Ronaldo Gogoni 3 anos atrás
O Philco PTB10RSG 3G é o primeiro tablet da fabricante para o mercado brasileiro, lançado junto com o smartphone de entrada Philco Hit PCS01. À primeira vista ele parece um bom aparelho, bem construído e grande, mas basta ligá-lo para todas as expectativas caírem por terra.
Com um processador MediaTek básico, 2 GB de RAM, 32 GB de espaço interno e bateria de 5.000 mAh, o gadget mal consegue dar conta de tarefas básicas.
Mas afinal, o Philco PTB10RSG 3G é tão ruim assim? Eu o testei por duas semanas e conto minhas impressões a seguir.
Diferente da maioria das empresas, que emprestam seus aparelhos para review e os retiram depois, a Philco cedeu o tablet PTB10RSG 3G em caráter de doação a um grupo de jornalistas, e nós aceitamos o produto sob a condição de que o ato não influiria em nossa avaliação, de modo a manter a independência editorial do Meio Bit.
Assim, ninguém externo à redação teve acesso antecipado a este texto; da mesma forma, não houve qualquer tipo de interferência por parte da Philco ou de terceiros em relação ao conteúdo do review, e nenhum grupo, empresa ou indivíduo opinaram, sugeriram conteúdo, vetaram conteúdo, pagaram ou tentaram influenciar a publicação deste artigo.
O design do tablet é o mais óbvio possível, imitando o “look and feel” do iPad: bordas pretas largas, cantos arredondados e câmera selfie centralizada na parte superior. A traseira, de plástico fosco cinza, é sólida e resistente, o que é um ponto positivo.
Há, contudo, algumas decisões de design curiosas. O sensor capacitivo circular na parte inferior, que imita o botão Home do iPad, só possui uma única função, que é retornar à tela de Início.
É algo estranho e eu quase nunca o usei, mas talvez alguém o ache minimamente necessário.
As bordas inferior e esquerda não trazem nada: na direita encontramos a porta P2 para fone de ouvido, o botão Liga/Desliga e os botões de volume, enquanto na parte superior está a porta microUSB, para conexão de dados e alimentação.
É ali também que fica a entrada para o cartão microUSB e os dois Mini-SIM (não Nano-SIM, nem Micro-SIM. Mini-SIM mesmo), a parte superior é na verdade uma tampa, não a antena.
A tela é um LCD de 10,1 polegadas simples ao extremo, com resolução de 1.280 x 800 pixels e, por conta disso, visualizar pixels individuais é até bem fácil, graças à baixa densidade de 149 ppi.
O brilho é razoável, a definição de cores está dentro do esperado para um display de entrada, então não surpreende, e o ângulo de visão também não é dos melhores. Em suma, é uma tela simples e barata para um aparelho barato.
O som é alto, mas novamente a qualidade dos alto-falantes não é muito boa, então espere por distorções quanto maior o volume. A reprodução de graves e agudos é igualmente insatisfatória, logo, prefira usar fones de ouvido ou caixas de som Bluetooth.
Temos aqui o Android 9 Pie quase puro, basicamente uma repetição do que foi feito com o Philco Hit PCS01. O problema é que aliado a um hardware muito fraco, não é possível extrair o máximo de suas funções e o tablet lerda bonito em quase tudo.
Sem falar nos seus problemas de compatibilidade, que não ocorreram com o smartphone:
O Android "pelado", que deveria ser uma vantagem em um aparelho mais fraco aqui não faz milagres, a experiência de uso como um todo é bem ruim e por causa da pouca RAM, o Philco PTBR10RSG 3G tende a matar processos em segundo plano sem dó nem piedade.
Enfim, é o tipo de coisa que se espera, mas sempre dá para piorar.
O processador escolhido aqui foi o MediaTek MT6580, um quad-core de 32 bits (!) e 28 nanômetros (!!!) lançado em 2016, que conta com um clock de até 1,3 GHz.
Trata-se de um componente que faz parte da "geração ruim" da MediaTek: chips extremamente comilões e de performance pífia. Some-se a isso 2 GB de RAM, 32 GB de espaço interno e suporte pífio a cartões microSD, limitado a unidades de até 32 GB.
A culpa é do design importado de uma empresa chinesa chamada Vsun, que manufatura seus produtos nos Emirados Árabes e basicamente só fabrica gadgets baratos nivelados por baixo. Este não foi o caso do Philco PSC01, montado na China por outra companhia.
