Mauro Amaral 15 anos e meio atrás
Quando fui convidado a ingressar no time de colaboradores do MeioBit, ofereci aos colegas uma idéia básica do que seriam meus posts: não da tecnologia per si...mas de como invenções, pesquisas, lançamentos, tendências e produtos influenciariam na mudança de direcionamentos de nossa vida. De preferência para melhor.
Então comecei a trazer barcos solares, robôs, intrusões - ou não - em nossa privacidade (se é que ela ainda existe) e que tais.
Fiz esta pequena introdução que no meio jornalístico chamados de "nariz de cera" para apresentar uma linha de pesquisa, duvidosa, do pessoal da Universidade de Delaware.
A idéia parece promissora: se um dos grandes problemas para as indústrias é o preço da energia estocada porque não aproveitar os momentos de inoperância de carros híbridos e elétricos (algo como 90% de seu tempo de vida) para que eles funcionem como fornecedores de energia elétrica para casas de seus donos?
Explica-se: entre 4h e 7h da manhã, as usinas de fornecimento sofrem com o pico advindo de prédios comerciais, indústrias e moradias. Neste momento, o sistema criado por Willet Kempton, e seus colegas, o V2G (vem de vehicle-to-grid), se encarregaria de gerenciar o fornecimento de pequenas quantidades de energia. Cada carro, estimam os pesquisadores, poderia render até US$ 4 mil em energia estocada. Kempton continua:
..um carro não faz diferença neste tipo de operação, mas se conseguirmos chegar a 100 carros, conseguiríamos em um terço do tempo, um megawatt de energia estocada.
Agora vamos pensar.
Existem duas maneiras de atacar um problema: ou você foca no próprio problema ou em sua solução. É quase um mantra para quem gerencia projetos e, vez em quando você ouve de um profissional mais experiente: "Pare de focar no problema ou foque na solução, ora bolas".
O pessoal de Delaware me parece ter focado no problema. O pico de energia levou a utilizar energia circulante ou parada para suprir uma deficiência esquecendo-se que um bem particular será usado para contornar uma limitação governamental.
Ok, estamos todos no planeta terra pensando num bem maior e somos como a Liga da Justiça, heróis contra o vilão do aquecimento global.
Mas uma abordagem focada na solução, deveria incluir:
a) Alternativas para não locomoção. Ou seja: teletrabalho, melhor infra-estrutura comercial perto de casa, cidades planejadas etc
b) Diminuição do consumo de energia: porque não pensar num sistema que comande o consumo de habitações e divida entre elas o consumo?
c) E os carros movidos a hidrogênio? Me parece que eles tem mais chance do que carros elétricos. Como fica o cenário do projeto frente a esta questão?
Conclusão
Tecnologia é bom e todo mundo gosta. Soluções são melhores ainda.
Fonte: New Scientist