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The Crew Motorfest — A dois passos do paraíso

Trazendo um mapa bem menor, mas cheio de conteúdo, The Crew Motorfest eleva a qualidade da série e surge como ótima opção para os amantes de corridas

31 semanas atrás

Após tentar transformar os Estados Unidos numa enorme competição entre carros, barcos e aviões, a Ubisoft Ivory Tower decidiu mudar seu escopo, reduzindo consideravelmente o “playground” em seu mais recente jogo de corrida. Porém, aquilo que poderia ser visto como um retrocesso acabou transformando o The Crew Motorfest em uma experiência mais bonita, mais intensa e mais divertida.

The Crew Motorfest

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Lançado para PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One e Xbox Series S|X, o terceiro capítulo da série nos leva ao Havaí, com o festival que dá nome ao jogo acontecendo numa versão reduzida da ilha de Oahu. Falando assim e considerando os antecessores, pode parecer pouco, mas o mapa é imenso e repleto de atividades.

E dentre os muitos eventos que o The Crew Motorfest tem a nos oferecer, o principal delas atende pelo nome Playlist. Servindo como pequenas campanhas, elas estarão divididas por temas, o que traz alguma variedade às provas e serve para agradar diversos públicos.

Por exemplo, uma das primeiras a que teremos acesso é a Hawaiian Scenic Tour e como o nome sugere, ela nos levará para conhecer diversos pontos turístico do estado norte-americano. Nele seremos guiados por uma pessoa local, com a narração misturando inglês com havaiano e nos passando vários detalhes da cultura do arquipélago.

Já em outra playlist, a Vintage Garage, faremos uma viagem pelo passado dos carros, com cada prova abordando uma década, até os anos 80. Aqui a equipe da Ivory Tower teve a ideia de remover o GPS, com algumas das “missões” que nos serão dadas (e que mais gostei) sendo dirigir até um determinado lugar de Oahu, nos orientando apenas por pontos de referências mostrados em fotos.

Também podemos citar a campanha Eletric Odyssey, onde os carros com motores a combustão serão deixados de lado e pilotaremos alguns dos elétricos mais rápidos do mundo. Entre eles está o Lotus Evija, um lindo hipercarro avaliado em US$ 2,3 milhões e que com os seus 2000 cavalos, pode ir de 0 a 300 km/h em pouco mais de nove segundos. Detalhe, aqui as corridas acontecerão sempre durante a noite, sob a chuva e com relâmpagos pipocando no horizonte. Sugestivo, não?

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Pois essa tentativa de nos fazer imergir nas playlists também pode ser vista, ou melhor, ouvida nas músicas tocadas em cada prova. Muito bem escolhidas pelos produtores, as músicas combinam perfeitamente com o carro que estivermos pilotando e assim, ouviremos Blondie enquanto estivermos correndo com uma Ferrari F40 ou Bill Haley & His Comets numa prova em que um Cadillac Eldorado será a estrela.

Ao todo, neste primeiro momento o The Crew Motorfest nos oferecerá 15 destas campanhas temáticas, o que já seria suficiente para nos manter ocupados por um bom tempo. Porém, após concluir todos os eventos de cada uma delas, o que nos renderá algum veículo especial, ainda poderemos tentar superar alguns desafios ou feitos, como fazer a maior pontuação possível em provas de slalom ou tirar fotos que cumpram determinados requisitos.

Mas além dessas playlists, o jogo ainda conta com vários outros modos, como um battle royale em que até 32 pessoas serão divididas em equipe de oito corredores; ou o Grande Race, corridas com traçados aleatórios com cerca de 10 minutos de duração para até 28 jogadores.

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Também poderemos participar do Custom Show, onde serão exibidos carros customizados e com o tema mudando mensalmente, podendo ser, por exemplo, focado numa marca específica, num país, em veículos offroad, etc. As inscrições serão reabertas todas as semanas, com os interessados podendo enviar uma das suas criações por vez.

Pois esse incentivo a continuar voltando ao The Crew Motorfest também se fará presente através do Summit Contest. Renovado semanalmente, ele nos oferecerá nove desafios, com os primeiros dez mil colocados em um ranking global recebendo prêmios que podem chegar a veículos exclusivos.