Sendo direto, a performance do tablet é ruim. MUITO ruim. O Philco PTB10RSG 3G é lento para tudo, até ligá-lo leva mais tempo do que o de costume em aparelhos de entrada. Ele lerda para abrir a gaveta de apps, rodar aplicativos, acessar as configurações, executar a câmera, exibir miniaturas...
Jogos? Esqueça. O tablet é incapaz de manter uma performance decente, mesmo com ajustes gráficos moderados. Trabalhar também não dá pé, graças à sua tendência a matar processos e lerdar na execução.
A única coisa para a qual o Philco PTB10RSG 3G não é lento, é também seu recurso mais útil: desligá-lo.
A bateria, com 5.000 mAh é (finja surpresa) fraca demais para dar conta do processador MediaTek antigo, cuja má fama se fez presente outra vez. Em meus testes, eu tirei o tablet da tomada às 8:00 e rodei duas rodas de playlists de vídeo no YouTube (sem Netflix, lembra?), duas horas de Deezer e uma hora de jogos (Asphalt 8: Airborne e Azur Lane), intercalando com navegação e redes sociais, sempre no Wi-Fi e brilho no automático.
Às 14:00 a bateria atingiu 15%, uma marca fraca demais, mas que se alinha com o marketing de "6 horas de uso moderado ou 3 horas de uso intenso" da Philco. O problema é que tal autonomia para um tablet é uma piada, e não faz sentido alardear tal marca para um aparelho supostamente voltado para trabalho e lazer.
Por fim, o carregador padrão de 10 W levou 4 horas para injetar uma carga total no Philco PTB10RSG 3G, de 0 a 100%, algo até esperado.
As câmeras seguem a tendência e são igualmente fracas, mesmo para o padrão visto em outros tablets. A traseira possui 5 megapixels e a selfie 2 MP, e não servem para quase nada. Elas sofrem até mesmo com o feijão-com-arroz.
Tudo bem que a intenção era ser simples, mas podiam ter caprichado um pouquinho mais.
Para início de conversa, o app padrão de câmera é espartano ao máximo, não oferecendo nenhum tipo de ajuste que não seja acionar o Flash para a câmera traseira, ou configurar a resolução das fotos e vídeos. E pensando bem, não faria sentido mesmo inserir mais coisas nele.
A câmera principal possui uma resolução muito baixa, o que dificulta seu uso mesmo para a única função que faz sentido, fotografar documentos e escanear QR Codes. Há perda pesada de definição e detalhes, mesmo com o Sol a pino ao ar livre.
A câmera selfie de 2 MP igualmente possui uma definição muito baixa, e mesmo com muito esforço, não é adequada para o uso com aplicativos de vídeo chamada, algo que para um gadget voltado ao trabalho como a Philco diz, deveria ser essencial.
Independente de muita ou pouca luz, ambos sensores são componentes bem baratos.
No fim das contas, as câmeras não são adequadas mesmo para usos esperados com um tablet, visto que ninguém anda com iPads como sua primeira opção de aparelho fotográfico.
O Philco PTB10RSG 3G é um tablet que se vende como um aparelho adequado para trabalho e consumo de conteúdo, mas a verdade é que ele não serve nem como dispositivo reserva ou de emergência. Ele é lento para qualquer coisa que você tente fazer nele, desde ligar a abrir a bandeja de apps, ou rodar aplicativos dos mais simples, que podem simplesmente travar sem aviso.
Sua bateria é incompatível com a proposta de um tablet e esgota em pouco tempo, sua tela é bem fraca, e a quantidade de RAM e memória interna só não são piores do que sua capacidade ridícula de expansão.
Ele conseguiu se sair pior do que o Alcatel 3C, algo que eu considerava impossível.
Dessa forma, o preço sugerido de R$ 999 chega a ser uma piada de mau gosto, e mesmo que ele alcance um valor próximo de R$ 399 em um saldão na rede varejista, o PTB10RSG 3G continua sendo um péssimo negócio. Uma opção mais racional é o Samsung Galaxy Tab A 10.1, que embora custe em torno de R$ 1.399, ao menos é usável.
Diferente do Philco Hit PCS01, que se tornará uma boa opção de celular de entrada caso fique mais barato, este tablet é caro mesmo de graça.
Pontos fracos:
Ponto forte: