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Deathloop — uma divertida e violenta ode ao cinema

Imagine se Quentin Tarantino fizesse um game; o resultado seria Deathloop, uma bem-humorada homenagem à história do cinema

2 anos e meio atrás

Deathloop é o mais novo jogo da Arkane Studios, desenvolvedora responsável pela série Dishonored. O título lançado para Windows e PS5 (plataformas Xbox o receberão em setembro de 2022) é um bem executado título de ação em primeira pessoa, que se inspirou em diversas produções históricas da TV e cinema, para narrar uma trama envolvendo loops temporais e diversão até as últimas consequências.

A Arkane nem disfarça (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

A Arkane nem disfarça (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Embora use o velho recurso do "Dia da Marmota", Deathloop possui uma jogabilidade sólida e recursos originais para o gênero, que proporcionam uma viagem violenta por uma ilha apinhada de gente doida por curtição sem consequências, e ávidas por arrancar o couro do jogador.

Festa estranha, com gente esquisita

Em Deathloop você é Colt (será mesmo?), um homem que acorda sem memória em uma praia deserta, e que aos poucos descobre a situação maluca em que envolveu: ele está em Blackreef, uma ilha isolada que serve de palco para um estranho experimento, presa em um loop temporal eterno de apenas um dia.

A ilha é povoada por um bando de gente mascarada e armada até os dentes, um monte de doidos que querem farrear além do limite. A ideia do experimento, bancada por 8 pessoas conhecidas como "Visionários" (cientistas, empresários, artistas excêntricos e etc), é promover uma festa eterna, em que todo mundo pode fazer o que quiser, até se matarem, sendo que o dia será resetado na manhã seguinte e tudo volta ao que era.

Deathloop (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Deathloop (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Até onde Colt sabe, ele se meter nessa furada com a missão de encerrar o experimento, mas para isso, terá que matar todos os 8 Visionários em apenas um dia, a fim de desestabilizar e quebrar o ciclo. Mas além de todo mundo na ilha querer matá-lo, o protagonista ainda terá que lidar com Julianna, uma caçadora que estará sempre um passo adiante.

A jogabilidade de Deathloop se baseia no que se espera de um jogo de tiro em primeira pessoa, mas com alguns truques extras. Colt tem à sua disposição armas das mais variadas, leves e pesadas, incluindo um disparador de pregos que embora não cause muito dano a longa distância, é muito bom para eliminar oponentes sem fazer barulho, com disparos certeiros na cabeça.

Outro equipamento essencial é um dispositivo de hacking, importante não só para abrir portas e baús com armas e equipamentos, mas também para sabotar sensores, assumir o controle de torretas automáticas e virá-las contra os inimigos, ou ativar dispositivos aleatórios para atrair atenção de quem estiver por perto, e pegá-los de surpresa. Já a granada multifunção pode ser usada também como mina de proximidade, ou para marcar oponentes no mapa.

Você pode incrementar suas armas com berloques, itens que podem ser coletados dos inimigos derrotados, ou encontrados pelo cenário. Eles conferem efeitos diversos, como aumentar a munição disponível ou causar mais dano, entre outros. Armas possuem níveis de qualidade, onde as comuns são as mais fracas e propensas a emperrar durante o uso. As mais avançadas, por outro lado, contam com efeitos especiais.

Deathloop (Crédito: Reprodução/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Deathloop (Crédito: Reprodução/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Há também berloques que podem ser equipados em Colt, permitindo aumentar a resistência, realizar pulos duplos e mais. Por fim, as placas são itens exclusivos dos Visionários, que dão a eles poderes excepcionais. Julianna, por exemplo, pode assumir a aparência de qualquer pessoa, enquanto a pessoal de Colt permite morrer mais duas vezes, sem que o ciclo seja resetado.

A mecânica do loop é uma das mais interessantes em Deathloop, e é a que força o jogador a ter cuidado extremo. Se Colt for derrotado três vezes seguidas, o ciclo recomeça e você perde tudo o que coletou até o início da sessão. Por outro lado, se o dia acabar, voltará para a praia do início do jogo e perde tudo mesmo, tendo que recomeçar do zero. A única vantagem é que você já sabe o que fazer.

A chave do jogo é traçar uma estratégia que lhe permita eliminar todos os 8 Visionários em um só dia, antes que o ciclo recomece, o que não é nada simples, e nem possível no início do jogo. Para isso, será preciso selecionar alvos pré-determinados num primeiro movimento, a fim de conseguir formas de virar o jogo ao seu favor.

E se tudo isso já é complicado o bastante, espera até falarmos daquela que é a maior pedra no sapato de Colt.

