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Fim do Galaxy Note pode ser um acerto para a Samsung

Galaxy Note perdeu razão de ser com o tempo, ao ficar parecido demais com a linha Galaxy S; Galaxy Z Fold 3 deverá ficar com a S Pen

3 anos atrás

Ao que tudo indica, a linha Galaxy Note subiu no telhado. Rumores sobre a intenção da Samsung passar o facão em seus tradicionais celulares avantajados (de um tempo em que o termo "foblet" ou "phablet" ainda fazia sentido) circulam desde novembro, por um motivo simples: ele se tornou um aparelho redundante, e a presença da S Pen não justifica sua continuidade.

Samsung Galaxy Note 20 Ultra (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Samsung Galaxy Note 20 Ultra (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Nota de transparência

Em seus 16 anos de história, o Meio Bit sempre publicou análises opinativas com o intuito de ajudar os leitores a tomarem sua própria decisão de compra, seja de um gadget, um game ou um serviço/software/app. Nós sempre fomos francos em nossas opiniões e destacamos pontos positivos e negativos dos produtos de igual maneira, não importando a natureza dos mesmos, como forma de manter a integridade e transparência do site.

Ninguém externo à redação do Meio Bit teve acesso a este artigo de forma antecipada, bem como não houve qualquer tipo de interferência ou direcionamento da Samsung, ou de terceiros, em relação ao seu conteúdo.

O Galaxy Note 20 Ultra foi fornecido pela Samsung em caráter de empréstimo; ele será devolvido à empresa após os testes.

Linha Galaxy Note não faz mais sentido?

Quando o Galaxy Note chegou às lojas em 2011, o mercado de celulares era bem diferente: a maioria dos dipositivos possuía telas pequenas, o iPhone 4S ainda ostentava um display de 3,5 polegadas (brrrr...) e mesmo o Galaxy S II, lançado no início daquele ano pela Samsung, era pouca coisa maior, com 4,3" e uma incrível resolução de 800 x 480 pixels.

O Galaxy Note foi lançado com um display de 5,3 polegadas, um absurdo para a época, e resolução de 1.280 x 800 pixels, o que fazia de seu display Super AMOLED um dos melhor resolução da época em relação ao tamanho, com 285 ppi, acima da proporção Retina de resolução dos iPads (264 ppi), mas ainda perdia dos iPhones (326 ppi).

A vantagem principal era seu tamanho, que permitia apreciar mais conteúdo em um tempo onde 4G ainda era um sonho distante. Seu outro diferencial era a caneta S Pen, que lembrava a real natureza do aparelho, como uma ferramenta de trabalho. O usuário deve ser capaz de usar o Galaxy Note como celular, estação de mídia e bloco de notas.

As linhas Galaxy S e Galaxy Note eram suficientemente diferentes, para justificar a fidelização de dois públicos distintos: os que desejavam apenas um celular, e outros que ainda se sentiam órfãos da Palm, e que não conseguiam trabalhar em uma telinha pequena.

Mais do mesmo 2 vezes por ano

No passado, essa estratégia de renovar sua linha de celulares de ponta mais de uma vez por ano foi adotada pela Sony, e todo mundo viu o que aconteceu com a divisão mobile da companhia japonesa. A Samsung começou a seguir pelo mesmo caminho, e o que se viu foi uma repetição da história.

A Samsung é a empresa que mais lucra com o Android, sendo a única que mantém a divisão de celulares no verde usando o sistema do Google. A LG e a Motorola ou empatam as contas ou ficam no vermelho, e as demais fabricantes dão ponto de audiência desde sempre. No entanto, as semelhanças entre as linhas S e Note foram se acumulando ao longo dos anos, o que não é uma boa estratégia de negócios.

Samsung Galaxy Note 20 Ultra (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Samsung Galaxy Note 20 Ultra (Crédito: Ronaldo Gogoni/Meio Bit)

Primeiro, o hardware estado da arte da Samsung, o processador Exynos de ponta sempre estreia no Galaxy S da vez, para 6 meses depois dar as caras novamente no Galaxy Note do mesmo ano. Segundo, o celular de ponta da fabricante foi ano após ano investindo em uma dieta de cogumelos do Mario, e vinha aumentando de tamanho cada vez mais.

