Mauro Amaral 15 anos atrás
Sei lá, às vezes pinta um receio sim.
Se no início do século XX, a principal questão ao redor do "relacionamento" entre robôs e humanos restringia-se à esfera sindical, com os "orgas" clamando por postos de trabalho perdidos pela automação, o século XXI apresenta-se com novidades...preocupantes.
Vamos começar por Justin. Desenvolvido na Universidade de Nápoles e apresentado pelo professor Siciliano algumas semanas atrás, é o primeiro de sua espécie a ter um tipo de arquitetura (baseada nos braços DLR-III Light-Weight) que permite movimentos ultra-finos e sensibilidade incrível (detalhes neste vídeo aqui).
Este por exemplo, é um típico caso de medo-do-robô do século XX. "Nossa, ele poderá desenhar, operar, tocar um instrumento melhor do que um humano." Me lembrei agora da adaptação - médio,ruim-, do Eu Robô para o cinema , que apresenta o seguinte diálogo:
Detective Del Spooner: Human beings have dreams. Even dogs have dreams, but not you, you are just a machine. An imitation of life. Can a robot write a symphony? Can a robot turn a... canvas into a beautiful masterpiece?
Sonny: Can *you*?
Bacana não? De que adianta dizer que um robô pode fazer maravilhas se eu nem ousei tentá-las? Sim, Justin poderá fazer tudo isso, mas provavelmente não irá. Será usado em exploração de minas ou regiões abissais, ou até mesmo será enviado para o Evereste ou ao K2 para salvar alguém etc.
Mas... Vejam o caso do RIBOGU Q. O brinquedinho foi desenvolvido pela japonesa ALSOK e é o primeiro a utilizar com sucesso a tecnologia de "identificador de faces"...para cruzar com as listas negras do governo e prender contraventores, criminosos, terroristas e suspeitos em geral. Isso assusta.
Joga por terra as três leis da robótica, faz pensar que uma falha mínima num banco de dados controlado por um funcionário público sonolento pode levar você para a cadeia e transfere a sutileza da matéria legal (culpado ou não culpado e por quê) para a frieza de critérios binários...
É claro, que a despeito do tom geral do post, achamos sempre um ponto de equilíbrio para os efeitos da inventividade humana.
Mas, mesmo assim...é complicado, Watson, muito complicado.