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Morpheus pega fogo enquanto Internet esquece o conceito de protótipo de testes

Depois de 20 testes, um acelerômetro falhou na plataforma de testes para pouso de cargas, que perdeu a orientação e pôs a perder o protótipo Morpheus, que explodiu de forma espetacular!

12 anos atrás

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Semana passada algo estranho (ou não, era esperado) ocorreu: em meio à euforia justificada do pouso da Curiosity, a galera que ama odiar tudo que todo mundo gosta descobriu o Morpheus Lander.

Uma plataforma de testes para pouso de cargas em lugares como a Lua, a grande novidade é que ao invés de hidrogênio ou hidrazina, Morpheus queima oxigênio e metano, materiais que podem ser produzidos através de gelo lunar, e a própria Estação Espacial Internacional joga fora, como subproduto indesejado.

Depois de 20 testes, um acelerômetro deu pau, o equipamento perdeu a orientação e Morpheus foi pro saco, pegando fogo e explodindo de forma espetacular. As Interwebs, em especial o Twitter, aquele antro de engenheiros astronáuticos correram para gritar NASA FAIL, chamar os caras de burros e tudo mais que mentes frustradas de 14 anos podem inventar em termos de insulto.

Foi uma falha? COM CERTEZA, é por isso que fazem testes, e não enfiam um humano no alto de um foguete assim que ele sai da linha de montagem. Tirando no Brasil, onde somos lindos perfeitos e os americanos explodem nossos foguetes por medo e inveja, no resto do mundo o programa espacial vem junto com uma série de falhas, erros e lições.

Reconheço, claro, que a explosão foi linda, acompanhe:


George Hatcher — Morpheus lander first free flight and failure in HD

Para facilitar: depois da caca feita nos primeiros segundos, temos:

1 min 56 s — primeira explosão

6 min 24 s — segunda Explosão

8 min 38 s — bombeiros chegam pra acabar com a festa

Alguém vai morrer por causa disso? Teremos inquéritos, jornais cobrando? Não. Faz parte, desde o princípio da exploração espacial foguetes falham. E que falhem na fase de testes, como no impressionante caso do simulador de pouso lunar da Apollo.

Como ninguém nunca tinha pilotado um módulo lunar antes, era preciso criar algo que simulasse as respostas do bicho. A NASA montou um trenó com uma turbina vertical e diversos jatos de manobra, que dariam ao piloto uma resposta aproximada de como o módulo se comportaria.

À primeira vista ninguém em sã consciência subiria naquela gambiarra, mas os caras estavam treinando para ir até a Lua dentro de uma cabine telefônica com tecnologia pouco mais avançada que barro fofo e pedra lascada, então estava valendo.

Neil Armstrong foi um dos que testou o negócio, e provou que era mais um Jedi do que qualquer outra coisa. Um dos jatos de manobra falhou, mas mesmo assim ele tentou controlar e compensar até o último momento, só ejetando muito a contra-gosto, faltando 0,00005 s para sua morte certa. Veja:


Michael Lennick — NEIL ARMSTRONG'S LUNAR LANDER TRAINER ACCIDENT

Pela lógica da internet isso seria FAIL e todo o programa lunar deveria ser cancelado.

Ainda bem que a internet não manda em nada, nem mesmo na própria Internet.

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