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Rússia: Apple remove apps de VPN a pedido do governo

Apple atende pedido da agência Roskomnadzor e remove da App Store apps de VPN; governo da Rússia aumenta controle sobre a internet no país

09/07/2024 às 9:00

O governo da Rússia, mais precisamente o presidente Vladimir Putin, sonha com o dia em que a internet do país será tão blindada quanto a da China. Esta, protegida por design, filtra todo o conteúdo externo que não se adeque aos valores do Partido Comunista Chinês, atomiza toda e qualquer manifestação dissidente, e monitora tudo o que seus usuários postam e acessam.

Desde 2021, Moscou intensificou medidas para restringir o livre acesso de conteúdo pelos russos na rede, e com a escalada do conflito após a invasão à Ucrânia, fechou jornais, redes de TV e sites que espalhavam "Fake News", e executou testes da RuNet, sua versão de internet fechada.

Vladimir Putin quer internet da Rússia tão blindada quanto a da China (Crédito: Ria Novosti/Reuters)

Vladimir Putin quer internet da Rússia tão blindada quanto a da China (Crédito: Ria Novosti/Reuters)

Apple, Google e outras companhias, em tese, não deveriam ser permitidas a continuar fazendo negócios na Rússia, a maçã, por exemplo, fechou suas lojas oficiais e interrompeu a venda de todos os seus gadgets no país, conforme as sanções impostas, mas sua App Store permanece ativa, e seguindo determinações do governo local; a última, removeu apps de VPN a pedido do Kremlin.

Apple e Rússia: tudo por dinheiro

Na última quinta-feira (4), a agência de notícias independente (pró-Rússia) Interfax noticiou que a Apple, a pedido do Roskomnadzor, o órgão de controle e supervisão de todos os meios de comunicação em massa do país (resumindo, o censor), removeu da App Store 25 aplicativos que forneciam serviços de VPN a usuários de iPhone e iPad, conforme lei assinada por Putin em 2017, banindo softwares e métodos que "contornam restrições para liberar o acesso a conteúdos bloqueados".

Embora esta não seja uma lei nova, em março de 2024 o Kremlin endureceu a fiscalização para que operadoras, desenvolvedores, e companhias que oferecem apps, eliminem todas as ofertas de VPNs no país, de modo que os russos só possam acessar informações na internet através dos canais oficiais. Lembrando, no país mesmo falar sobre o espaço, ou divulgar notícias em redes sociais, é ilegal se você não for registrado junto ao governo, e assim como acontece com o premiê Xi Jinping na China, memes envolvendo Putin também são proibidos.

Apple e Google, por força das sanções impostas pelos Estados Unidos e Europa, não podem processar operações financeiras de usuários russos tanto na App Store, quanto na Play Store, no que estes têm que se virar para continuar usando aplicativos, assinaturas, e serviços que exigem pagamento de ambas empresas, mas produtos de acesso gratuito são outra história, pois ambas lojas continuam abertas.

Nisso, temos os apps de VPN. Boa parte deles oferece sistemas de pagamento externos às lojas digitais, assim, eles podem ser usados tanto no iPhone quanto no Android, e eles têm um público considerável na Rússia, o suficiente para incomodar o governo. Um dos produtos bloqueados no país, outrora bem popular, é o mensageiro instantâneo Telegram, um produto da casa.

Agora, o Rosmomnadzor resolveu engrossar para o lado da maçã, que, não querendo perder o pouco mercado que ainda tem na Rússia, acatou as determinações de Putin e baniu vários apps de VPN de sua lojinha, como Red Shield VPN e Le VPN; ambos receberam notificações oficiais, no que Cupertino não explica o motivo para a remoção; apenas diz que o censor russo fez o pedido de remoção com base na Lei.

Assim sendo, a Apple passará a tratar VPNs como softwares ilegais, no que eles serão removidos e não mais oferecidos pela App Store na Rússia.

E-mail enviado pela Apple aos desenvolvedores do Red Shield VPN, alertando que seu app foi removido da App Store conforme leis russas, e a pedido do Roskomnadzor (Crédito: Reprodução/Red Shield VPN)

E-mail enviado pela Apple aos desenvolvedores do Red Shield VPN, alertando que seu app foi removido da App Store conforme leis russas, e a pedido do Roskomnadzor (Crédito: Reprodução/Red Shield VPN)

Ao site TechCrunch, Vladislav Zdolnikov, CEO e fundador da Red Shield VPN, e Konstantin Votinov, fundador da Le VPN, acreditam que a decisão da Apple de se alinhar com o governo russo, e "fazer o trabalho dos censores melhor do que eles mesmos" em bloquear suas soluções no país, faz parte de um trabalho alinhado com o desejo de Putin de controlar a internet do país com mão-de-ferro, foice e martelo, como o premiê Xi o faz na China.

Ao mesmo tempo, é importante notar que a Apple, sempre disposta a defender a privacidade dos usuários, só o faz quando lhe é conveniente, ou seja, quando não há a ameaça de perder dinheiro; basta lembrar que Cupertino têm acordos muito lucrativos com Pequim, ao permitir que o governo monitore todos os dados dos usuários chineses de dispositivos da maçã. E não, o Google não é diferente.

Procurados, nem a Apple, muito menos a Embaixada da Rússia em Washington, responderam a pedidos para comentar o assunto.

Fonte: TechCrunch

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