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Sonic Superstars — A redenção do 2.5D

Com o Sonic Superstars a Sega conseguiu fazer aquilo que parecia impossível: criar um bom jogo do ouriço em 2D e que não utiliza pixelart

20 semanas atrás

Muitas vezes nem nos damos conta disso, mas a verdade é que reproduzir a experiência dos primeiros jogos do Sonic está longe de ser uma tarefa simples. Ao longo dos anos a Sega tentou isso várias vezes, quase sempre fracassando e mesmo quando se tratava de aventuras em duas dimensões. Porém, quando a empresa acertou, conseguiu entregar ótimos jogos e o Sonic Superstars é um desses casos.

Sonic Superstars

Crédito: Divulgação/Sega

Desenvolvido através de parceria entre o Sonic Team e a Arzest, Sonic Superstars nasceu de um ambicioso sonho de Takashi Iizuka, o chefe da equipe responsável pelo ouriço: modernizar os jogos 2D do personagem. Então, para alcançar esse objetivo ele convidou um dos criadores do Sonic e fundador da Arzest, Naoto Ohshima, no que seria sua primeira participação na franquia desde o lançamento Sonic Adventure, há mais de 20 anos.

Mas os produtores teriam uma missão difícil pela frente. Após o Sonic The Hedgehog 4 não conseguir entregar uma boa física e o Sonic Mania se tornar um sucesso, cresceu entre os fãs a impressão de que a franquia só funcionava com gráficos pixelados. Porém, Iizuka não queria uma continuação para aquele jogo, além de acreditar que apenas com gráficos poligonais eles conseguiriam alcançar um público mais amplo.

Embora a opção por colocar os responsáveis pelo Sonic Mania para criar o jogo fosse a mais natural, a Arzest não chegou a ser uma surpresa. Além do estúdio ter uma larga experiência em contribuir para o desenvolvimento de jogos 2D para a Nintendo, o conhecimento de seu fundador em relação à franquia poderia ser de grande ajuda e assim, em 2021 o projeto teve início.

Rápido, preciso e muito bonito

Sonic Superstars

Crédito: Divulgação/Sega

Para quem vem jogando as aventuras do Ouriço Azul há três décadas, o primeiro detalhe em que prestamos atenção ao começar um novo jogo é a física. Para ser divertido, o título precisa nos colocar no controle de personagens que rasguem a tela numa velocidade estonteante, mas sem que isso signifique que estamos a bordo de um trem desgovernado.

Pois posso dizer que essa foi minha primeira surpresa com o Sonic Superstars. Como muitos, eu também estava cético em relação a como os personagens se comportariam, especialmente pela adoção do estilo 2.5D — gráficos 3D, com jogabilidade em duas dimensões. No entanto, eu não precisei de muito tempo nas fases para perceber que não tinha com o que me preocupar.

Assim como acontecia na época do Mega Drive, o novo jogo também consegue entregar uma velocidade muito alta, com certas partes sendo até difícil perceber o que está passando no plano de fundo. E o melhor é que tudo acontece de maneira muito fluida, sem engasgos ou qualquer erro na parte visual.

Por falar no visual, preciso me render ao excelente trabalho realizado pelos artistas das desenvolvedoras. Mesmo sendo um ferrenho defensor da pixelart, é impossível não reconhecer como o Sonic Superstars é um jogo bonito. Dos cenários detalhados ao sistema de iluminação, tais profissionais conseguiram entregar uma direção artística linda, mas principalmente, sem perder a essência da franquia.

De fases que ambientadas em fábricas a florestas, passando pelo tradicional pinball ou por lugares submersos, mesmo com os temas sendo bastante conhecidos dos fãs do ouriço, a variedade se faz presente, mesmo porque, elas estão sempre nos apresentando a novas mecânicas. O que também está de volta são as fases especiais, onde poderemos pegar Esmeraldas do Caos ou medalhas.

Uma simplicidade de outra época

Crédito: Divulgação/Sega

Para o bem ou para o mal, Sonic Superstars vai na contramão da atual tendência de complexidade dos videogames, o que significa que nele você não encontrará elementos de RPGs, longas sequências de diálogos ou cenas não-interativas pipocando a todo momento. Aqui o foco estará em entregar um jogo de plataforma simples e sem rodeios.