Isso não quer dizer que o Galaxy Note também não cresceu, mas seu ganho em tela se deu numa taxa menor do que o Galaxy S, e como resultado, a diferença de tamanho entre os dois se tornou irrisória.

E então chegamos a 2020, onde as telas S20+ e do S20 Ultra foram igualadas às do Note 20 e Note 20 Ultra, respectivamente 6,7 e 6,9" com as mesmas características, de resolução à taxa de atualização de até 120 Hz.

Eu recebi o Galaxy Note 20 Ultra para testes e confesso, ele é um excelente celular, potente mesmo com o processador Exynos 990 tal qual o do S20 Ultra (lá fora, a Samsung o equipou com o Snapdragon 865 Plus, contra o 865 do seu "primo"), ele passeia em apps pesados e jogos, possui uma câmera fora de série... mas eu já tinha visto tudo isso com seu antecessor.

Para informações mais detalhadas do Galaxy Note 20 Ultra, confiram o review do Paulo Higa no Tecnoblog, já que nossa função hoje é seguir por outro caminho.

Galaxy Note, o celular redundante

As únicas diferenças entre as linhas S e Note hoje são o design, mais arredondado no primeiro e mais angulado no segundo, e a presença ou não da S Pen e soluções de software ligadas à stylus, o que convenhamos, não é suficiente para manter a manutenção de uma linha secundária. Matar o Galaxy S está fora de questão, logo, o Galaxy Note era o candidato a rodar.

Isso porque a aproximação das linhas acaba por fazer com que um produto canibalize o outro, visto que as diferenças hoje são sutis demais para que existam perfis de consumidores distintos. Some-se a isso o fato de que todas as inovações anuais são introduzidas com o Galaxy S, e o Galaxy Note se limita a apenas repetir a fórmula.

Hoje, o Galaxy Note é meramente um Galaxy S recauchutado, com outra roupa e uma canetinha extra. De que vale a pena manter um produto assim no mercado, quando é mais vantajoso concentrar os esforços de P&D em seu produto de ponta, responsável por trazer as novidades todos os anos?

Samsung Galaxy Z Fold 2 (Crédito: Divulgação/Samsung)

Samsung Galaxy Z Fold 2 (Crédito: Divulgação/Samsung)

A S Pen vai viver

Colocando dessa forma, o encerramento da linha Galaxy Note faz todo o sentido do mundo, mas ele traz um problema: a S Pen é um produto muito bom, querido por profissionais dos mais diversos, tanto que ela foi incluída na linha de tablets Galaxy Tab S. Hoje o acessório permite controlar o gadget por gestos via Bluetooth, e é mais do que uma simples canetinha.

Matar a stylus junto com o Galaxy Note não é uma boa ideia, e isso provavelmente não irá acontecer. Segundo informes, a Samsung está estudando incluir a S Pen no Galaxy Z Fold 3, trocando a ressonância magnética por AES (Active Electrostatic Solution, ou Solução Ativa Eletrostática), sendo que a segunda tecnologia funciona com telas flexíveis, diferente da primeira.

Tal procedimento deixaria o celular dobrável ainda mais caro, mas o que são alguns tostões a mais em um aparelho de R$ 14 mil? Não obstante, a S Pen seria suportada também pelo Galaxy S21 Ultra, mas ela não virá na caixa; dessa forma, o consumidor terá que comprá-la à parte se quiser usar um celular com a stylus. Para a linha Galaxy Tab S, no entanto, nada muda.

No fim das contas, e levando em consideração desenvolvimentos explosivos do passado, caso o fim do Galaxy Note se dê como as fontes apontam, ele fará bem à Samsung por permitir que ela se concentre em apenas um produto de ponta para as massas, enquanto a linha Z Fold permanece como um produto de nicho para quem tem grana para queimar, acompanhado da S Pen, que será mantida por ser um produto muito bom.

No mais, ficarão as memórias da linha Galaxy Note construídas ao longo dos anos.

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