Ronaldo Gogoni 7 anos atrás
Layla Richards, de apenas um ano é uma afortunada. Mesmo com tão pouca idade ela já passou por um período terrível, mesmo que ainda não se dê conta: ela foi diagnosticada com leucemia com apenas 14 semanas de vida, e no seu caso ela era resistente às drogas utilizadas no tratamento. Tanto que os médicos já a haviam desenganado.
Só que há jedis na ciência, e os da vez foram os profissionais do Great Ormond Street Hospital do Reino Unido. Eles tentaram uma técnica até então testada somente em ratos — a edição de células T de forma a fazer com que elas combatam o câncer — numa tentativa de salvar a pequena Layla. E funcionou.
A pequena Layla não teve nenhuma resposta ao tratamento tradicional de leucemia, e eventualmente não tinha mais expectativas de vida. Como última tentativa de salvar sua vida foi empregado um método ainda experimental, jamais utilizado em humanos que contou com a supervisão do doutor Waseem Qasim da University College London, cujo campo de pesquisa é terapia gênica para tratamento de câncer.
O método consiste em editar os genes de células T saudáveis provenientes de um doador, programando-as para responderem a uma proteína específica — no caso a CD19, encontrada no tipo de leucemia que Layla desenvolveu, a Linfoide Aguda ou LLA. Dessa forma os linfócitos T administrados no corpo da paciente ficariam encarregados de localizar e destruir todas as células doentes presentes no organismo.
Falando assim parece simples mas o processo é bem complexo: não só as células tinham que ser programadas em modo “Search & Destroy” como também tinham que ser desenvolvidas de formas que o próprio sistema imunológico de Layla as identificassem como invasoras, acabando por destruí-las.
Layla recebeu uma transfusão com 10 ml das células editadas (o procedimento foi devidamente autorizado pelos pais) e permaneceu por um mês isolada, já que seu sistema imunológico estava fraco. Após isso foi constatado que os drones fizeram seu trabalho e a leucemia foi controlada. Por fim Layla recebeu um transplante de medula e agora se recupera em casa. Um mês depois ela passa bem, livre da leucemia.
Claro que há um monte de poréns nesse caso. Layla pode ter dado muita sorte, o procedimento poderia não ter dado certo (o dr. Paul Veys, clínico responsável pela pequena atribuiu o sucesso a um “milagre” — não meu caro, foi a ciência) e ainda assim não é 100% garantido; o método será avaliado na conferência anual da Sociedade Norte-Americana de Hematologia e obviamente será testado por pares, devidamente esmiuçado como deve ser. Mesmo assim o dr. Qasim se mostra otimista com o resultado de sua pesquisa: caso o tratamento seja viável, ele poderá representar um passo adiante no tratamento de leucemia e outros tipos de câncer, principalmente em casos em que quimioterapia, radioterapia e remédios não surtem mais efeito.
De qualquer forma é um passo dado e Layla e sua família estão muito felizes por mais esse 7 × 1 da medicina.
Fonte: GOSH.