Ronaldo Gogoni 8 anos atrás
A gente sabe que estilistas adoram brincas com roupas-conceitos, aquelas ideias pra lá de malucas que aparecem em desfiles de moda e que possuem viabilidade zero de serem usadas no dia a dia, mas vez ou outra aparecem ideias interessantes, que servem mais como experimentos do que qualquer outra coisa.
É o caso da vez: uma parceria entre o cientista australiano Gary Cass e a designer Donna Franklin resultou em um curioso vestido, que fora o visual esquisito é feito unicamente de cerveja e bactérias.
Cass ficou responsável obviamente pelo desenvolvimento do tecido, e ele o fez adicionando acetobactérias ao precioso néctar da vida. Essas por sua vez consomem a cerveja e a convertem em uma fibra muito próxima ao algodão, batizada de “Nanollose”.
O cientista lembrou que as acetobactérias não são nocivas, e na verdade elas são utilizadas na indústria para diversos fins. Cass diz que teve a ideia para o projeto de “roupas fermentadas” após um acidente num vinhedo em que trabalhava, na década de 1990. Um barril de vinho mal selado permitiu a entrada de uma bactéria específica, e em uma semana 10.000 litros da bebida haviam se convertido em uma membrana maleável.
O tal vestido de vinho oriundo da experiência foi apresentado em 2012, mas possuía o inconveniente de ter que ser mantido sempre úmido, além do forte cheiro da bebida ter permanecido. Ambos não ocorrem com o tecido feito à base de cerveja.
Segundo Cass as aplicações são diversas. Ele diz que a produção da Nanollose é mais sustentável que os métodos de hoje da indústria têxtil, mas o mais interessante é que a fibra é um elemento inerte no organismo, e já foi detectado em estudos que certos tipos de células-tronco aderem a ele, permitindo que pedaços possam ser utilizados para cultivo das mesmas.
Bom, desde que usem cerveja barata para tal creio que muita gente não vai se opor.
Fonte: Telegraph.