Vitória de Deep Blue sobre Kasparov pode ter sido “sorte”
Dori Prata 11 anos e meio atrás
Ao lado do mergulho e de corridas de rally, acho que uma das maiores frustrações da minha vida foi de nunca ter aprendido a jogar xadrez. Quer dizer, mover as peças pelo tabuleiro eu até sei, mas não acredito que saber que o cavalo “anda em L” me certifique como um enxadrista.
Mesmo assim, lembro-me de ter acompanhado com certa atenção uma disputa ocorrida em 1997 entre Garry Kasparov e uma versão melhorada do super-computador Deep Blue, que terminou com a vitória da máquina. Na época tanto o campeão mundial quanto outros jogadores conceituados reclamaram de um movimento feito pela inteligência artificial, algo que consideraram tão sofisticado que só poderia ter sido feito por outro ser humano e agora, quinze anos depois, ficamos sabendo que tudo pode não ter passado de um golpe de sorte.
A revelação foi feita por Murray Campbell, um dos três criadores do computador da IBM e publicada no livro The Signal and the Noise, escrito pelo jornalista Nate Silver, do The New York Times. Durante uma entrevista o cientista disse que em determinado momento da partida a máquina foi incapaz de decidir qual movimento faria a seguir e devido a uma falha no sistema, escolheu a jogada aleatoriamente.
“Kasparov concluiu que a jogada contraintuitiva poderia ser um sinal de inteligência superior. Ele nunca considerou que aquilo era um simples bug,” declarou Campbell.
Para muitas a disputa não passou de um teatro, uma jogada de marketing para elevar as ações da IBM, opinião que o documentário Game Over: Kasparov and the Machine só ajudou a reforçar, mas tenha sido a derrota do russo fruto de um acordo, da superioridade da máquina ou mesmo uma falha, o fato é que Kasparov esteve em desvantagem desde o início, já que o seu adversário conhecia todo o seu histórico de jogadas, não se cansava e nem estava suscetível à pressão psicológica, qualidades estas que só reforçam o talento daquele que é considerado por muitos como o maior jogador de xadrez de todos os tempos.
[via Playbook]
