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CEO da Apple, sobre investidor que não se importa com sustentabilidade: “venda suas ações”

Durante reunião com os acionistas, Tim Cook rejeita categoricamente a política do NCPPR em diminuir a dedicação sócio-ambiental da Maçã. O agora zangado CEO da Apple manda o investidor vender suas ações da empresa: “queremos um mundo melhor do que o que encontramos, não apenas lucro”.

10 anos atrás

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Temos crédito até de carbono (Fotomontagem do Mac Observer)

Sustentabilidade é a moda do momento: “pega bem” para a imagem pública de qualquer empresa estar antenada com o “verde”. Se sua companhia não usar sustentabilidade como palavra-chave do marketing, pode ter certeza que mesmo sendo uma startup ela será considerada aliada das grandes corporações centenárias que usam e abusam de combustíveis fósseis, matam golfinhos, distribuem cáries para as crianças, et cetera.

Por outro lado, quando você é o presidente de uma empresa que não é ONG e visa o lucro, fica difícil convencer os novos acionistas, sedentos por lucros em seus investimentos recentes, de que salvar coisas idiotas como a camada de ozônio é mais importante que o troco para o caviar do próximo final de semana.

Ontem, última sexta-feira de fevereiro, durante a reunião anual de acionistas da Apple, Tim Cook recebeu uma sugestão ambientalmente nada agradável de um acionista quando a empresa apresentou seus programas de sustentabilidade, aumento nos seus créditos de carbono e metas ambiciosas como ser alimentada apenas com energia vinda de fontes renováveis:

O destaque dado ao aumento das emissões de gases do efeito estufa, por exemplo, coloca a Apple ao lado dos alarmistas que, na ausência de dados mais concretos, culpam as recentes atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, pelo suposto aquecimento global.
 
Compreendemos que algumas companhias têm se expandido para além da promoção de objetivos de negócio tradicionais e estão pressionando os executivos de negócios para alcançar objetivos sócio-ambientais, mas isso pode afetar a rentabilidade da empresa e valor dela para nós acionistas.
 
O envolvimento da Apple nesses empreendimentos sócio-ambientais carece de transparência: a informação publicamente disponível sobre os membros das associações comerciais e atividades conexas é mínima. Um relatório anual mais detalhado ajudaria a proteger melhor nosso investimento.” — NCPPR – Centro Nacional de Pesquisas em Políticas Públicas.

O contexto aqui é que a NCPPR, organização que diz ser “ativista do livre mercado”, não gostou nada em ver uma dependência cada vez maior da Apple em energia verde e detestou ainda mais o anúncio da contratação de Lisa Jackson, ex-chefe da Agência de Proteção Ambiental, para liderar os esforços de sustentabilidade.

Tim Cook lembrou a todos que embora a Apple esteja com os bolsos cheios de dinheiro, não é do feitio da companhia corresponder todas as demandas dos acionistas, sobretudo aquelas motivadas por ativismo político.

Fazemos um bocado de coisas por razões que vão além da obtenção de lucros: queremos um mundo melhor do que o que encontramos.
 
Quando trabalhamos para tornar nossos aparelhos mais acessíveis às pessoas portadoras de deficiência visual, estamos pouco nos lixando para o retorno de nossos investimentos em pesquisa e desenvolvimento
.” — Tim Cook, CEO da Apple.

Ainda durante a reunião dos acionistas, um representante da NCPPR, Justin Danhof, enviou um outro comunicado:

A Apple parece tão obcecada com a teoria do aquecimento global quanto aquele outro membro do conselho, Al Gore, o é. O atual CEO da empresa [Tim Cook] deveria procurar investidores que se preocupem mais com o retorno dos investimentos do que com a redução das emissões de CO². Os membros do conselho deveriam convencê-lo disso.
 
Embora a proposta de transparência sócio-ambiental do NCPPR não tenha recebido os votos necessários para passar pelos membros do conselho da Apple, milhões de acionistas da empresa agora sabem que Cupertino está envolvido com organizações que não parecem ter o melhor interesse dos investidores em mente.
 
Tudo bem que muitas vezes os investidores olham para retornos de curto prazo e não têm conhecimento das decisões políticas corporativas que podem afetar as perspectivas financeiras de longo prazo mas, após a reunião de hoje, os acionistas podem ter a certeza de que a Apple está desperdiçando quantidades incalculáveis ​​do nosso dinheiro para combater o teórico aquecimento global. A pergunta que não quer calar: quanto?
” — Justin Danhof, do NCPPR.

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Esses acionistas usam Android por acaso? (Crédito: 9to5 Mac)

Foi aí que o Tim Cook perdeu a compostura britânica: ele claramente ficou zangado com tais palavras contra a dedicação sócio-ambiental da Apple. Em vez de continuar discursando longa e calmamente na reunião dos acionistas, ele olhou diretamente para o tal representante do NCPPR na plateia e soltou esta:

Se você está aqui apenas pelo retorno dos investimentos, venda suas ações da Apple a outro!

O tio Laguna acha que o Tim Cook mandou bem, embora o pedido do NCPPR tenha algo interessante: transparência nos investimentos. Não adianta a Apple ser “verde” e não deixar claro o quanto: energia vinda de fontes renováveis ainda é um investimento muito caro cujo retorno muitas vezes só vem a longo prazo.

Aqui no Brasil, por exemplo, temos casos de ONGs obscuras que conseguem o engajamento de artistas famosos em causas pra lá de absurdas e ninguém sabe de onde vem o dinheiro. No Carnaval que é nossa classe política, pode até ser dinheiro público.

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