Ronaldo Gogoni 7 anos atrás
Um dos desejos dos usuários de Android era de que o sistema fosse adaptável o suficiente para que pudesse rodar de forma satisfatória em desktops. Já tivemos várias iniciativas de terceiros, desde o estabelecido Android x86 ao mais recente e popular Remix OS, mas uma palavra oficial do Google a respeito nunca veio.
Há pouco tempo circulou um boato de que o Android poderia absorver o Chrome OS, já que este nunca mostrou a que veio; entretanto Mountain View logo desmentiu tudo, dizendo que o sistema embarcado em seus Chromebooks não irá a lugar nenhum. Só que uma referência encontrada no código-fonte das builds do Android N mostra que a empresa pode estar avaliando outras opções.
Desenvolvedores e fuçadores de plantão que já estão revirando a versão preliminar do robozinho (que pode acabar com sabor de Nutella mesmo) podem receber um modo de produtividade ainda mais eficiente que o Multi-Janela, introduzido originalmente pela Samsung no Galaxy Note 2 e chupinhado pela Apple no iOS 9: há diversas referências no código que mencionam um “modo experimental de janelas livres”. No arquivo de sistema framework-res.apk
, um dos mais cruciais as linhas mencionando o recurso são bem específicas:
<string name="enable_freeform_support">Enable freeform windows</string>
<string name="enable_freeform_support_summary">Enable support for experimental freeform windows.</string>
Essas strings aparecem em outros lugares do Android N, todos eles ligados à interface de usuário e experiência de uso. Há menções a botões de fechar e maximizar inclusive, dando a entender que o tal modo seria um formato tradicional para desktops.
O que isso significa? Basicamente o Android se aproximaria da ideia da Microsoft, que introduziu o excelente Continuum e transformou cada Windows 10 Mobile em um desktop em potencial, bastando apenas ter um dock, teclado, mouse e monitor. O recurso não é secreto, é inclusive mencionado na página de documentação do Android N:
Fabricantes de dispositivos maiores podem habilitar o modo de janelas livres, em que o usuário pode redimensionar quaisquer atividades. Ao habilitar esse recurso, o dispositivo passa a oferecer o modo em adição ao de Multi-Janela.
Pode ser que o Google esteja pensando em transformar cada Android (ou os mais potentes) em desktops bastante acessíveis, o que para muitos usuários faz muito sentido: em vez de comprar um conjunto completo bastaria apenas o smartphone e um kit básico de monitor e periféricos de entrada. Pense em o quanto isso pode ser significativo para estudantes, que não dependerão mais de uma máquina estática para fazer seus trabalhos escolares e poderão até mesmo usar o kit de teclado, mouse e monitor da escola.
Eu vejo muitas vantagens nesse modelo, mas vai depender de se o Google pretende mesmo adotá-lo em larga escala e em última análise, se os fabricantes irão adotá-lo ou ignorá-lo, deixando-o como um feature que só os modelos com o robozinho puro poderão desfrutar.
Fonte: Ars Technica.