Infinix Hot 30i: dois passos para a frente, um para trás

O Infinix Hot 30i é um celular Android de entrada da companhia chinesa lançado em abril de 2023 para mercados do sudeste asiático, como Índia e Nepal, que chegou recentemente ao Brasil pela Positivo Tecnologia.

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Ele tenta se destacar entre os modelos mais modestos das principais fabricantes com sua abundância de memória RAM, até 8 GB no modelo avançado, e a opção de expandi-la usando o recurso de swap do armazenamento interno. Sua bateria de 5.000 mAh, um recurso frequente em modelos de entrada, é outro destaque.

O Infinix Hot 30i é um bom celular para quem quer economizar? Eu o testei por duas semanas e conto minhas impressões nos parágrafos seguintes.

Nota de transparência

Desde 2004, o Meio Bit publica análises opinativas com o intuito de ajudar os leitores a tomarem sua própria decisão de compra, seja de um gadget, um game ou um serviço/software/app. Nós somos francos em nossas opiniões e destacamos pontos positivos e negativos de igual maneira, não importando a natureza dos produtos, de modo a manter a integridade e transparência do site.

Ninguém externo à redação do Meio Bit teve acesso a este review de forma antecipada, bem como não houve nenhum tipo de interferência, pagamento, ou direcionamento da Positivo Tecnologia e/ou terceiros, em relação ao seu conteúdo.

O Infinix Hot 30i foi fornecido pela Positivo Tecnologia em caráter de empréstimo; ele será devolvido à empresa após os testes.

Design

O Infinix Hot 30i possui um corpo em plástico e metal, com a traseira imitando vidro e trazendo detalhes como de um diamante lapidado. Com 16 cm de altura e 191 g, ele tem um tamanho próximo ao do Note 30 5G, mas pouca coisa mais leve. As câmeras e o Flash são acomodadas cada um em seu slot dedicado, e não há um "bump".

Do lado esquerdo da tela, o aparelho traz os botões de Volume e Liga/Desliga, este revestido pelo leitor de impressões digitais, que não apresentou maiores problemas de uso. Do lado direito você encontra a bandeja de cartões, com slots para dois chips nanoSIM e um dedicado ao microSD, com suporte de até 1 TB.

Na parte inferior, estão a porta USB-C 2.0 e a entrada P2 para fone de ouvido, uma conexão que está sumiu quase que completamente dos smartphones premium, mas que ainda é incluída em dispositivos de entrada e intermediários, embora alguns fabricantes já a estejam removendo destes também. Por enquanto, não é o caso da Infinix.

Além do fone, o kit do Hot 30i inclui uma capinha/case transparente, uma película de proteção, o carregador e o cabo USB.

De novo, a fabricante repete o vício de muitas OEMs em manter um "queixo" no celular, uma borda mais larga na parte frontal inferior, que poderia ser igualada às demais em prol da uniformidade, seja aumentando a tela, ou diminuindo as dimensões do dispositivo, mas tal reclamação já virou meio que gritar com as nuvens.

Tela e som

O display do Infinix Hot 30i é um LCD IPS de 6,6 polegadas, com resolução HD+ (1.616 x 720 pixels), que traz um recurso mais frequentemente reservado a smartphones mais caros, o ajuste da taxa de atualização, entre 60 Hz e 90 Hz. O brilho também é forte, chegando a 500 nits.

Esta tela apresenta uma boa definição de cores, enquanto o notch da câmera selfie aqui vem na forma de gota, diferente do display do Note 30 5G, que é um furo. O aproveitamento da tela vai depender do conteúdo sendo consumido, em que vídeos ficarão com as bordas laterais, e games podem ou não trazer ajustes para estender o HUD.

O som mono é o esperado de um dispositivo de entrada, com um volume forte saindo do único alto-falante na parte inferior, com tendência a distorções em níveis mais altos. Como sempre, prefira usar fones de ouvido, ou caixas de som Bluetooth para um melhor desempenho sonoro.

Software e extras

O Infinix Hot 30i sai da caixa rodando Android 12, ou mais precisamente XOS 12, um fork proprietário. Assim como o Note 30 5G, ele conta com uma série de decisões controversas, na forma de uma legião de bloatwares pré-instalados, que não podem ser removidos, e rebranding de recursos ("Maratona de energia" para o controle de bateria, por exemplo) que causam confusão.

