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Quem são os Perpétuos em Sandman?

Sandman, a obra-prima de Neil Gaiman virou série da Netflix, aproveite para conhecer os personagens, e corra para comprar os quadrinhos!

1 ano e meio atrás

Sandman é a Obra-Prima de Neil Gaiman, uma história complexa demais para ser resumida, pois ela engloba todas as histórias já contadas. É uma viagem entre mitologias, crenças, pessoas e épocas, sonhos e pesadelos um Universo cheio de maravilhas. E horrores.

Lorde Morpheus e seu elmo (Crédito: Vertigo)

Para entender Sandman, você precisa compreender que aqueles personagens não são super-heróis, não são pessoas. Os Perpétuos são arquétipos, representações antropomórficas de conceitos universais: Morte, Sonho, Delírio, Desespero, Destino, Destruição e Desejo.

Ao contrário de deuses, que morrem quando o último de seus fiéis desaparece, os Perpétuos são eternos, existindo enquanto forem necessários. Em Sandman acompanhamos principalmente Morfeu, o Rei do Sonhar, mas a história de vez em quando se bifurca e conhecemos mais de sua família.

Sandman é, tecnicamente, um reboot. Neil Gaiman inicialmente iria atualizar o personagem criado por Gardner Fox e Bert Christman em 1939. Na história original Wesley Dodds era o Sandman, um herói que combatia o crime com uma máscara protetora e uma pistola de gás. O nome veio de um personagem folclórico que em português é chamado João Pestana, ele jogaria areia mágica nos olhos das crianças, fazendo-as dormir. A remela em nossos olhos pela manhã seria o restinho da tal areia.

O Sandman original (Crédito: DC Comics)

Ao invés disso Neil Gaiman preferiu unificar mitologias, histórias e lendas, e o resultado é apenas magnífico, mas seria impossível descrever todas as histórias, que vão de um show de drag queens a um homem que é imortal por decidir que não queria morrer, ou quando os gatos dominavam a Terra, ou quando Lúcifer decide pedir as contas e abandonar o Inferno, ou quando Thor fica fazendo comentários inapropriados sobre seu martelo...

30 anos atrás cada edição de Sandman, com as primorosas capas de Dave Mckean era ardorosamente aguardada, nunca sabíamos qual viagem fantástica faríamos, levados pelas palavras de Gaiman. A única certeza era que Sandman jamais seria transformado em filme ou série.

Agora, contra todas as expectativas Sandman chegou à TV, pelas mãos do próprio Neil Gaiman. Vamos então conhecer os Perpétuos:

1 – Sonho

Sonho, dos Perpétuos (Crédito: Vertigo)

Sonho, Morfeus, o Oniromante, seus nomes são tão vastos quanto sua aparência. Sonho representa o sonhar, o reino para onde todas as criaturas inteligentes vão, enquanto dormem. Morfeus é o Senhor da Histórias, pois todas começam no Sonhar. Ele existe desde tempos imemoriais, sendo erroneamente adorado como divindade em várias culturas.

Morfeu é visto pelo leitor de Sandman como um homem alto, bem magro, de pele pálida, quase branca e com estrelas nos olhos. Ele carrega um elmo, feito com os ossos de um deus morto, um rubi que concentra uma fração de seu poder, e uma bolsa com areia dos sonhos.

Ele é o mais estóico dos Perpétuos, focado em suas responsabilidades, mas ainda consegue tempo para um ou outro romance eventual, romances esses que não costumam acabar bem para suas parceiras, uma delas literalmente condenada ao Inferno.

Morpheu se esconde por trás de suas responsabilidades, tornando-se distante dos outros habitantes do Sonhar, e mesmo de seus irmãos e irmãs, a única que ainda é próxima é a...

2 – Morte

Morfeu, curtindo uma deprê, sendo animado pela mana (Crédito: Vertigo)

Sandman fez seus leitores entenderem perfeitamente Thanos. É muito fácil se apaixonar pela Morte. Ao invés da tradicional sinistra forma esquelética carregando uma foice, trazendo tristeza e destruição, a Morte é uma jovem simpática, moleca e espevitada, quase uma Manic Pixie Dream Girl.

