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Madden NFL 23 — Um novato no futebol americano

Depois de vários anos afastado dos jogos de futebol americano, o Madden NFL 23 tem me servido como uma ótima maneira de aprender mais sobre o esporte

1 ano e meio atrás

Eu adoro o futebol americano. Para mim o esporte da bola oval só está atrás do nosso futebol, mas mesmo passando várias tardes de domingo acompanhando as partidas da NFL, um simulador da modalidade é algo a que não me dedicava há muito tempo. Sendo assim, o Madden NFL 23 poderia servir como uma ótima oportunidade para mudar este cenário, com o jogo servindo até como uma plataforma de aprendizado.

Apesar de aquilo que me levou a admirar o futebol americano ter sido justamente os videogames, quando tive contato com um jogo para Mega Drive lá pela metade da década de 90, há muito eu andava afastado da franquia. Com a simulação se aproximando cada vez mais da realidade e devido à falta de tempo para me aprofundar na jogabilidade, a série Madden se tornou um grande desafio sempre que eu tentava me divertir com ela.

Madden NFL 23

Crédito: Divulgação/EA Sports

Talvez de maneira um tanto inocente, passei a acreditar que me aperfeiçoar em um jogo como esse me ajudaria a entender melhor as táticas, regras e meandros do futebol americano e assim dei início ao Madden NFL 23.

Já nos primeiros segundo entendi que a homenagem da EA Sports ao saudoso técnico e comentarista iria muito além da sua imagem na capa, com o Legacy Game sendo a primeira partida que encararemos. Funcionando como uma introdução/demonstração, o jogo colocará frente a frente alguns dos atletas favoritos de John Madden, figuras como Tom Brady, Brett Favre, Jerry Rice, Ray Lewis e Antonio Gates.

Como cansei de ver o quarterback sete vezes campeão do Super Bowl surrando o meu New Orleans Saints, escolhi a equipe adversária e ali estaria o primeiro erro na minha recém-iniciada carreira de jogador virtual. Completamente verde, fui massacrado pelo computador, sofrendo diversas interceptações e poucas vezes conseguindo parar os avanços do ataque adversário. Porém, foi graças a essa exibição que pude conhecer a principal novidade do Madden NFL 23, um novo sistema de passes que promete revolucionar a maneira como jogamos.

O interessante e complexo Skill-Based Passing

Crédito: Divulgação/EA Sports

Até a atual edição do simulador, os passes feitos pelos atletas virtuais se resumiam a termos que apertar o botão correspondente a um dos atacantes. Embora o jogo levasse em consideração os atributos dos quarterbacks, posição do corpo e outras variáveis, tudo acontecia de maneira mais automatizada, sem que a habilidade de quem estivesse com o controla nas mãos pesasse tanto.

Porém, graças ao sistema implementando pela EA Sports, agora os passes poderão ser muito mais precisos, desde que, é claro, consigamos dominar a nova mecânica. Deseja lançar a bola sobre o ombro direito do alvo? Prefere colocá-la alguns centímetros na frente de um rápido wide receiver? Ou o melhor seria tentar um lançamento numa janela minúscula entre dois defensores?

Tudo isso será possível com o Skill-Based Passing, mas já no tutorial ficará claro o quanto poderá ser difícil adotar a nova mecânica. Não há dúvidas de que esse incremento veio para tornar o jogo muito mais divertido e preciso, mas conseguir pensar em todos os movimentos necessários para lançar a bola onde queremos enquanto meia dúzia de brutamontes correm em direção ao nosso jogador está longe de ser algo acessível a quem está iniciando.

Felizmente, o Madden NFL 23 nos permite continuar jogando à moda antiga, um padrão que foi adotado lá quando me interessei pelo esporte (há quase três décadas!) e que diminui consideravelmente o número de ações necessárias. Contudo, tenho certeza de que se a pessoa conseguir se habituar ao novo sistema, nunca mais conseguirá voltar à “simplicidade” que existia até a versão anterior. Mas esse ainda não é o meu caso.

Fazendo parte de uma nova era para a jogabilidade, algo que a EA batizou como FieldSense, o Skill-Based Passing ainda está acompanhado do Hit Everything, que usa 3500 novas animações que nos darão maior controle sobre os impactos na defesa; o 360° Cuts, que melhora o controle sobre os atletas que estão carregando a bola; e por fim, o WR vs DB Battles, responsável pelos embates um-contra-um realizados nas linhas secundárias. Porém, esses recursos só estão disponíveis nas versões do jogo para PlayStation 5 e Xbox Series S|X.

Sísifo e a importância de “ler o manual”

Crédito: Divulgação/EA Sports

Após entender como o novo sistema de passes funcionava e optar por me manter no estilo antigo (e mais simples), decidi encarar algumas partidas amistosas na pré-temporada e ficou claro que eu teria um longo caminho pela frente. Com muita dificuldade para atacar e não conseguindo entender muito bem quais os caminhos para uma melhor defesa, eu ainda tinha muitas dúvidas em relação à jogabilidade.

