Carlos Cardoso 8 anos atrás
Por mais que o público ache o contrário, não existe rotina em exploração espacial. Você está lançando um — ou melhor, vários — tubos de metal interconectados, carregando centenas de toneladas de combustível altamente inflamável que nada mais querem que explodir em uma imensa bola de fogo. Aí você acende a ponta desse tudo e reza pro combustível queimar de forma comportada.
Um Saturno V tinha 3 milhões de componentes isolados. Se trabalharmos com uma margem de falha de 0,1% ainda assim temos 3.000 componentes que podem dar caca.
Como deu o Proton-M lançado em 1/7/2013. O histórico do foguete em si é complicado, o percentual de falhas é de quase 10%, se contarmos os problemas com o estágio superior, mas o pior mesmo é que há uma persistente falta de controle de qualidade ameaçando o projeto.
A Rússia, apesar da marra do Putin, está no buraco faz tempo. O PIB deles é menor que o do Brasil, e manter toda essa indústria aeroespacial e de defesa sai caro. Aí ocorrem hagadas como um Proton-M cujo estágio superior foi abastecido errado e ficou pesado demais. Ou esse de 2013. Ao menos o acidente é lindo:
Martin Vit — Proton M rocket explosion July 2 2013 slow motion full HD
Aqui visto de longe:
De outro ângulo:
http://www.youtube.com/watch?v=LNJmy4dg1jQDan Beaumont Space Museum — Proton M rocket explosion, NEW VIDEO 3, from Astrium team, July 2, 2013
Três satélites GLONASS e US$ 200 milhões foram pra vala. O motivo acabou de ser relevado, depois de anos de investigação: algum idiota provavelmente chapado de vodca instalou três sensores de velocidade de cabeça pra baixo.
Putin provavelmente já mandou o estagiário pra Sibéria, mas esse tipo de erro tende a se repetir, quando se economiza em certificação e testes. Sei bem como é isso, uma vez um diretor de TI “cortou custos e aumentou a agilidade” da empresa ao eliminar o ambiente de homologação, as alterações do software iam direto de desenvolvimento para produção. Foi divertido e levou quase 20 minutos pro site cair.
Fonte: Space Daily.