Tinha uma Julianna no meio do caminho...

Não #%&@ com Julianna (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Não #%&@ com Julianna (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

A Visionária Julianna é a arquivista do grupo, a responsável por transmitir a rádio de Blackreef, e uma possível amiga de Colt em uma vida passada. Ela está fula da vida com o protagonista e suas tentativas de quebrar o loop, e irá caçá-lo pela ilha incessantemente. O detalhe é que ela faz parte do outro modo de jogo de Deathloop, e é controlada por outros jogadores.

Após concluir o primeiro capítulo do jogo, você terá acesso ao modo online protagonizado por Julianna, que localiza partidas de jogadores no modo História, desde que estes estejam em missões no mapa com a presença de outros Visionários. Uma vez pareado, sua missão é atazanar a vida de Colt de todas as maneiras, seja bloqueando caminhos, alertando NPCs sobre sua presença e mandando hordas de inimigos atrás dele, ou indo para o confronto direto, a fim de mandá-lo para a vala pessoalmente.

O jogador pode escolher quais partidas invadir, seja uma aleatória, em que os servidores da Bethesda irão pareá-lo com quem estiver disponível, ou de um amigo, disponível online. Conforme progride nesse modo a aumenta seu ranking, você poderá desbloquear diversos itens, incluindo novos visuais para Colt e Julianna.

Deathloop (Crédito: Reprodução/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Deathloop (Crédito: Reprodução/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Voltando ao modo de Colt, os Visionários só podem ser encontrados em determinadas regiões de Blackreef, e apenas em momentos específicos do dia. Basicamente, você terá que encontrar meios de contornar o loop e se armar de todas as maneiras, para detonar todo mundo de uma vez só, e evitar a todo custo ser despachado por outros jogadores, na pele de Julianna.

Se Tarantino fizesse um game, seria Deathloop

A mão virtual do aclamado diretor de Os Oito Odiados e Era Uma Vez em... Hollywood é a inspiração que transparece de forma mais evidente em Deathloop, embora ela seja incidental. A Arkane Studios escolheu referenciar obras de um período e estilo específicos do cinema, mas ao contrário do que muitos pensaram no início, ele não é um jogo baseado no gênero Blaxploitation, inicialmente com personagens negros em papéis estereotipados.

Deathloop tem mais paralelos com Django Livre e pitadas de nonsense e violência de Pulp Fiction, Bastardos Inglórios e Kill Bill, mas não para por aí.

Deathloop (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

Deathloop (Crédito: Divulgação/Arkane Lyon/Bethesda Softworks/Microsoft)

A parte investigativa do jogo, bem como seu visual retro futurista dos anos 1960, faz referência velada a Os Vingadores (não os da Marvel), a série britânica que ficou famosa com a dupla de protagonistas estrelados por Patrick Macnee e Diana Rigg. A dinâmica entre Colt e Julianna vem muito desses dois, embora a dupla esteja mais para "aminimigos" do que aliados.

Por fim, a referência mais descarada é  a reservada à franquia James Bond/007, com vilões e tramas impossíveis de tão espalhafatosas, uma homenagem aos filmes estrelados por Sean Connery e Roger Moore, por muita gente considerados os melhores atores que deram vida ao agente especial com licença para matar.

Conclusão

Deathloop é uma carta de amor ao cinema de ação dos anos 1960 e 1970, mas também é um jogo muito divertido, que foge dos clichês do gênero de primeira pessoa. O modo de invasão de partidas, que já foi usado em outros games, ganha aqui uma repaginação interessante e muito bem executada, com opção de progresso que se reflete na campanha principal.

Talvez o único defeito do jogo da Arkane Studios seja sua limitação em locações. Como toda a ação se passa em uma ilha, e você sendo obrigado a ir e voltar o tempo todo, a pouca variedade de cenários cansa um pouco.

Ainda assim, Deathloop é um game que prende a atenção do jogador com uma trama interessante, desafio equilibrado e personagens cheios de carisma, ainda que a maioria deles queira esfolá-lo vivo. No final você irá se divertir bastante com o dia que nunca termina, mesmo morrendo a beça.

Deathloop — Ficha Técnica

  • Plataformas — PS5 e Windows (analisado no PS5, com cópia cedida pela Bethesda);
  • Desenvolvedora — Arkane Studios;
  • Distribuidora — Bethesda Softworks;
  • Classificação Indicativa — 18 anos.

Pontos Fortes

  • Extremamente divertido;
  • Um festival de referências cinematográficas, da estética à narrativa;
  • Modo de jogo com Julianna é muito bem bolado.

Ponto Fraco

  • Podia ter maior variedade de locações.

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