Roberto Camara Jr. 10 anos atrás
Então que em uma bela quarta-feira de sol (ao menos aqui em Salvador) o gigante de Moutain View, sem muito alarde, lançou o seu mais novo serviço:
O Google Keep, um app para quem precisa fazer uma anotação rápida.
A ideia é simples: poder a qualquer momento, em qualquer lugar, escrever ou ditar - já falo sobre isso - uma anotação rápida, criar uma lista de tarefas ou tirar uma foto de algo importante ou não. Tal anotação estaria automaticamente sincronizada e você poderia acessá-la do conforto do seu lar através do seu navegador predileto (que obviamente seria um Chrome) pela maravilhosa rede mundial de comunicação aka internet.
Cada anotação pode receber uma cor diferente o que ajuda na hora de saber o que procurar, além de deixar o widget do aplicativo no celular mais prático.
Além disso, ao invés de escrever, você pode ditar sua anotação e ela será devidamente transcrita, palavra por palavra no seu bloco de anotações… ou quase.
Quando eu disse “testando o reconhecimento de voz do Google Keep”, por exemplo, ele entendeu “testando o reconhecimento de voz do google tito”… Quase lá. Especialmente se levarmos em consideração que meu celular está configurado para entender português e “Keep” é, da última vez em que chequei, uma palavra inglesa. Um erro honesto, pode-se dizer.
O problema é que já vimos isso antes, e melhor: o Evernote faz exatamente a mesma coisa e ainda dá a opção de “taguear”, compartilhar suas anotações com qualquer pessoa, salvar uma página ou uma imagem da web e muito mais.
Já o Color Note pode não taguear como o elefante verde e nem ser acessado através de um browser mas, em compensação, tem algo que faz falta a ambos: um calendário. Nele é possível não somente organizar suas tarefas por dia específico como também criar alarmes para lembrá-lo sobre uma tarefa seguinte. Infelizmente esse calendário não pode ser sincronizado com a agenda do próprio celular (que por sua vez é sincronizada com o Google Agenda), é algo que realmente senti falta no Keep. Isso sem contar com o fato de ter widgets que lembram os bons e velhos post-its que acostumei a colar na borda do meu monitor.
O maior problema que vejo no Google Keep não é a falta de sincronização com a agenda, não soar alarmes para lembrar as tarefas, a falta de opção de compartilhamento ou mesmo tags. O problema é que eu já vi algo bem parecido com isso antes e o próprio Google decretou sua morte algum tempo depois de lançado. Ou vocês já esqueceram do finado Google Notepad?
A morte anunciada do Google Reader na semana passada mostrou um lado do Google que poucos gostam de lembrar: o de empresa que precisa lucrar e, com isso, aplicativos que não dão dinheiro suficiente têm um mesmo destino, o cemitério.
Essas mortes levantam uma questão importante: até que ponto podemos confiar no Google? Afinal, hoje em dia, dependemos dele para quase tudo: desde buscar o significado de um termo qualquer a saber se o mesmo estaria escrito de forma correta. Dependemos do Maps quando estamos perdidos, usamos o Gmail e até compartilhamos materiais sensíveis através do Google Docs Disco Drive.
Aos poucos o Google está se transformando no mais próximo que temos de uma divindade. Ao menos onipresente ele já é. Desde que tenhamos uma boa conexão, claro, e até disso já estão cuidando lá pelas bandas da terra do tio Obama. O jeito é rezar, só que bem baixinho pois vai saber o quão alto o Google Voice Search pode ouvir, não é?