Carlos Cardoso 15 anos atrás
Em uma coletiva de imprensa funcionários do Ministério da Tecnologia chinês se recusaram a garantir que não irão censurar o acesso online dos jornalistas que cobrirão aos Olimpíadas de Pequim.
Não adiantou nada o Comitê Olímpico Internacional ter lembrando, um mês atrás, que liberdade de imprensa, incluindo acesso total à Internet é um dos deveres do país-anfitrião dos Jogos. O Grande Firewall da China continuará de pé.
É isso aí, camarada. Vamos evitar que essas idéias subversivas de liberdade de expressão, direitos individuais e democracia cheguem aos ouvidos da influenciável juventude chinesa. Imaginem quanto estrago à Revolução Cultural e ao grande legado do Camarada Mao causaria uma juventude inconsequente, de posse de celulares, computadores e câmeras digitais, além de Internet para enviar seu material subversivo para o mundo todo?
Ops, é verdade. A China já teve problemas com Liberdade de Imprensa, mas felizmente (para eles) controlaram a situação. Do sujeito acima, nunca mais se soube. Hoje em dia? Não seria mais possível, e eles sabem disso. Portanto a ordem é censurar a Internet, o máximo possível, bloqueando sites como Google, Wikipedia e até um de meus blogs (sério, o Contraditorium está banido na China). Adianta? Não. Só atrasa. Os bons geeks chineses sabem como contornar esses bloqueios.
E essa atitude, logo na Olimpíada, vai sair pela culatra. O que vai acontecer? Uma exposição do mundo real à qual a sociedade chinesa nunca chegou perto de ter. Embora o pessoal do Tibet não goste, dar um gostinho de liberdade é uma das atitudes subversivas mais eficientes, acredito que o germe das mudanças contaminará a China, mais rápido que a SARS, e mais dia menos dia migrarão do marketismo-leninismo para uma economia menos próxima ao feudalismo.
O lado ruim é que nossas quinquilharias da 25 de Março ficarão bem mais caras.
Fonte: Ars Technica