Contudo, existem algumas exceções para essa simplicidade e a principal delas é o incentivo à exploração dos estágios. Como as fases possuem vários caminhos a serem seguidos, aqueles que tiverem curiosidade poderão encontrar passagens secretas ou grandes anéis que nos levam à caça das Esmeraldas.

Aliás, com cada Esmeralda do Caos que coletarmos ganharemos acesso a um poder especial, como a habilidade de disparar diversos clones que atacarão tudo que estiver na tela e poderá nos ajudar muito nas batalhas contra os chefes ou outra, que nos permitirá ver plataformas escondidas.

Some a isso as habilidades únicas dos quatro personagens selecionáveis — Sonic, Tails, Rose e Knuckles — e fica fácil entender como o jogo está sempre tentando nos colocar para jogar os estágios várias vezes.

Sonic Superstars

Crédito: Divulgação/Sega

Já as medalhas que podem ser encontradas pelas próprias fases ou num estágio bônus vindo direto do primeiro Sonic the Hedgehog, essas servirão para personalizarmos uma figura que terá papel importante na campanha. Só é uma pena que os itens cosméticos custem tantas medalhas.

Ao todo, Sonic Superstars nos colocará para correr por 26 fases e embora algumas exigirão vários minutos para serem concluídas, esse não é um jogo muito longo. Porém, em apenas uma sessão não será possível debloquear tudo o que ele tem a nos oferecer, com o valor replay sendo relativamente alto.

Destaque também para alguns chefes de fase, por possuírem padrões de ataques únicos e por exigirem algum raciocínio para serem derrotados. Numa segunda jogatina esses inimigos podem até não parecer tão divertidos, mas na primeira vez que o encontrarmos eles conseguirão despertar uma certa surpresa e até mesmo nos arrancar um sorrisinho no canto da boca.

Cooperando (ou não) em alta velocidade

Crédito: Divulgação/Sega

Uma das maiores novidades trazidas pela Sonic Superstars foi a inédita possibilidade de encararmos a acompanha com a ajuda de até três amigos. Contudo, mesmo com o jogo bebendo diretamente da fonte de títulos como New Super Mario Bros. ou Rayman Legends, no título da Sega a ideia não funciona tão bem quanto deveria.

Seja pela própria natureza do ouriço e sua velocidade absurda, seja por a mecânica não ter sido muito bem implementada, o fato é que apesar de ter encarado todo o jogo ao lado do meu filho, achei a experiência estranha.

O motivo para isso se deve a maneira como o sistema tenta manter a progressão. Ao invés de dividir a tela ou mesmo impedir que continuemos avançando, um dos jogadores simplesmente desaparecerá, com ele podendo voltar à ação ao apertar o botão de pulo. O problema é que isso acontece frequentemente, muitas vezes eliminando alguém que estava numa posição importante ou em um caminho de difícil acesso.

Fico imaginando o caos que isso deve transformar as partidas com quatro pessoas, o que só reforça a sensação de que esse é um jogo que será melhor aproveitado sozinho, sem outras pessoas mais atrapalhando que ajudando na exploração. Tudo bem, acho válido que pelo menos tenhamos a opção de jogar ao lado de amigos, mas acredito que o sistema precisa ser melhorado para uma eventual continuação.

A volta do ouriço

Crédito: Divulgação/Sega

Contudo, mesmo com alguns problemas aqui ou ali, como, por exemplo, a maneira como a parte final da campanha não parece tão inspirada como a inicial, Sonic Superstars conseguiu me divertir bastante, sendo tranquilamente uma das melhores passagens do personagem pelas duas dimensões.

Tenho visto algumas pessoas afirmando que esse é o Sonic The Hedgehog 4 que por tanto tempo esperamos e por mais que considere isso um certo exagero, entendo o sentimento. Até pela sua excelente trilha sonora, com ele me senti como se estivesse de volta aos anos 90, quando colocava o cartucho do Sonic que havia recém alugado na locadora do bairro e só me preocupava em explorar fases extremamente coloridas e ver aquele borrão azul cruzando a tela.

Com o Sonic Superstars a Sega finalmente conseguiu abrir as portas para uma boa série 2D estrelada pela sua principal mascote. Se eles souberem aproveitar as fundações estabelecidas há alguns anos pelo Sonic Mania e agora competentemente transpostas para o 2.5D, provavelmente ainda veremos muito “Sonic Gordinho” pelos próximos anos.    

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