Ronaldo Gogoni 3 anos atrás
O Philco Hit PCS01 é o primeiro celular da tradicional fabricante brasileira, cuja marca pertence hoje à Britânia e fabrica de tudo um pouco, mas que agora decidiu entrar no mercado móvel.
Trata-se um aparelho de entrada simples, com processador octa-core de 1,6 GHz, 4 GB de RAM, 64 GB de espaço interno, tela LCD de resolução HD+ e bateria de 4.000 mAh.
O Hit PCS01 é um bom começo para a Philco neste setor tão disputado? Eu o testei por duas semanas e conto o que achei dele nos próximos parágrafos.
Diferente da maioria das empresas, que emprestam seus aparelhos para review e os retiram depois, a Philco cedeu o Hit PCS01 em caráter de doação a um grupo de jornalistas, e nós aceitamos o produto sob a condição de que o ato não influiria em nossa avaliação, de modo a manter a independência editorial do Meio Bit.
Assim, ninguém externo à redação teve acesso antecipado a este texto; da mesma forma, não houve qualquer tipo de interferência por parte da Philco ou de terceiros em relação ao conteúdo do review, e nenhum grupo, empresa ou indivíduo opinaram, sugeriram conteúdo, vetaram conteúdo, pagaram ou tentaram influenciar a publicação deste artigo.
O Philco Hit PCS01 é um aparelho absolutamente de entrada, e isso se nota desde os primeiros momentos. O corpo, com revestimento em plástico fosco é pequeno e compacto, embora sólido e com boa pegada, evitando que escorregue das mãos, o que é uma coisa boa.
Por outro lado, a Philco economizou demais numa primeira empreitada: seu visual é extremamente datado, com bordas largas nas partes superior e inferior, mesmo não tendo botões físicos ou grandes sensores próximos à câmera.
Do lado direito temos os botões Liga/Desliga e de controle de volume, enquanto que do lado esquerdo, encontramos a bandeja de cartões. Ao menos aqui há um ponto positivo, pois o Philco Hit PCS01 é um Dual-SIM com slot dedicado para o cartão microSD, de até 128 GB. Assim, o usuário não precisa escolher entre dois chips ou um apenas e o cartão, e pode usar todas as entradas simultaneamente.
A porta P2 para fones de ouvido fica disposta na parte superior, enquanto na inferior encontramos a defasada porta microUSB 2.0, típica em aparelhos mais baratos. A bizarrice é a presença de dois parafusos perfeitamente visíveis, algo que por mais necessário que seja para fechar o case, não é algo lá muito bonito.
O leitor de digitais, posicionado na parte traseira é bem grande, o que passa a ideia de ser preciso, mas não é bem o que acontece: na maioria das vezes o aparelho não reconheceu minha digital, por mais que eu tentasse ou a recadastrasse. Depois de um tempo, desisti de fazer o sensor funcionar.
Visualmente o Philco Hit PCS01 lembra muito a linha Motorola Moto E de antigamente, um design que permaneceu vivo até 2018 com o Moto E5, e que a essa altura do campeonato não é mais justificável, ainda mais dados os planos da Philco: os próximos modelos que (segundo a companhia) serão lançados ainda em 2020 trarão design com bordas finas.
De resto, o kit é acompanhado de uma capinha de silicone e uma película simples, para proteger o gadget de todos os lados.
O display presente aqui é apenas básico: LCD de 5,45 polegadas, com proporção 18:9 e resolução HD+ (1.440 x 720 pixels), como se espera de um produto em sua faixa de preço. Ainda assim, a Philco poderia ter caprichado um pouquinho mais.
As cores da tela oscilam entre corretas e um tom um tanto pálido, o ângulo de visão é o que se espera de um LCD e a taxa de atualização é o suficiente para não prover atrasos, enquanto que o brilho não é tão forte.
Você não verá pixels individuais a menos que force os olhos, mas não há razão para fazer isso.
Os dois alto-falantes na parte inferior fornecem uma qualidade sonora regular, onde o som é alto mas oferece distorções pequenas em volumes mais altos, como era de se esperar. Como sempre, use fones de ouvido para uma melhor performance.
Aqui temos um ponto bem positivo: apesar do Philco Hit PCS01 sair da caixa rodando o Android 9 Pie (segundo a Philco ele será atualizado para o Android 10, mas não informou datas), a experiência é praticamente pura e não há nenhum tipo de bloatware instalado.
Há alguns ajustes visuais aqui e ali, mas no geral o usuário terá a sua disposição uma experiência de uso sem firulas e acréscimos, para o bem e para o mal: com o tempos os fabricantes entenderam que menos e mais, eliminaram o que ninguém gostava e se focaram em recursos personalizados que os usuários de fato aprovaram.
Aqui, você vai encontrar o Android "pelado", sem nenhum tipo de personalização ou extra. Para quem gosta da experiência pura isso é uma boa, mas há quem gostaria de ter funções adicionais.
Claro que isso depende também do hardware, e é aí que as coisas complicam um pouco.
A Philco está num primeiro momento importando aparelhos da China, para no futuro iniciar a manufatura local. De qualquer forma, o design e peças virão do País do Meio e parceiros. Aqui, tudo veio de fora pronto para a venda.
