Carlos Cardoso 12 anos atrás
A Tata Motors é uma espécie de Kia no mau sentido, made in Índia, com tudo que isso implica.
Os carros são feios, inseguros, mal-acabados e por isso mesmo incrivelmente baratos. Há Tatas por US$8 mil. São perfeitos para o mercado indiano e fazem um sucesso imenso. Só que eles querem mais, e agora resolveram faturar em cima de algumas vantagens legais:
As Leis de incentivo fiscal para veículos não poluentes e o desconhecimento geral das Leis da Física.
Antes cancelado, o Tata movido a ar comprimido voltou e será disponibilizado em Agosto como Tata Mini CAT Air Car, essa aberração aqui:
A um preço de US$8.200,00 o CAT terá velocidade máxima de 96,5Km/h e autonomia de 297,7Km.
Dados, claro, teóricos, lembrando do imenso campo de distorção de realidade que envolve esse tipo de informação.
Realidade aliás é o que estraga tudo, sempre. De um lado a empresa e ecochatos alardeiam emissão zero, esquecendo de um pequeno detalhe: A menos que Jesus em pessoa apareça para soprar e encher o tanque (algo improvável, é pouco digno para entidades onipotentes. Torradas tudo bem), há um gasto de energia.
Comprimir ar exige… compressores, que não vivem de esperança. Você precisa de uma fonte de energia, e no caso da Índia 70% de sua eletricidade vem de combustíveis fósseis. 40% desses, carvão. 80% do petróleo consumido no país é importado, 31% de todas as importações do país são combustível.
Usar ar comprimido é uma forma MUITO ineficiente de aproveitar esse petróleo, tanto em perdas quanto –mais importante- em densidade energética. Ar é um péssimo armazenador de energia. Para colocar em perspectiva veja a densidade energética de algumas formas de armazenamento:
A eficiência energética de um carro a ar comprimido fica entre 5% e 7%. Um veículo a gasolina fica em torno de 14%.
Encher um tanque de um carro desses em 5 minutos, como anunciado exige um compressor industrial e consome 360KWh de energia. O chuveiro mais potente do Brasil, a Ducha Potenza Digital Pressurizada (eu quero uma!) tem consumo máximo de 31,8Kwh/mês.
Carros como esse são uma saída rápida, uma forma de varrer para debaixo do tapete o problema da poluição, sem ligar para sustentabilidade. Uma cidade limpa sem fumaça ou barulho de motores fica linda nos folhetos turísticos e principalmente nas urnas, enquanto isso carvão está sendo queimado loucamente, para bancar a utopia insustentável.
Não existe combustível alternativo pois o único combustível é a Energia. Existem formas mais ou menos eficientes de convertê-la e armazená-la. Ao comprar um carro de ar comprimido o sujeito está causando mais dado ao meio-ambiente do que se usar transporte público, mesmo sendo o 634 com aquela nuvem de fumaça de Diesel atrás.
Fonte: Examiner