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Fotografia e Memória — reavendo lembranças em Mariana-MG

Veja como fotógrafos de Mariana-MG estão ajudando aos moradores atingidos pela catástrofe a recuperarem suas memórias familiares.

8 anos atrás

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Eu sou um grande fã do Superman. Sim, podem me zoar, mas eu gosto do escoteiro azul e me emociono muito com suas histórias (pelo menos com as boas). No último filme lançado no cinema (Man of Steel — 2013), uma cena foi particularmente interessante. Depois de ter sua casa destruída por Zod (Michael Shannon), Martha Kent (Diane Lane) adentra as ruínas para salvar aquilo que lhe é mais importante: um álbum de fotografias.

A memória familiar é preciosa, pois nos lembra quem somos, as pessoas que amamos, os entes que se foram e tudo o mais que nos é importante. Uma fotografia tem o poder de nos transportar imediatamente para o passado e nos relembrar de sentimentos adormecidos e alegrias vividas. Por isso que em tempos digitais é tão importante proteger essas memórias, já que a maioria não virá mais para o papel. 

É o drama da perda das memórias que também está afligindo as vítimas do desastre ambiental de Mariana-MG que atingiu a região em 5 de novembro. Moradores contam que não tiveram tempo de salvar nada de suas coisas quando a enxurrada de lama chegou. Fotografias (digitais ou de pepel) foram levadas pela lama causando a perda de encontroas familiares, eventos importantes, álbuns de casamento e de debutantes. Porém, nem tudo está perdido. Alguns moradores estão conseguindo recuperar essas memórias perdidas com os fotógrafos profissionais da cidade.

O fotógrafo Élcio Rocha, de 52 anos, que (segundo ele) está na profissão desde os 15 anos é um destes profissionais. Já foi procurado por 7 famílias e, por sorte, ainda tinha os negativos de 5 delas. O fotógrafo afirma que vai refazer os álbuns de casamento sem custo para as famílias. “Tudo que eu puder fazer para diminuir um pouco a dor dessas pessoas, vou fazer. Se esse tipo de recordação não tem preço para elas, para mim também não vai ter”, disse Élcio. Outros não tiveram tanta sorte. A fotógrafa Maria Clara conta que saiu do ramo há 2 anos e jogou fora 40 anos de histórias em negativos.

Vejam a grande responsabilidade. Não existe Lei que obrigue o fotógrafo profissional a guardar os arquivos de um evento. Geralmente o prazo de armazenamento é decidido no contrato. Mas, mesmo sendo um acordo comercial, estamos falando de memórias, de sentimentos, de um ponto importante na vida daquela pessoa. Embora eu não tenha obrigação de guardar os arquivos de trabalhos finalizados, tenho muita dificuldade de me livrar deles. Ainda tenho os negativos do primeiro casamento que fotografei (em 1996), da mesma forma que ainda tenho todos os arquivos digitais finalizados desde que comecei a fotografar com digital (desde 2008). Guardar tudo isso requer um investimento considerável (negativos precisam de um ambiente longe de umidade e refrigerado), mas no fundo acho que vale a pena.

E vocês? o que estão fazendo para proteger a memória da família?

Fonte: em.com.br

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