Carlos Cardoso 8 anos atrás
Existem alguns críticos que comparam o modelo de negócios dos jogos freemium com estratégia de traficantes, mas eu discordo. Um traficante é um comerciante ilegal honesto, que (ao menos nas histórias de terror contadas por avós) oferecem drogas em portas de escola, como amostra grátis.
O estúdio que trabalha com jogos freemium monta todo seu negócio em volta de recompensas ilusórias, conquistas falsas e uma estrutura irritante onde você apenas não consegue avançar depois de algum tempo sem comprar as malditas moedinhas verdes.
Para uma análise perfeita do modelo freemium, recomendo o episódio de South Park Freemium Isn't Free.
No Facebook o maior nome é o Zynga, o estúdio que produziu o Farmville, uma espécie de SimFarm sem a parte do Sim. Não há jogabilidade, a rigor Farmville não é um jogo, é um engine simplório e repetitivo, por isso mesmo perfeito para milhões de pessoas que querem ser gamers mas acham Campo Minado complicado demais.
Em dispositivos mobile o campeão imbatível é um tam de Game of War: Fire Age (nome altamente criativo!) de uma tal de Machine Zone. É isso aqui:
Não, você não voltou para 1997, quem voltou foram os “desenvolvedores” do jogo, kibando a estrutura do Age of Empires, piorando um pouquinho os gráficos e fazendo (mais) um joguinho de gerenciamento de recursos e guerrinha. Com algumas diferenças:
O multiplayer é agressivo, primeiro para não ter que desenvolver uma cara IA decente, segundo para tornar a coisa pessoal, e te fazer querer vencer o outro cara a qualquer preço.
Segundo, justamento o a qualquer preço. Depois das fases iniciais construção de novas unidades leva dias, tudo demanda ouro, e ouro, você sabe, é dinheiro. O jogo se torna extremamente agressivo querendo que você compre ouro. Mesmo os 67 pontos da cotação do Metacritic se tornam suspeitos, quando a avaliação dos usuários (1,9 / 10) é assim:
Como essa bomba fatura milhões de dólares por dia? Simples, publicidade, muita publicidade. Eles estão em todo canto, de banners em apps a anúncios irritantes em Flash. Ano passado gastaram US$ 40 milhões em divulgação. Este ano passaram um comercial no Super Bowl, com a maravitototsa Kate Upton.
Game of War - 2015 Super Bowl Commercial "Who I Am" ft. Kate UptonAqui outro comercial do jogo com ela, for science, claro.
Game of War: Live Action Trailer - "REPUTATION" ft. Kate UptonA estratégia dos caras é baseada em Grandes Números. Se conseguirem que 5 milhões de pessoas baixem o jogo, se 10% de viciarem, são 500 mil pessoas.
Agora segundo o TMZ sai Kate Upton, entra Mariah Carey, que está recebendo mais de US$ 1 milhão por um comercial de 30 s. A estratégica provavelmente é atingir um segmento diferente, visto que boa parte do público da MC é feminino.
Confesso que sinto inveja, a idéia de ganhar rios de dinheiro produzindo jogos minimamente funcionais baseando-se em ganância e instintos primais dos jogadores é algo deliciosamente maquiavélico.
Fonte? Venture Beat.