Emanuel Laguna 10 anos atrás
Numa coincidência cinematográfica incrível, em 2000 duas grandes produções de Hollywood colocaram vida em Marte. Se você não os viu ainda e/ou não acompanhou o SciCast correspondente, o tio Laguna fará spoilers nos dois parágrafos seguintes.
Em Missão: Marte os astronautas dão de cara com uma nave alienígena da antiga civilização que por lá vivia. Aí um asteroide matou a vida por lá e o tal povo avançado (eram japoneses?) indiretamente seria responsável pela vida na Terra. Ok, pura pipoca mesmo.
No Planeta Vermelho, uma missão anterior (no filme) enviou um laboratório cheio de algas para alimentar os colonizadores. Aparentemente dá tudo errado e os astronautas além de terem que encarar um robô militar que endoidou, encontram um inseto anaeróbio capaz de comer qualquer coisa e excretar oxigênio. Um pouco menos mentiroso.
Pois bem, ambos os filmes erraram feio: em 2012 a Curiosity descobriu que aquele planeta não teria quaisquer formas de vida alienígenas baseadas em carbono. Estéril.
Para tentar mudar isso, a NASA lançará em 2020 uma nova sonda nos moldes da Curiosity. A missão pretende extrair amostras do solo marciano que seriam enviadas à Terra, de um foguete lá de Marte mesmo!
Entre os instrumentos propostos para a nova sonda teremos uma bela inclusão: o MOXIE — Mars Oxygen ISRU Experiment, uma máquina capaz de transformar o CO2 da rarefeita atmosfera marciana em oxigênio. Seja para consumo humano, seja como comburente para alimentar foguetes partindo de Marte.
Como a nova sonda usará muitas das mesmas peças e desenhos da Curiosity, a NASA vai poder poupar mais de meio bilhão de dólares em custos embora ainda sejam necessários US$ 1,9 bilhão para pagar os 950 kg de equipamentos e seu respectivo envio à Marte, incluindo as despesas com a equipe que vai controlá-la remotamente caso necessário.
Os sete principais instrumentos que a versão 2.0 da Curiosity pretende levar a Marte (incluindo o MOXIE) representam apenas US$ 130 milhões do orçamento, mas serão essenciais à missão. A lista pode ser conferida no press release mas basicamente temos os mesmos tipos de equipamentos inclusos na Curiosity original, com o destaque para o MOXIE.
Mesmo que o MOXIE transforme todo o CO2 marciano em oxigênio, não seria recomendável para um futuro astronauta abrir o capacete: como Marte perdeu a maior parte de seu campo magnético, o planeta possui regiões onde recebe tempestades de radiação solar que seriam fatais em segundos de exposição.
Fora a pressão atmosférica, baixa demais para que o ar de lá seja respirado diretamente por humanos, pois seria quase vácuo comparado à nossa atmosfera. A temperatura mais baixa e diferença de umidade também não ajudariam. Mas não custa sonhar com uma Terra 2 aqui ao lado.
Fonte: BBC.