Mike Dringenberg, ilustrador original de Sandman baseou o visual da morte em sua amiga Cinamon Hadley, que frequentava a cena grunge dos anos 80. O resultado ficou extremamente fiel, e encaixou perfeitamente nas expectativas de Gaiman.

Cinamon Hadley e a Morte, de Mike Dringenberg (Crédito: Reprodução Internet)

A Morte está presente no fim da vida, mas também no começo. Ela está em todo lugar, ajudando as criaturas no próximo passo de suas jornadas. Ela estava esperando quando a primeira criatura viva surgiu, e estará lá quando a última coisa viva do Universo morrer. Morte então colocará as cadeiras em cima das mesas e fechará as portas.

A Morte ama a vida, que considera extremamente preciosa. Ela uma vez por ano passa um dia como mortal, para apreciar mais seu trabalho. Estranhamente, a Morte coleciona chapéus e tem um peixinho dourado.

3 – Delírio

Delírio não está muito bem (Crédito: Vertigo)

Delírio é a mais nova dos Perpétuos. Originalmente Deleite, um trauma a fez mudar, ela é uma adolescente de cabelo colorido, com sinais fortes de PTSD. À sua volta o mundo se torna surreal, ela pode criar borboletas do nada, fazer um homem ouvir cores, ou andar com um peixe no lugar de um balão de hélio.

Ela é querida e protegida pelos irmãos, mas pouco se sabe de seu reino e seus deveres. Imagina-se que Delírio corresponda à parte caótica e imprevisível do Universo.

4 – Destino

Destino e seu livro (Crédito: Vertigo)

O mais velho dos Perpétuos, Destino vive em seu jardim, com infinitas passagens e bifurcações. Acorrentado a seu pulso, Destino traz seu Livro, que descreve todos os passos da vida de cada criatura do Universo, inclusive os Perpétuos, e ele mesmo. No Final dos Tempos, só sobrarão Destino e Morte, até ele ler a última página, e ganhar seu descanso.

Destino não costuma interferir, mas não é totalmente passivo. Mais de uma vez ele aconselha e ajuda Morfeu em suas sagas. Destino se posiciona entre o fatalismo e o livre arbítrio, pois sabe que a diferença entre ter o destino traçado e fazer seu próprio destino é apenas uma questão de perspectiva.

5 – Destruição

Eu falei que Destruição tem um cachorro falante? (Crédito: Vertigo)

Destruição é o Pródigo, o irmão que foi embora. Desgostoso com a imensa capacidade humana para destruir, ele desistiu de seu reino e suas responsabilidades. A rigor um Universo sem destruição seria um caos, é preciso que algo seja destruído, para algo novo surgir de suas cinzas, mas nós somos tão bons destruindo coisas, que não é preciso um arquétipo controlando a Destruição.

Ele preferiu vagar pelo Universo, observando, interagindo, pintando de vez em quando. Seu Reino permanece fechado, e como Destruição não morreu, nenhum outro aspecto assumiu seu lugar.

6 – Desespero

O Renio de Desespero (Crédito:: Vertigo)

Sabe quando você está sem saída, afundado de problemas, se não fizer nada, tudo piora. Se fizer alguma coisa, outras se agravam, você quer pedir ajuda mas não tem como, acorda no meio da noite, se olha no espelho e não vê futuro pela frente? Do outro lado do espelho, Desespero está olhando para você.

Seu arquétipo é uma mulher obesa, nua, pálida como Morfeus, com um sinete se anzol que usa para se automutilar. Desespero vive atrás de cada conta vencida, cada diagnóstico ruim, cada telefonema no meio da madrugada.

Apesar de tudo, Desespero não é ruim. Desespero faz parte da Vida, assim como seu irmão/irmã...

7 – Desejo

Desejo em fase catboy (Crédito:: Vertigo)

Desejo é o que faz você querer invadir a Polônia, sair de casa no meio da noite atrás da Batata de Marechal, ou viajar 800 km para estar com aquela pessoa especial. Desejo é irracional, mas Desejo também é manipulador, calculista. Desejo quando foca no que quer, ignora tudo à sua volta.