Ou seja, estamos falando aqui do bom (talvez não tão bom) e velho (certamente não tão velho) modelo de Game as a Service (GaaS). Isso quer dizer que a Ubisoft promete um fluxo constante de atualizações, temporadas e a adição de carros e competições. Obviamente, isso dependerá do interesse do público pelo jogo, mas como o The Crew 2 continua com uma boa base de jogadores, mesmo cinco anos após seu lançamento, acredito que o jogo não será abandonado tão cedo.

The Crew Motorfest

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Contudo, mesmo que essa torneira seja fechada subitamente, fiquei bastante impressionado com a quantidade e a variedade de coisas que o The Crew Motorfest nos oferece logo de cara. Mesmo que você não goste de corridas focadas em drift, será possível se dedicar às provas offroad, àquelas disputadas em circuitos enquanto pilotamos carros de Formula 1 ou passar o tempo correndo de motos.

Aliás, aqui temos a volta dos aviões e lanchas, fazendo com que as corridas sejam disputadas não somente na terra. No caso dos aviões, eles ainda serão de grande utilidade enquanto não tivermos desbloqueados as viagens rápidas, pois acelerarão bastante o deslocamento entre um ponto e outro do mapa. Além disso, ver Oahu lá de cima é uma experiência bem diferente, nos permitindo admirar a beleza dos gráficos criados pela Ivory Tower.

Sim, eu já achava o antecessor um jogo bonito, mas ao reduzir bastante o mapa a ser explorado, o estúdio teve a oportunidade de entregar um mundo mais detalhado e vivo. Aqui também temos longas estradas rodeadas pela natureza, mas a ilha não parece tão vazia quanto os Estados Unidos dos capítulos anteriores.

Essa menor escala também permitiu fazer com que as grandes cidades não pareçam simples vilas ou as florestas não passem de meia dúzia de árvores. Com o perdão do clichê, The Crew Motorfest transpira a ideia de que muitas vezes, ao oferecer menos, é possível entregar mais.

Quanto ao estilo de jogabilidade, como esperado, a criação do estúdio francês não mira na simulação, se aproximando mais e um jogo de corrida arcade. Ela me pareceu mais precisa e divertida que a dos anteriores, mas ainda me incomoda o quanto os carros derrapam e muitas vezes são difíceis de controlar.

Crédito: Divulgação/Ubisoft

Com o tempo — e ao ligar de algumas assistências de direção — esse problema diminui e as corridas passam a ser muito mais divertidas. Eu não diria que pilotar aqui é tão bom quanto num Forza Horizon, mas achei melhor (e mais preciso) que em boa parte dos Need for Speed.

E por falar na série da Playground Games, é nítido que o pessoal da Ivory Tower mirou nela ao mudar o foco com o The Crew Motorfest. A sensação e de estarmos jogando um Forza Horizon localizado no Havaí é constante e embora ainda faltem alguns degraus para a série da Ubisoft alcançar a rival, ela pode servir como uma boa alternativa, principalmente para quem joga em um PlayStation.

Mesmo não gostando muito dessa onda de jogos de corrida que giram em torno de festivais e que parecem feitos para um público mais jovem, continuo adorando disputar corridas em enormes mapas abertos e isso o The Crew Motorfest entrega com primor. Nele teremos centenas de carros para pilotar, uma variedade de categorias que raramente vemos em um mesmo jogo e muito, mas muito conteúdo.

Quando soube da existência do primeiro The Crew, a primeira coisa que me veio à mente foi atravessar os Estados Unidos de costa a costa, o que fiz tanto no primeiro quanto no segundo jogo. Neste terceiro capítulo isso não é possível, o que de certa forma lamento, mas o jogo se tornou tão melhor, que é um sacrifício que entendo que precisava ser feito.

Após várias provas disputadas no Motorfest, ficou claro que embora essa não tenha sido a primeira vez que tivemos um Havaí como pano de fundo para corridas, certamente foi a melhor.

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