Não obstante, nada foi anunciado sobre atualização do Infinix Hot 30i para o XOS/Android 13, até o fechamento deste review; a fabricante anunciou atualizações para modelos lançados em 2022, o que não inclui este, introduzido em março de 2023.

Da mesma forma, ainda não há informações envolvendo o Android 14 que, espera-se, chegue no futuro ao Note 30 5G.

A estratégia normal da OEM é fornecer um update, ou nenhum, e por se tratar de um SoC MediaTek, não há como instalar ROMs alternativas (a declaração é de 2018, mas a estratégia da fabricante de chips não mudou desde então). Caso não seja atualizado, o Infinix Hot 30i permanecerá no XOS 12.

Por outro lado, e isso é algo que eu digo frequentemente: ROMs customizadas, como LineageOS e cia., são recursos procurados geralmente por power users, que preferem smartphones de ponta que, via de regra, vêm equipados com SoCs da Qualcomm. O usuário de entrada, o público-alvo da Infinix, sequer sabe o que é isso.

Desempenho e autonomia

O Infinix Hot 30i testado pelo Meio Bit é o modelo original, lançado com 8 GB de memória RAM; há também uma versão com 4 GB, mais barata. A grande atração deste aparelho é o recurso de swap de memória, também presente de forma nativa no Note 30 5G, que permite expandí-la para até 16 GB, usando parte dos 128 GB do armazenamento interno.

Temos também um SoC MediaTek Helio G37, octa-core Cortex-A53 com quatro núcleos de alta performance de 2,3 GHz, e quatro de 1,8 GHz para tarefas normais, além de 128 GB de espaço interno.

Há quem pense que 16 GB de RAM em um celular de entrada permite muita coisa, e seria o caso, mesmo se levarmos em conta que memória swap nunca é tão rápida quanto a local, mas o grande problema se chama MediaTek G37.

Lançado em 2020, este chip é impresso em 12 nanômetros e sua GPU, de 680 MHz, é bem fraquinha. Por ser defasado, o SoC age com um gargalo.

Nos meus testes com games, Asphalt 9: Legends rodou de forma razoável com as configurações gráficas no mínimo, com lags e queda de qualidade gráfica perceptíveis; já o shoot'em up Azur Lane engasgou em momentos com muitos elementos na tela, como é de praxe no gênero bullet hell, mesmo sendo um game com gráficos em 2D. E nem me atrevi a rodar outro gacha game, o bem mais pesado Genshin Impact.

A bateria de 5.000 mAh, por outro lado, aguenta bem um dia de uso moderado e um pouco mais que isso para quem apenas navega e acessa apps de mensagens/redes sociais. Nos meus testes, eu tirei o Hot 30i da tomada às 8:00, rodei uma hora de streaming de vídeo, uma hora de streaming de música, uma hora de games (Asphalt 9: Legends e Azur Lane, 30 minutos cada), navegação e redes sociais no decorrer do dia, sempre no Wi-Fi ou 4G, com brilho em 100%, taxa de atualização de 90 Hz, e 8 GB de RAM virtual somados aos 8 GB físicos, totalizando 16 GB disponível.

Às 16:00, a bateria havia descido para 28%, uma marca aceitável visto que forcei a barra; o carregador de 10 W, que acompanha o kit, levou 2 horas e 50 minutos para injetar uma carga de 0 a 100%. Lento, mas esperado.

Câmeras

O Inifinx Hot 30i vem com um conjunto duplo principal, uma Wide de 50 megapixels e uma QVGA de 2 MP para auxílio em profundidade e recursos de IA, mas assim como acontece com o Note 30 5G, não se deixe levar pelos grandes números.

O sensor principal é básico, e funciona bem em situações com bastante luz natural ou artificial, externa ou interna. Há considerável perda de detalhes nas bordas, o de sempre.

No modo de captura normal, as câmeras contam com ajustes de IA para identificar conteúdos e selecionar os ajustes mais indicados para cada situação. Há também uma opção para acionar o modo de captura em 50 MP, que corta um dobrado para captar o máximo de detalhes, enquanto o celular deve permanecer imóvel.