Em Sandman desejo é ambíguo. Às vezes Desejo é masculino, às vezes é feminino. Desejo representa todas as criaturas, desde a primeira vez que um animal pré-histórico viu outro devorando uma presa suculenta, e a quis para si.

O reino do Desejo é vazio. No centro, uma gigantesca, imensa estátua de si mesmo, quilômetros e quilômetros de veias e artérias, órgãos imensos, mas nessa descomunal representação, só há um espaço digno: Desejo mora no coração.

Outros Personagens de Sandman

Sandman vai além dos Perpétuos. Há personagens secundários recorrentes, alguns só aparecem em uma história. Todos são fascinantes.

Lucien

A Biblioteca do Sonhar é talvez o local mais fascinante do Reino (Crédito: Vertigo)

Ele é o Guardião da Biblioteca dos Sonhos. Assumidamente kibada de Jorge Luis Borges, a Biblioteca do Sonhar, no palácio de Morfeus, abriga todos os livros que já foram sonhados, e nunca escritos. Das novas eras de Tolkien, passando por aquele livro de fantasia que você sempre pensou em escrever e ficaria rico, até o The Winds of Winter. Esses livros estão lá.

Algumas vezes quando sonhamos, folheamos um desses livros, mas Lucien é um guardião cuidadoso, e não deixa que voltemos para o mundo acordado com eles.

Matthew, o Corvo

Matthew é mais legal como corvo (Crédito: Vertigo)

Matthew não é o primeiro nem será o último corvo de Morfeu. Ele é uma representação de Matthew Cable, das histórias do Monstro do Pântano, Matthew recebeu a honra de ao invés de prosseguir para o pós-vida, continuar como um corvo, sendo uma mistura de assistente e confidente do Príncipe do Sonhar.

Ele é irreverente até demais, e chega a quase irritar seu mestre, de vez em quando, mas Morfeus está ficando velho, e mais maleável.

Lúcifer Estrela da Manhã

Lucifer tem razão (Crédito: Vertigo)

Ele foi o mais formoso dos anjos, o primeiro entre os caídos. Lúcifer é a segunda criatura mais poderosa do Universo, resignado a reinar no Inferno, dando um lugar aos penitentes, que por se sentirem merecedores, sofrem seu castigo eterno.

Em Sandman Lúcifer é ao mesmo tempo um antagonista, outras vezes uma força neutra, mas ele nunca é maligno, nem induz ninguém ao mal. Não que ele não tente destruir Morfeus, por sua insolência, mas foi um ato de destruição totalmente passivo, e quase deu certo.

Caim e Abel

É a História deles (Crédito: Vertigo)

Caim e Abel foram criados em 1968 e 1969 (ou em 6000 AC, dependendo da sua crença). Originalmente apresentavam as histórias na revista Casa dos Mistérios, da DC. Abel apareceu mais tarde, com a Casa dos Segredos.

Em Sandman Gaiman os transformou em representações diretas dos personagens bíblicos, as duas casas agora ficavam no sonhar. Ritualisticamente, Caim todo dia acabava matando Abel, que ressuscitava no dia seguinte, ambos condenados a repetir seus destinos, como o primeiro assassino e a primeira vítima. Os dois são essenciais para socorrer Morpheus, no começo da série.

As Três Bondosas

As Senhoras do Destino (Crédito: Vertigo)

Conhecidas como nornas na mitologia nórdica, parcas na romana ou moiras entre os gregos, essas três mulheres representam o Destino. Uma muito velha, outra representando a maternidade e uma jovem donzela representando o futuro, elas tecem um fio dourado, que é a vida de um mortal, um deus ou um Perpétuo. Cair na ira das Três Bondosas é algo muito perigoso. Gaiman teceu sua história entremeando as Três Bondosas, em um triunfo de planejamento a longo prazo.

Sandman é uma obra tão seminal que depois de 30 anos ainda não surgiu nada tão bom, completo ou complexo, seja na linha Vertigo, como em quadrinhos de fantasia/terror em geral. Se a série for 1% dos quadrinhos, será magnífica, mas isso você só descobrirá lendo a resenha, aqui.

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