Assault Suits Valken está chegando ao Nintendo Switch

Contando a história de uma guerra mundial que se passa no futuro, Assault Suits Valken conquistou vários admiradores ao nos colocar a bordo de um enorme mech. Agora, 30 anos após o seu lançamento nos Estados Unidos, o clássico do Super Nintendo está voltando com aquela que poderá ser sua melhor edição.

• 10 melhores jogos de Super Nintendo
• 10 joias escondidas da geração 16 bits

Desenvolvido pela NCS Corp e lançado no ocidente pela Konami, talvez você ainda não tenha se dado conta de qual jogo estou falando, mas ao citar a palavra Cybernator, pode ser que a sua memória seja ativada. Foi com este nome pouco inspirado que o jogo chegou aos Estados Unidos e como este era o mercado que mais nos abastecia, provavelmente foi assim que você o conheceu.

Em Assault Suits Valken assumíamos o papel de Jake Brain, piloto de um mech que vive em uma futurista versão da Terra e onde os combustíveis fósseis estão acabando. Com as nações sedentas por controlar as poucas fontes que restaram, um conflito de proporção global tem início e devido às superpotências contarem com estações espaciais e armas de destruição em massa na órbita do planeta, até mesmo o território lunar se torna alvo de disputa.

Convocado para pilotar uma das máquinas de guerras mais avançadas do mundo pelo lado da Federação, Jake foi enviado para o Corpo de Fuzileiros de Pacific States, mas sua aventura começa com ele deixando claro não se importar com política ou patriotismo. Para o sujeito, sua função ali será apenas exercer o papel de um soldado.

No jogo então teremos como meta destruir o Bildvorg, mech mais poderoso do Eixo e as muitas missões que assumiremos visará este objetivo. Uma história interessante e que fugia da atmosfera infantil que dominava o mercado na época, mas se você consumia videogames quando o Assault Suits Valken foi lançado, deve lembrar do quão conservadora a Nintendo costumava ser com temas mais adultos e o jogo de fato sofreu com isso.

Produzido por Toshiro Tsuchida, que depois trabalharia na criação do Front Mission, o jogo acabou sendo bastante mutilado ao chegar no ocidente, com vários diálogos tendo sido removidos e uma passagem bastante importante simplesmente não sendo citada. Sem entrar em detalhes para não estragar a surpresa de quem for jogar este relançamento, ela falava sobre suicídio, tema que a fabricante do SNES obviamente considerava muito pesado.

Ainda na percepção da Nintendo, os muitos humanos mortos enquanto progredimos pelas fases não era um problema, talvez por eles parecerem tão pequenos perto dos mechs e os detalhes das mortes não saltar aos olhos. Curiosamente, um piloto que resgatamos e depois o enfrentamos numa batalha era demais para o público e por isso tal passagem também foi removida. Vai entender...

Pois tudo isso nos leva ao Assault Suits Valken Declassified, que pode ser considerada uma versão remasterizada do clássico. Com ela tendo ficado aos cuidados da recém-fundada Rainmaker Productions e da M2 Co., o principal destaque deve ser mesmo a nova localização que promete ignorar toda a censura feita no original.

“Apesar de o Assault Suits Valken ter recebido um lançamento ocidental nos anos 90 como Cybernator, aquela versão foi fortemente editada e censurada, o que significa que os jogadores que falam inglês nunca puderam apreciar o jogo completamente — até agora,” declarou o CEO da editora, Joseph Chou. “O Assault Suits Valken Declassified visa corrigir esse equívoco não apenas oferecendo uma localização fiel e descomprometida do jogo original, mas também uma nova arte do designer de personagem Satoshi Urushihara e uma entrevista com Satoshi Nakai, o anteriormente desconhecido designer dos mechs titulares.”

Essa última parte do comentário de Chou é interessante, pois ao contrário do que acontecia na versão japonesa, quando o jogo chegou por aqui ele também deixou de exibir os porta-retratos dos personagens que estavam falando, algo que estará presente no Nintendo Switch.

Quanto a Satoshi Nakai, foi dele algumas das principais propostas para o jogo, como o fato dos nossos disparos destruírem o cenário ou até mesmo outros conceitos que não puderam ser implementados, como ele contou numa entrevista em 2015:

“Havia uma ideia que tivemos que cortar do Valken, era chamada ‘X-System’. Olhando para ela agora, parece muito ridícula... originalmente havia dois pontos de partida: a Lua e a Terra. E dois pontos finais, também na Lua e na Terra. O estágio da Atmosfera estava entre eles, então os estágios foram organizados em um padrão X, com os jogadores conseguindo prosseguir na ordem Terra-Atmosfera-Espaço, ou Espaço-Atmosfera-Terra. É claro, os jogadores também poderiam terminar na ordem Terra-Terra e Espaço-Espaço.”

É muito bom ver que as empresas envolvidas neste resgate se preocuparam em dar a merecida voz àqueles que criaram o original. E quem gosta de conteúdo adicional também deverá ficar feliz em saber que o Assault Suits Valken Declassified não parará por aí.

Um dos itens mais “valiosos” que acompanharão esta edição deverá ser uma versão traduzida do livro guia que vinha com o jogo no Japão. Contando com 80 páginas, seria excelente poder colocar as mãos neste material, mas a sua versão digital já deverá ser suficiente para alegrar muita gente.

Por fim, podemos esperar ainda alguns recursos típicos desses relançamentos, como a possibilidade de jogar com scanlines que imitam a imagem de uma TV CRT ou podermos salvar o progresso a qualquer momento.

O que lamento é o Declassified não ter aproveitado para incluir o conteúdo que aqueles profissionais gostariam de ter adicionado quando o original foi lançado. Além disso, acredito que o jogo ficaria ainda melhor caso trouxesse a remasterização lançada em 2004 para o PlayStation 2. De qualquer forma, pelo menos a Rainmaker não focou apenas nela, pois ainda prefiro os bons e velhos gráficos mais pixelados vistos no Super Nintendo.

Assault Suits Valken Declassified chegará ao Nintendo Switch no dia 30 de março, pelo (salgado) preço de US$ 24,99.

Fonte: Gematsu