Por mais que este celular ofereça 128 GB de armazenamento, poucos serão aqueles que usarão o modo de alta resolução o tempo todo, criando imagens pesadas para comer o espaço interno; a imagem abaixo, por exemplo, pesa 18 MB.

Nas fotos internas, os modos normal e Retrato são bem parecidos, com o segundo exigindo que o usuário se afaste do objeto a ser fotografado. Também podem ser vistas perdas de detalhes, e ajustes usando IA para corrigir imperfeições.

No fim, não é nada que outros aparelhos básicos não possam fazer hoje em dia.

A câmera selfie, com 5 MP e abertura f/2,0, é igualmente básica. Ela também conta com recursos de IA e ajustes de embelezamento, próprios de celulares inicialmente desenvolvidos para o público chinês, e uma perda de detalhes na captura.

Considerando a etiqueta final, os sensores presente no Hot 30i estão alinhados com o que encontramos em outros smartphones Android de entrada.

Conclusão

O Infinix Hot 30i busca se destacar entre os diversos smartphones Android de entrada no mercado com sua grande capacidade interna, sua bateria de 5.000 mAh, e principalmente, seu recurso de swap de memória de joga os 8 GB de RAM padrão, que já é muito, para 16 GB, uma marca inédita na categoria.

Pesam contra ele a quantidade insana de bloatwares que não podem ser removidos, o SoC MediaTek defasado que puxa o desempenho para baixo, e a incerteza quanto uma futura atualização do Android, quase duas gerações para trás.

Mesmo com estes contras, custando aproximadamente R$ 1 mil no modelo com 8 GB de RAM, o Infinix Hot 30i ainda traz a melhor custo/benefício no mercado, na categoria de smartphones Android de entrada.

Seu concorrente direto, o Motorola Moto G54 5G, conta com 5G, tela Full HD+, carregamento rápido de 20 W e um processador MediaTek mais recente (Dimensity 7020), mas em compensação tem menos RAM (4 GB) e é bem mais caro, saindo por ~R$ 1.350 na rede varejista.

Para consumidores de aparelhos Android de entrada, o Inifinix Hot 30i é uma boa opção que entrega mais do que o padrão da categoria, mas dá um passinho para trás no desempenho, o que pode não ser prioridade para seu público-alvo, mais voltado a consumo de redes sociais, navegação e mensageiros instantâneos. Disso, ele dá conta tranquilamente.

Infinix Hot 30i — Ficha Técnica

• Processador: MediaTek Helio G37 (12 nm), octa-core Cortex-A53 com 4 núcleos de 2,3 GHz e 4 de 1,8 GHz;
• GPU: PowerVR GE8320 (680 MHz);
• Memória RAM: 8 GB;
• Armazenamento interno: 128 GB;
• Armazenamento externo: expansível via cartão microSD de até 1 TB (bandeja dedicada);
• Tela: LCD IPS de 6,6 polegadas;
• Resolução: 1.612 x 720 pixels (proporção 20:9, ~269 ppi);
• Brilho: 500 nits;
• Taxa de atualização: 90 Hz;
• Câmera traseira: Conjunto duplo:
  • Principal (Wide): 50 megapixels, abertura f/1,9;
  • Profundidade: QVGA (320 x 240 pixels);
  • Flash Dual-LED, HDR, grava vídeos em 1080p a até 30 fps;
• Câmera selfie: 5 megapixels, abertura f/2,0, Flash dual-LED, grava vídeos em 1080p a 30 fps;
• Sensores: Proximidade, acelerômetro, bússola, leitor de digitais no botão Liga/Desliga;
• Conectividade: 4G Dual-SIM, Wi-Fi 5, Bluetooth, GPS;
• Bateria: 5.000 mAh;
• Portas: USB 2.0 Type-C e P2 para fone de ouvido;
• Sistema operacional: XOS 12 (Android 12);
• Dimensões: 164 x 75,8 x 8,4 mm;
• Peso: 191 g;
• Cor: Preto.

Pontos fortes:

• Leve e compacto;
• Bastante RAM para um celular de entrada.

Pontos fracos:

• Bloatwares a rodo;
• SoC defasado;
• Android 12 em 2023.