Resolvi então dar uma chance ao tutorial do Madden NFL 23, mesmo achando que ele não deveria trazer nada de muito útil, mas eu estava enganado. Indo de uma rápida explicação sobre cada posição dos jogadores até explicando as táticas e movimentos mais avançados, o jogo consegue fazer um ótimo apanhado sobre o futebol americano.

Obviamente, quanto maior o seu conhecimento sobre o esporte, mais fácil será absorver as muitas (e acredite, são muitas, mesmo!) lições passadas pelo tutorial. Só nele eu passei quase uma tarde inteira estudando e me aperfeiçoando, com a sensação de que todo aquele aprendizado seria suficiente para subir o nível da dificuldade.

Estava na hora de voltar para as partidas amistosas e não demorou muito para que eu percebesse o quão punitivo pode ser um esporte em que a estratégia é tão importante. Ao contrário do que acontecia no tutorial, com os 11 jogadores do outro lado os espaços ficaram muito reduzidos e aqueles lançamentos que pareciam simples nos treinos se mostraram muito mais complicados num cenário “real”.

Naquele momento senti que tanto esforço foi em vão, com muito do que eu havia aprendido tendo sido jogado num canto do cérebro que não podia ser alcançado enquanto a defesa adversária pressionava o principal jogador do meu time. Passei então a acreditar que, assim como acontece em qualquer esporte real, a dedicação, a repetição, a persistência e um pouco de sofrimento fazem parte do processo de aprendizado e se eu quiser me tornar um jogador razoável de futebol americano virtual, precisarei encarar essas etapas, pois não há atalhos aqui.

Uma carreira difícil (e limitada)

Madden NFL 23

Crédito: Divulgação/EA Sports

Após vencer com facilidade todas as partidas no nível de dificuldade mais baixo do Madden NFL 23 e sofrer naquela logo acima, decidi que estava na hora de encarar o Franchise Mode, que é o equivalente ao modo Carreira do FIFA. Nele poderemos assumir um de três papéis, o que nos colocará na pele de um atleta, de num técnico ou mesmo de um dono de time.   

Com a ele a minha intenção era encarar toda a temporada da National Footbal League, tentando levar o time que torço para a pós-temporada e obviamente me divertindo o máximo possível com cada partida. O problema é que ali esbarrei em alguns problemas que não conhecia.

Para começar, cada partida poderá durar cerca de uma hora, o que consequentemente tomará um tempo enorme para encarar todo o campeonato. O título até nos dá a opção de disputar apenas pontos-chave de cada jogo — como evitar que o adversário marque um touchdown ou avançar numa terceira descida —, mas normalmente isso significa termos apenas uma chance, o que deixará as partidas ainda mais difíceis.

Além disso, devido à própria estrutura da NFL e a tentativa do jogo em simular suas regras, montar um time está longe de ser tão simples quanto em um modo assim nos jogos do futebol tradicional. Da impossibilidade de draftar um determinado atleta por estamos com as primeiras escolhas comprometidas, ao teto salarial que atinge todas as equipes, melhorar um elenco será um desafio por si só.

Funcionando como um complexo RPG, o Franchise Mode poderá assustar mesmo aqueles que possuem mais familiaridade com o futebol americano, com a enorme quantidade de escolhas a serem feitas funcionado quase como um jogo separado. Mesmo sendo alguém que ano após anos joga praticamente só a Carreira no FIFA, confesso ter ficado bastante perdido ao tentar comandar um time no Madden NFL 23.

Um Homem Entre Gigantes

Madden NFL 23

Crédito: Divulgação/EA Sports

Após alguns dias dedicados ao último capítulo da série, aquilo que eu já desconfiava acabou se confirmando: aprender a jogar Madden está longe de ser uma tarefa simples. Da enorme quantidade de regras até as muitas formas de atacar ou defender, esse é um esporte repleto de detalhes e que exige dedicação até dos que quiserem apenas assisti-lo. Agora imagine estar no campo (mesmo que virtual), sendo figura ativa nos segundos que teremos para tomar várias decisões?

Por enquanto, minha intenção é continuar me aventurando pelos belos estádios virtuais do Madden NFL 23, encarando os jogos com um nível de dificuldade mais baixo e ilusoriamente me sentindo como um grande jogador. É possível que eu nunca consiga alcançar um bom nível, que eu não tenha comigo a dedicação que faz com que as pessoas se tornem grandes nomes dos esportes, sejam eles reais ou eletrônicos.

Mas mesmo que isso não aconteça, quem disse que não é possível encontrar diversão em um jogo que não dominamos? Quem disse que um simulador como o Madden NFL 23 não pode servir como um incentivo para aprendermos mais sobre o esporte que ele tenta recriar? E se uma das duas coisas acontecer comigo, já poderei dizer que valeu a pena o tempo que passei tentando entender tudo o que estava acontecendo na tela.

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