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Call of Duty: a influência de um jogo na compra de um console

Em questionário respondido ao Cade, Sony afirmou ao órgão brasileiro que a série Call of Duty poderia fazer com que pessoas comprem um Xbox

2 anos atrás

Se você mesmo não for uma dessas pessoas, é provável que conheça alguém que adquiriu um videogame apenas para jogar uma ou outra das suas franquias favoritas. Esse é um comportamento relativamente comum e agora sabemos que existe um temor por parte da Sony de que muitas pessoas deixem de comprar um PlayStation caso a série Call of Duty se torne exclusiva dos Xbox.

Call of Duty

Crédito: Divulgação/Activision

A preocupação por parte da fabricante japonesa se tornou pública após um usuário do fórum Resetera encontrar diversos documentos listados no site do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Neles, empresas como Bandai Namco, Google, Riot Games, Ubisoft, Warner Bros, Amazon e a própria Sony dão suas opiniões sobre o que esperam da compra da Activision Blizzard por parte da Microsoft.

Assim como tem acontecido por órgãos reguladores nos Estados Unidos, Europa e Ásia, a agência brasileira está interessada em saber como o negócio entre as duas gigantes pode afetar o mercado. Mas de todas as respostas no questionário, aquela que mais chamou a atenção foi a dada pelos advogados da Sony Interactive Entertainment.

Para ressaltar a importância dos FPSs desenvolvidos pela Activision Blizzard, em determinado trecho do documento eles dizem que o “Call of Duty é tão popular que influencia a escolha do console pelos usuários e sua rede de usuários fiéis é tão arraigada que, mesmo que um concorrente tivesse orçamento para desenvolver um produto semelhante, não seria capaz de rivalizar.”

Os representantes da Sony ainda citaram os valores astronômicos envolvidos no desenvolvimento de um novo capítulo da franquia, quando cerca de 1200 pessoas acabam se envolvendo no projeto. Tudo isso faz com que as criações da Activision não encontrem concorrentes a altura, fazendo com que a série Call of Duty tenha se tornado “sinônimo de jogos de tiro em primeira pessoa”, o que pode ser visto no engajamento nas redes sociais.

“O Call of Duty da Activision é um jogo essencial: um “blockbuster”, um jogo do tipo AAA que não tem rival. De acordo com um estudo de 2019: ‘A importância de Call of Duty para o entretenimento de modo geral indescritível. A marca foi a única PI de videogame a entrar no top 10 de todas as marcas de entretenimento entre fanáticos, juntando-se a potências como Star Wars, Game of Thrones, Harry Potter e Lord of the Rings’.”

O documento cita ainda o nível de familiaridade do público com “a configuração e a mecânica dos jogos” criados pela Activision, Infinity Ward, Treyarch e Raven Software. O argumento aqui é que as pessoas não estariam dispostas a migrar para jogos semelhantes, pois teriam que se acostumar a eles, além de perder acesso a partidas com amigos e até mesmo a torneios de eSports.

Quem não temeria perder um titã como esse? (Crédito: Divulgação/Activision)

Por se tratar de uma franquia que consegue atrair milhões de jogadores mesmo nos anos em que o lançamento atual não fez tanto sucesso junto a crítica, é compreensível ver os executivos da Sony estarem preocupados. Porém, esse é o velho caso da “farinha pouca, meu pirão primeiro”, pois não acredito que a empresa tenha se comportado da mesma maneira ao pagar US$ 3,7 bilhões para adquirir a Bungie. O certo é que muitos donos de um Xbox não gostariam de perder acesso aos futuros títulos dos criadores do Destiny 2.

É preciso dizer, no entanto, que o CEO do estúdio já afirmou que “todos querem uma comunidade extremamente grande para o Destiny 2 [...] e essa abordagem será aplicada aos futuros lançamentos da Bungie.” Tal posição foi reforçada depois no site do estúdio, onde eles disseram que o jogo continuará disponível em todas as plataformas atuais e será expandido para as futuras, inclusive entregando experiências idênticas em todas elas.

Por outro lado, a Microsoft também afirmou seu compromisso de manter tanto o Call of Duty quanto outras franquias populares da Activision disponíveis em outras plataformas. Também foi declarado o interesse em levar esses jogos aos videogames da Nintendo, pois segundo o comunicado “essa é a coisa certa para a indústria, para os jogadores e para o nosso negócio.”

Sendo assim, há motivos para tanta preocupação por parte da Sony? O fato é que a indústria de games costuma mudar muito rapidamente e aquilo que foi prometido num dia, pode simplesmente ser deixado de lado no outro. Basta a troca de algum diretor para que a política de uma empresa mude consideravelmente e a possibilidade de fortalecer sua plataforma com um exclusivo do calibre de um Call of Duty pode ser algo bastante tentador.

Sony não quer perder o CoD, mas garantiu o Destiny 2 (Crédito: Divulgação/Bungie)

Isso pôde ser visto recentemente na própria Microsoft, que após anunciar a compra da Bethesda declarou não ter interesse em tornar os jogos da editora exclusivo. Porém, não demorou muito até sabermos que isso não acontecerá, com o Starfield estando previsto para aparecer apenas nos Xbox Series e PCs, e o mesmo provavelmente acontecendo com o The Elder Scroll VI.

No caso do Call of Duty e do Destiny, franquias com tanto apelo às partidas online, torná-las exclusivas afetaria muito o número de jogadores, o que a médio e longo prazo poderia ser bastante prejudicial às suas imagens. Por isso imagino que a compra da Activision Blizzard não seja um problema para quem possui um PlayStation e adora os FPS publicados pela editora. Eu só espero não me arrepender disso no futuro e, na melhor das hipóteses, ser criticado por ter sido inocente.

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