O Philco Hit PCS01 traz 4 GB de RAM, 64 GB de espaço interno e processador Unisoc SC9863A, um octa-core com clock de até 1,6 GHz e uma escolha inusitada; em situações normais, fabricantes optam por chips MediaTek mais simples para produtos de entrada, algo que desperta a ira dos consumidores graças à performance pífia.
O chip da chinesa Unisoc não chega a ser tão ruim, mas também não é nenhuma maravilha.
Talvez por causa da quantidade de RAM, o desempenho do gadget é satisfatório para situações normais de uso para usuários de entrada. Ações como navegação, redes sociais, edição limitada de textos, tirar fotos, organizar o calendário, fazer ligações e etc. se dão sem nenhum estresse, o que é bom.
As coisas mudam quando o usuário dá ouvidos ao marketing da Philco, que está vendendo o Hit PCS01 como um "celular gamer". A bem da verdade, jogos não são o tipo de app mais recomendável a rodar nele.
Títulos mais pesados, como Asphalt 9: Legends rodam de forma razoável, com perda de quadros e um certo atraso, estando com os gráficos no automático (nem tente mudar para setups mais altos). Pokémon GO rodou bem mas a bateria vai embora rápido, o mesmo ocorrendo com Azur Lane; este em especial, por se tratar de um shoot 'em up apresentou atrasos pesados, em momentos com muitos elementos na tela.
Falando na bateria, o Philco Hit PCS01 conta com uma de 4.000 mAh básica, que resiste bem a um dia de uso comportado. Em meus testes, eu o tirei da tomada às 8:00 e rodei duas horas de Netflix, duas horas de Deezer e uma hora de jogos (Asphalt 9: Legends e Azur Lane), intercalando com navegação e redes sociais durante o dia, no Wi-Fi ou 4G e com o brilho no automático.
Às 18:00 a bateria atingiu 32%, nada muito sensacional, mas justo para um aparelho de sua categoria. Com o carregador padrão de 10 W, o Philco Hit PCS01 levou 2 horas e 40 minutos para ir de 0 a 100%, tendo atingido 70% na exata metade do tempo.
Novamente, o básico. Na traseira temos uma Wide de 13 megapixels e abertura f/2,8, acompanhada de um sensor de profundidade de 2 MP e f/2,2. Lendo as especificações, pode-se pensar que a qualidade das fotos será sempre boa, mas não é bem o que acontece.
Se formos apontar um culpado, o mais provável é a pequena abertura do diafragma.
O sensor principal possui sérias dificuldades para lidar com a entrada de luz em ambientes abertos, e com o HDR desligado, as fotos ficam invariavelmente escuras. Com o recurso ativo, a situação melhora mas não muito.
Chega a ser bem estranho, mas o que se vê aqui é um conjunto que serve minimamente para o feijão-com-arroz.
As coisas mudam um pouco em ambientes internos, com ressalvas. Embora o resultado geral seja mais agradável, o usuário irá notar uma grande quantidade de ruído e perda de qualidade nas laterais.
A qualidade das fotos vai depender muito da quantidade de luz e um pouco de perícia do usuário, principalmente para manter o aparelho firme, dada a ausência de um estabilizador óptico de imagens.
E apesar do sensor de profundidade, não há Modo Retrato aqui.
A câmera selfie, com 5 megapixels e f/2,2 é igualmente básica e simples, com a qualidade das fotos sendo bem fraquinha, com muito ruído e pouca definição. com uma resolução tão baixa, ela mal serve para chamadas de vídeo e definitivamente, não deve ser levada em conta para fotografia.
Por outro lado, o sistema de reconhecimento facial funcionou melhor do que o esperado: ele ainda errou muito e se recusou a liberar o aparelho, mas não chegou ao nível do leitor de digitais, que é praticamente um enfeite.
No fim das contas, ambos sistemas biométricos são uma opção de segurança dispensável, o usuário será mais feliz com os bons e velhos PINs e senhas.
O Philco Hit PCS01 é um modelo simples do início ao fim. Do visual à performance, tudo nele aponta ser um aparelho para consumidores de celulares de entrada, o que é completamente compreensível por se tratar da estreia da Philco no mercado. Assim, este gadget é uma forma de testar a receptividade do público.
A performance é justa (mas não é um celular gamer), as câmeras são fraquinhas e a bateria pode durar um dia inteiro se o usuário for comportado, mas estamos em 2020 e um design de bordas largas não deveria mais ser uma opção.
Dessa forma, o preço sugerido de R$ 999 é um pouquinho alto, mas parceiros no varejo já o oferecem por valores menores. Dada a familiaridade da fabricante com grandes lojas de departamentos, eu imagino ver no futuro próximo o Philco Hit PCS01 exposto na cesta de ofertas por cerca de R$ 499, o que faz mais sentido.
Não que este seja um celular ruim, apenas que ele é simples demais, absolutamente de entrada, com câmeras fracas e design datado. O Philco Hit PCS01 pode vir a ser um bom segundo celular ou aparelho de emergência, mas não por mil reais.
Pontos fortes:
Pontos fracos: