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E3 2021, Indies e a ascensão dos jogos não-violentos

De acordo com levantamento, 33% dos jogos mostrados durante a E3 2021 podem ser classificados como não-violentos, quase o dobro do visto há dois anos

3 anos atrás

A violência é algo que sempre esteve muito enraizada nos games. De uma arma que utilizávamos para combater invasores do espaço até termos a capacidade de decapitar nossos inimigos em combates mortais, os desenvolvedores raramente nos oferecerem experiências mais pacíficas, mas de acordo com um levantamento realizado durante a E3 deste ano, a quantidade de jogos não-violentos que estão sendo produzidos já chega a ocupar um terço do evento.

Behind the Frame: The Finest Scenery (Crédito: Divulgação/Silver Lining Studio)

Esta conclusão foi fruto de uma pesquisa do site GamesIndustry.biz que, apesar de mostrar que a maioria da indústria continua aproveitando a violência para alcançar seu público, muitos criadores de jogos (especialmente os indies) tem buscado entregar experiências que sejam voltadas para aqueles que estão cansados de tanta sanguinolência.

De acordo com o editor chefe da publicação, James Batchelor, em 2019 eles descobriram que dos 239 projetos apresentados em nove eventos que cercaram aquela E3, 41 podiam ser considerados jogos não-violentos, o que representa apenas 17% do total. Além disso, desses títulos mais… amenos, se é que podemos chamá-los assim, somente 17 estavam sendo criados sob as asas das maiores editoras, o que inclui jogos independentes que faziam parte de programas criados para fomentar essas produções, como o ID@Xbox ou Square Enix Collective.

Passando para a edição deste ano da feira, ao todo foram avaliados 349 jogos em 15 eventos, sendo que destes, 115 se encaixariam na classificação de não-violentos. Isso significa que 33% dos títulos mostrados seriam recomendados para um público mais amplo, um salto impressionante em relação ao último levantamento.

Mas o que faz com que um jogo possa ser considerado violento? Como esta é uma classificação um tanto subjetiva, o pessoal do GamesIndustry.biz elaborou uma lista de regras e por mais que você não concorde com os critérios, saiba que eles foram utilizados tanto na feira de 2019 quanto na E3 de 2021. Sendo assim, os requisitos são estes:

  • Nenhum título onde você é exigido ou encorajado a machucar ou matar outra entidade viva.
  • Nenhum título com representações gráficas ou realistas de violência.
  • Também foi considerada a violência cartunizada, como por exemplo os mini-games do Mario Party que envolvem nocautear outros jogadores ou o Party Animals, onde os jogadores atiram uns aos outros para fora dos níveis.
  • Jogos sobre esportes de contato são considerados violentos.
  • Referência a atos violentos não mostrados, como por exemplo onde você soluciona um assassinato prévio, não conta como violento.
  • Representações minimalistas ou representações de conflitos, como por exemplo jogos de cartas no estilo do Hearthstone, não contam como jogos violentos.
  • Jogos em que você dá ordens diretas que levem à violência, como por exemplo títulos de estratégia ou RPGs por turnos, são considerados jogos violentos.

Já em relação a aposta das empresas neste tipo de conteúdo, chama a atenção a maneira como as grandes editoras ou fabricantes de consoles continuam não se importando para os jogos não-violentos, com apenas 15 deste ano pertencendo a elas — sendo que gigantes como Square Enix, Koch Primetime, Capcom e Gearbox não mostraram nenhum! Também é curioso notar que de todos os aqueles que corresponderam aos critérios de avaliação do site, 63 (ou seja, 54%) foram divulgados durante o evento Wholesome Direct.

E antes que alguém possa dizer que tudo não passa de mais uma campanha organizada por um bando de pessoas choronas, o site afirma que a intenção deles não é criticar a violência, mas sim levantar o debate sobre o quanto a indústria insiste em continuar vendendo as mesmas mecânicas de jogos, que é a habilidade dos jogadores lutar e matar.

What Remains of Edith Finch - jogos não-violentos

What Remains of Edith Finch (Crédito: Divulgação/Giant Sparrow)

Isso me fez lembrar de duas das experiências mais bacanas que já tive com jogos, que foram o Firewatch e o What Remains of Edith Finch. Para algumas pessoas, ambos não passam do que convencionou-se rotular como Walking Simulators, mas ignorando a maneira jocosa como o termo tem sido usado, o fato é que nos dois títulos pude conhecer histórias fantásticas, universos que não teriam o mesmo impacto se tivessem sido construídos em outra mídia.

Felizmente lá atrás houve um grupo de pessoas na Campo Santo e outro na Giant Sparrow que resolveram encarar o desafio de criar jogos que não buscassem na violência uma maneira de entreter e mesmo assim fossem capazes de encontrar seus públicos.

Eu reconheço que títulos assim não são para qualquer um e que muitas vezes só quero sentar diante da TV para atirar em qualquer coisa que se mover. Porém, como é bom saber que tem sido dado, ou melhor, conquistado espaço para todos os estilos e ver que mesmo ainda longe do ideal, a indústria de games evoluiu nos últimos anos.

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