Ronaldo Gogoni 10 anos atrás
A verdade do universo (tá, uma delas, a outra só o Shaka sabe) é que a indústria da ponografia e tecnologia sempre andaram de mãos dadas, desde quando nossos ancestrais resolveram andar em duas pernas. Uma prova cabal disso é esse consolo de pedra encontrado numa caverna na Alemanha, datado de cerca de 30 mil anos.
Tudo o que usamos hoje se popularizou graças à sacanagem. Que o diga o Betamax, que era superior tecnologicamente ao VHS (Al Bundy ainda deve ter o dele) ou o HD-DVD em relação ao Blu-ray. Quando a indústria porn abraçou eles, todo mundo foi atrás (epa!).
Obviamente o Google Glass seria a nova menina dos olhos das produtoras de filmes educativos para maiores, o que pode ajudar e muito o gadget a se popularizar de vez.
Segundo Alana Evans e Missy Martinez, atrizes pornô e apresentadoras do programa de rádio online The Naughty Gamers Show (NSFW, óbvio), "o Glass vai causar um grande boom na produção de vídeos POV," - Point of View, em que a câmera fica posicionada de forma a criar uma perspectiva em primeira pessoa - "pois vai facilitar a produção dos vídeos".
E tem razão. O Glass filma em HD, então qualidade não é problema. E o fato do ator/câmeraman não ter que segurar o aparato (ou acoplá-la ao ombro) durante o ato fornicatório pode dar ainda mais imersão ao espectador, já que a intenção é que ele se sinta no lugar do cara.
Não somente produção, mas os consumidores também seriam beneficiados com o Glass: filmes pr0n interativos já existem, mas o Google Glass permitiria muito mais interatividade. E ainda mencionam conectá-lo a aparelhos USB de self-pleasure como o Real Touch, que existem aos montes (tem até uma versão joystick, cortesia do Japão, claro) como forma de tornar a "experiência" mais "realista".
Fica evidente que é a indústria pr0n vai vender uma forma ainda mais imersiva de simulação de estímulos, ou Simstim, como William Gibson eternizou em Neuromancer e Mona Lisa Overdrive, entre outras obras. Hoje em dia o que ele escreveu e parecia coisa de um futuro distante está literalmente ao alcance de um click (e disponibilidade financeira, já o Glass é caro pra chuchu).
Por outro lado, numa curiosa coincidência o próprio Gibson recentemente testou o Google Glass, ainda que por poucos segundos.
Gibson estava dando uma palestra no New York Public Library, quando um espectador ofereceu seu gadget para que ele experimentasse. Nada mais justo que o pai do Cyberpunk e um dos responsáveis indiretos pelo avanço tecnológico (tanto quanto Clarke, Asimov, Bradburry e Gene Roddenberry) provasse como é se sentir como um dos seus muitos personagens. A avaliação dele?
Apesar de ficar decepcionado por ter usado por tão pouco tempo, ele adorou. Só acha que no futuro ele deverá ter um visual menos óbvio como o scouter, e mais parecido com um óculos mesmo. Pena, não veremos lentes iguais às da Molly Millions...
No fim, William Gibson previu o sexo à distância por estímulos recebidos de outra pessoa (ainda que na imaginação). Esse futuro pode acabar fazendo com pessoas deixem (ainda mais) o contato com pessoas reais e preferindo a realidade virtual. É uma relação win-win, já que não gerarão descendentes por livre e espontânea vontade e a humanidade como um todo sai lucrando nessa.