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Linse Boat – o barco suicida mas não muito de Hitler

Na segunda Guerra os Italianos inventaram um barco quase suicida. Os alemães o fizerem menos um pouco. Aí os japoneses...

48 semanas atrás

Em 26/7/1941 a Marinha Real foi surpreendida em Malta. Um ataque das forças italianas recorreu a uma arma bem pouco convencional, um barco chamado MT (Motoscafo da Turismo). O conceito era impressionantemente simples, e letal.

Um (nada) Inocente Barco Linse (Crédito: Bukvoed / Wikimedia Commons)

O barquinho tinha 5.62m de comprimento, 1.62m de largura e usava um motor de popa Alfa Romeo de 95Hp, atingindo 60km/h. O motor era encaixado em um eixo podendo ser girado pra fora da água, e escapar de redes anti-submarinos.

O piloto ficava na pontinha, quase em cima do motor. Na ponta do barco, uma carga explosiva de 330kg. Dois desses se aproximaram do cruzador pesado HMS York, que não soube como lidar com aqueles barcos esquisitos.

Seguindo o treinamento, cada piloto apontou seu barco para o navio inimigo, e entre 100 e 50 metros de distância, travaram o leve, acionaram um assento ejetor e caíram na água. Os barcos seguiram até atingir o HMS York. Os cascos de madeira se despedaçaram e os barcos afundaram rapidamente. A 1m de profundidade, um sensor de pressão detonou a carga explosiva.

Foto de jornal alemão mostrando o que restou do HMS York. (Crédito: Reprodução Internet)

O HMS começou a fazer água, adernou e só não afundou pois o Capitão ordenou que o navio fosse encalhado na praia próxima. Após receber mais danos, o York foi abandonado, só desencalhado em 1952, para ser sucateado.

Foi o mais bem-sucedido ataque de MT Boats da Marinha Italiana, depois disso nunca mais, mas foi o suficiente para chamar a atenção dos (então) amiguinhos alemães.

Como (na época) os alemães não estavam desesperados, acharam a idéia italiana idiota e perigosa. Pular de um barco cheio de explosivos a 50 metros do alvo é (quase) suicídio. Só a onda de pressão da explosão já é extremamente perigosa. Se o barco atingir um paiol de munição, 50 metros e sentar em cima da bomba são o mesmo.

O Barco MT italiano, o alemão era muito parecido. (Crédito: Gaius Cornelius / Wikimedia Commons)

Foi criado um sistema alternativo, no que ficou conhecido como Linse Boat. Desta vez dois barcos com explosivos eram acompanhados por um terceiro, chamado Barco de Controle. Os três navegavam juntos até as imediações do alvo. Os pilotos apontavam o barco Linse na direção-geral do navio que queriam atingir, e pulavam na água.

O barco de controle tinha dois operadores com um sistema de controle-remoto. Foram testados sistemas com fio e por rádio. Esse operador controlava os barcos até atingirem o alvo inimigo, e com sorte, um sistema de detonação semelhante ao barco italiano esperaria o Linse Boat afundar um metro ou dois, antes de detonar de forma devastadora.

Se tudo desse certo, os pilotos seriam recolhidos pelo barco de controle, voltariam para o navio-mãe ou para terra, e celebrariam com cerveja e fräuleins.

Na prática os barcos Linse eram frágeis, não funcionavam em alto-mar, havia mais riscos dos marinheiros morrerem em acidentes do que atingindo o alvo, e os operadores diziam que aquele tipo de operação era praticamente suicídio.

Eis que entra o Japão, percebe o potencial do Linse Boat, e o aprimora removendo o “praticamente”. Eles criaram o barco Shinyo, com 300kg de explosivos, 55km/h de velocidade e dois foguetes anti-navio, que davam ao pobre infeliz no comando a ilusão de que poderia afundar o alvo sem precisar se sacrificar.

Nenhum tinha essa ilusão. O Shinyo foi preparado para combater na invasão das ilhas japonesas, que aconteceria eventualmente, assim que o que restou da Marinha Imperial fosse varrido do mapa.

O Shinyo começou a ser produzido em abril de 1944, e foi testado na campanha das Filipinas. Eles afundaram alguns barcos de desembarque, danificaram alguns destróieres, mas foi puro desperdício de vidas humanas. O piloto típico do Shinyo era um estudante de 17 anos.

Barcos Shinyo encontrados depois da rendição do Japão (Crédito: Domínio Público)

Depois da rendição, os americanos descobriram que os japoneses haviam construído 6197 barcos Shinyo, dos mais de 11 mil planejados. Estamos preparados, com os torpedos tripulados e aviões Kamikaze, para a luta final durante a invasão aliada.

Para dar uma proporção, os italianos construíram 20 unidades de seu barquinho. Os alemães, menos de 400, a maioria usados no Desembarque da Normandia. Serviram de alguma coisa? Spoiler: Não.

 

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