Carlos Cardoso 8 anos e meio atrás
Em 1999 a Sony esqueceu da ordem de esconder do resto do mundo que japoneses na verdade são viajantes de 200 anos no futuro, e lançou o Aibo, um cachorro-robô com processador RISC de 64 bits, sensor de calor, câmera, sensor infravermelho, microfones, acelerômetro e várias outras características interessantes.
Ele falava, andava, reconhecia comandos de voz e principalmente tinha um SDK para quem quisesse desenvolver softwares e modificar a personalidade do Aibo, ensinar novos truques, aí era só inserir o Memory Stick e ver o bicho renascer.
Olhe o nível de complexidade do brinquedo:
salam dakwah — Cute and Smart Sony Robot Dog Aibo ERS-7.MP4
O Aibo foi produzido até 2007, totalizando 150 mil unidades, e o preço não era brinquedo não, US$ 2 mil. Mesmo assim ele gerou uma legião de fãs, que naturalmente acabaram tratando seus robôs como mais que simples máquinas.
Isso nem de longe é recente, adoramos antropomorfizar carros, navios, espadas. A gente se apega fácil.
A Sony fez sua parte, dando suporte ao Aibo por bastante tempo, mas no começo de 2014 a última oficina que cuidava de Aibos fechou. As peças de reposição escassearam e os cachorrinhos começaram a morrer.
Muitos donos viram seus companheiros funcionando uma última vez, quando uma trilha em algum chip cedeu ao indomável destino da Entropia, e ele não foi mais capaz de executar sua programação. Nesse momento o Aibo era mais que uma máquina, não merecia ser jogado fora como uma torradeira.
Esses donos estão se encontrando em templos xintoístas e com a ajuda de monges celebram e se despedem de seus Aibos.
Sei que vão surgir os que acharão ridículo, mas não consigo deixar de simpatizar com os donos desses Aibos. Não há nada de errado em se apegar a uma máquina, no máximo representa empatia demais, não de menos. E de qualquer jeito, quem você tem mais saudade, do seu primeiro Nokia ou de um comentarista de YouTube?
E se não convenceu, lembre-se que você se apegou a um cachorro de desenho animado.
Fonte: RT.