se mencionar ainda o trabalho simplesmente espetacular de Lyndon Holland e da Orquestra Filarmônica de Praga, que juntos conseguiram entregar aquela que considero uma das melhores trilhas sonoras dos últimos tempos. Além de serem belíssimas, as músicas presentes no Virginia contribuem plenamente tanto para criar a atmosfera, quanto para contar a história, um trabalho realmente sensacional!

Na parte visual o título também consegue se sair muito bem, com um estilo artístico singular e muito bonito. Porém, a simplicidade dos gráficos cobra o seu preço na hora dos personagens tentarem passar alguma emoção, parecendo mais bonecos de madeira do que qualquer outra coisa. Mesmo assim, não acho que eles cheguem a comprometer a experiência.

Com erros e acertos, Virginia é um jogo que certamente não agradará a todos, parecendo um devaneio interativo nascido da mente de David Lynch e com maior chance de conquistar aqueles que estão mais interessados numa história intrigante.

Contudo, o que considero mais interessante em relação a criação da Variable State é a maneira como ela nos deixa pensando sobre tudo o que nos foi apresentado e como tenta levar a linguagem do cinema para os jogos, explorando brilhantemente a simbologia.  Para quem gosta de títulos assim, fica a esperança para que suas qualidades sirvam de influência para obras futuras. E algo me diz que isso irá acontecer.

Virginia está disponível para PC, PlayStation 4 e Xbox One.

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